“Feitos à mão, conforme manda a tradição”, é o slogan daquela que nasceu como Fábrica de Biscoitos Aguiar, mas é mais conhecida agora como Confeitaria Aguiar. Ali, no centro de Valongo, continuam a fazer-se os biscoitos como antigamente, mas houve uma adaptação aos tempos com uma aposta na padaria e pastelaria, que é hoje o foco principal.

Os cacos e fidalguinhos continuam a ser os biscoitos mais afamados. Na pastelaria destaque para os pasteis de nata, as bolas de Berlim e os palmiers.

Se há segredos que marcam o negócio são “a paixão e o respeito pela tradição”, sustenta Adão Santos, um dos três sócios.

Está na Rua de São Mamede desde os anos 60

A Fábrica de Biscoitos Aguiar nasceu em 1931, na Rua de Sousa Viterbo. Era uma pequena unidade de produção, dedicada em exclusivo à produção artesanal de biscoitos. Em 1944, houve uma mudança de instalações para a Rua de Sousa Pinto, onde foi criada uma nova fábrica, com melhores condições. A mudança para as actuais instalações, na Rua de São Mamede, aconteceria no início dos anos 60.

“À medida que o tempo foi passando, foi-se expandindo para outras áreas, nomeadamente a pastelaria e padaria”, explica Adão Santos, mas sem nunca abandonar as origens e continuando a produzir biscoitos seguindo um modo 100% artesanal, ainda que em quantidades mais reduzidas. Os principais são os cacos e os fidalguinhos. “Não temos qualquer tipo de biscoito que seja feito em máquina. Continuamos a manter a produção 100% artesanal, com a mesma qualidade, em quantidades mais reduzidas. Todos os dias tentamos fazer um pouco de cada um dos biscoitos”, refere o sócio-gerente.

Ele e os dois sócios vieram à procura de um desafio diferente e ficaram com a Confeitaria Aguiar em 2001. Ele era da área da informática, mas rapidamente “o bichinho foi-se entranhando” e começou a focar-se mais no biscoito e na pastelaria. Foi tentando aprender e agora também faz doces e biscoitos. “Meto a mão na massa, com todo o gosto, desde 2010, todos os dias ou com muita frequência. Fui fazer formação e aprendi com quem melhor sabia, que é quem está nesta casa há décadas, fui evoluindo e a curiosidade deu uma ajuda. Hoje além da gestão estou também na produção”, descreve.

10 variedades de biscoitos, 20 de pão e 60 de pastelaria

Actualmente, são produzidos na Aguiar 10 variedades distintas de biscoitos. A mais singular é a dos cacos. “Julgo que já não há em Valongo quem faça da mesma forma. Por norma fazem em máquina e fica um caco um pouquinho mais grosso. Nós mantemos o caco feito e cortado totalmente à mão o que confere um paladar excelente e fica extremamente fino, pouco mais grosso que uma folha de papel, e muito crocante”, dá como exemplo Adão Santos.

Tanto o caco, como o fidalguinho e o biscoito de milho já foram premiados. “Foram vencedores do melhor biscoito de Valongo nos respectivos anos”, lembra o sócio da Aguiar. Além dos biscoitos, há o sortido, produzido em máquina.

Todos os dias são produzidos na Confeitaria Aguiar uma variedade de cerca de 20 pães diferentes. Com excepção do domingo, o dia por excelência da regueifa, em que se limitam às especialidades principais, como o pão bijou, de leite, de mistura e alfarroba.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Na pastelaria há produtos de eleição, como o pastel de nata, as bolas de Berlim ou o palmier. Ao todo há 60 referências confeccionadas.

Adão Santos destaca ainda o bolo rei e o pão-de-ló feitos há décadas com as mesmas receitas 100% tradicionais.

Já faziam também bolos festivos, mas, nos últimos anos, está a ser feita uma aposta no cake design. “No início do próximo ano vamos apostar ainda mais nisso com uma das melhores cake designers do Norte a trabalhar connosco em exclusividade para que possamos todos os dias e de forma mais célere ir de encontro ao que os clientes pretendem que são bolos diferenciadores, artísticos, mantendo a qualidade que nos caracteriza”, adianta Adão Santos, falando na importância de inovar.

“Há quem se desvie da auto-estrada para vir a Valongo buscar a regueifa”

A Confeitaria Aguiar é visitada diariamente por centenas de clientes e tem ambiente familiar. É mantida a funcionar por 20 funcionários.

Apesar do pouco tempo que sobre, fazem questão de participar todos os anos na Feira da Regueifa e do Biscoito. “Se estamos em Valongo devemos apoiar os eventos que cá se realizam. E ao participar temos de fazer o nosso melhor”, defende o sócio-gerente.  “Vêm sempre muitos visitantes dos arredores e há uma projecção não só da Aguiar, mas de todos os participantes que estão no Largo do Centenário a mostrar o que têm de melhor nas suas casas”, acredita.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Nessa altura há sempre uma procura muito grande pelos biscoitos e também pela regueifa. “Há quem se desvie da auto-estrada para vir a Valongo buscar a regueifa. Sempre houve, mas desde que começou a Feira aumentou mais esse interesse”, assume.

Se a produção da regueifa já aumentou em 15% no dia-a-dia, na altura da Feira “a produção quase que duplica”. Talvez seja porque já ganharam o concurso da melhor regueifa por duas vezes.

“Valongo já tem um bom biscoito e uma excelente regueifa, acima de tudo é preciso divulgá-la ainda mais. Se fizermos uma comparação de uma regueifa de Valongo com uma regueifa de outro lado qualquer nota-se a diferença, em paladar, textura e crocância”, defende Adão Santos.

Para a Confeitaria Aguiar crescer é difícil, pelo menos na localização em que está. A aposta tem passado pela modernização e em abrir espaços associados. Um já abriu, a Estrela Doce, que funciona como ponto de venda. Em Janeiro deve abrir mais um, o Natal Real, com “novas tendências de pastelaria”.