Hoje é uma crónica diferente, caro leitor. Escrevo-lhe a partir de um micro país europeu onde o espaço e o tempo têm uma definição completamente diferente daquilo que estamos habituados e até mesmo preparados. Terra seca e de muita areia, onde o mar e as montanhas estão de mãos dadas, sempre com o calor de um povo que sabe receber tão quanto nós portugueses: com uma cultura imensa e uma cozinha extraordinária.

Cada vez que viajo, entre a vida profissional e o lazer, procuro sempre viver intensamente as gentes, a cultura e a vida que um novo país e novas pessoas nos trazem. No final dos dias, tenho a certeza que a maior virtude que podemos ter é a mala de memórias das imagens e dos acasos que marcaram as nossas viagens.

Cada vez que nos apresentamos a alguém e falamos sobre quem somos, o que fazemos e de onde vimos, tento sempre corrigir o ímpeto e dizer que venho de Portugal ou do Porto.

Venho de Portugal, do Porto e claro está de Paredes!

Venho de um concelho chamado Paredes.

Que é grande nas suas gentes, nas suas terras e que serve à mesa como ninguém.

Falo da cidade e da sua bonita praça José Guilherme, bem no centro, onde as pessoas se juntam ao fim de semana para viver a cidade. Falo das majestosas festas de verão, onde um concelho se une em torno da tradição e da memória dos que começaram o maior evento de festa e cultura do concelho. Falo de um sul do concelho, onde a natureza tem lugares míticos, como a incrível Senhora do Salto e a sua história épica. Falo claro, da beleza do rio Sousa e das suas potencialidades únicas para o turismo e para o desporto. Falo de um concelho que tem uma universidade aberta para o mundo e com um ensino na área da saúde que faz orgulhar a nossa terra. Falo, claro está, de um concelho que é apenas o maior produtor de mobiliário do país e que, depois de uma crise imensa, se reorganizou, e hoje, na sua maioria, a produção é para exportação, existindo uma elevada probabilidade das cadeiras onde nos sentamos serem produzidas por alguma empresa de Paredes.

No final, acabo sempre por falar daquilo que mais me orgulha: as nossas gentes, a nossa cultura e capacidade única de um povo que conseguiu sempre nos momentos mais difíceis erguer-se e escolher o certo ao invés do populismo e o correto ao invés do fácil.

É isto que é Paredes.

Feitas as apresentações, as pessoas acabam sempre por pesquisar na internet mais e melhores informações sobre Paredes e as suas raízes históricas. Sabe porque faço isto, caro leitor? A resposta é tremendamente fácil. Temos de ser nós, os que vivem, os que já viveram ou aqueles que simplesmente receberam algo desta terra e desta gente, que temos de apresentar e defender uma terra com um enorme potencial. Falo de potencial turístico, do fator económico e da capacidade dos seus empresários e empresas crescerem por esse mundo fora, mas também falo para quem quer viver a pouco mais do que 20 minutos de uma das cidades mais emblemáticas de Portugal: o Porto.

Posto isto, caro leitor, é nestes momentos que cada vez mais acredito na falta de visão e capacidade estratégica deste executivo camarário a longo prazo. Paredes precisa urgentemente que este executivo municipal se deixe de desculpas em contas e heranças passadas e parta para uma discussão abrangente e transversal sobre como potenciar esta terra e as suas gentes. Não é aceitável que, depois de prémios europeus pela inovação, criatividade e excelência do projeto, este executivo esqueça o Art on Chairs e a promoção do mobiliário da nossa terra apenas porque era do PSD ou do anterior executivo. Não é compreensível que este executivo municipal não pense, nem discuta, um plano para atrair novas pessoas, novas gentes, para uma terra que tem tudo para ser um dos maiores e melhores polos de cultura, de economia e de qualidade de vida do grande Porto.

As oportunidades de uma terra dependem da visão e da capacidade única de um concelho pensar e se afirmar na sua região, mas com os olhos postos num mundo cada vez mais global e onde as oportunidades são imensas, mas que ao mesmo tempo são mais exigentes na audácia e inovação.

É urgente pensarmos num futuro que seja de acordo entre todos: políticos, partidos e pessoas.

Talvez seja tempo de deixarmos os egos e as guerras partidárias promovendo a discussão de qual o futuro que queremos para Paredes.

É tempo de discutirmos sem medo. Irei mais longe até: é tempo de pensarem Paredes e suas as gentes antes de pensarem nos seus Partidos e lugares de poder.

Mas, de uma coisa podemos ter todos a certeza: não é com festivais para encontrar os maiores tomates do mundo que Paredes se vai afirmar e se mostrar. Exceto, se tivermos a falar do mundo da comédia. Aí talvez ganhemos o primeiro prémio.

Paredes e suas gentes merecem mais.