Foto: APDL

O último relatório trimestral Norte Conjuntura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) mostra que, depois de uma quebra significativa da economia regional durante o período de confinamento, havia sinais de retoma.

Segundo o documento, em Portugal, entre Janeiro e Abril de 2020 as exportações diminuíram 43,1%, tendo a redução sido mais severa na região Norte: 46,2%. Mas “a abertura gradual da economia a retoma do consumo permitiram uma recuperação significativa nas exportações”.

Assim, “as exportações da Região Norte dispararam em 95% entre Abril e Julho de 2020, atingindo o valor de 2.040 milhões de euros e superando o crescimento da média nacional (em torno de 71%), explica o relatório.

O valor exportado em Julho já superou o exportado em Janeiro no Norte, o que não aconteceu no país. Isso mostra que “a resiliência da economia da Região Norte em contexto de crise foi, mais uma vez, superior à nacional”, defende a CCDR-N.

Fonte: Norte Conjuntura

Ainda assim, o balanço do segundo trimestre é negativo quando comparado com o mesmo período de 2019, com uma queda de quase 30% nas exportações.

As reduções mais significativas verificadas na região Norte no 2.º trimestre de 2020 face ao período homólogo de 2019 foram no Alto Minho (-44,5%), Terras de Trás-os-Montes (-37%), Ave (36,6%) e Tâmega e Sousa (33,7%). Quebras superiores à da região Norte, que foi de 29,4%.

Fonte: Norte Conjuntura

Calçado e têxteis recuperaram

“Sobretudo nas NUTS III de maior dimensão económica e populacional, assistiu-se a uma fase de recuperação até Julho, sendo que o montante exportado neste último mês superava já o do início do ano, como é o caso da Área Metropolitana do Porto (AMP) e das sub-regiões do Ave, Cávado, Tâmega e Sousa, Douro e Alto Tâmega”, adianta o documento.

A AMP, por exemplo, viu as exportações baixar 32,81% entre Janeiro e Abril de 2020, devido, sobretudo, à queda observada nas exportações de material de transporte e de mercadorias de produtos diversos, mas entre Abril e Julho as exportações aumentaram 55,8%.

Fonte: Norte Conjuntura

Já a sub-região do Tâmega e Sousa foi a do Norte que registou a recuperação mais significativa, uma vez que as exportações observadas em Julho de 2020 já eram 20% superiores às do início do ano, descreve o relatório. “No entanto, tal como na generalidade da região e do país, as fases de pré-confinamento e de confinamento obrigatório foram de redução significativa do comércio internacional. Entre Janeiro e Abril as exportações do Tâmega e Sousa observaram uma redução de 60%, em resultado da diminuição expressiva da actividade económica dos seus principais sectores”, lê-se. A redução das exportações a partir do cluster do calçado e dos materiais têxteis e suas obras foi responsável por cerca de três quartos da queda global das exportações. Na fase da recuperação, o principal motor voltou a ser o calçado.

Municípios com ritmos distintos

O Norte Conjuntura refere que em relação aos municípios houve ritmos completamente distintos no que toca às exportações.

Entre Janeiro e Abril houve queda em 74 dos 86 municípios do Norte, mas entre Abril e Julho a maioria registou um crescimento acentuado das exportações.

Fonte: Norte Conjuntura

“Os concelhos do Tâmega e Sousa destacaram-se pela rapidez de crescimento das exportações durante a fase de recuperação, de forma que o valor registado em Julho era já significativamente superior ao de Janeiro na grande maioria dos municípios”, mostra a análise feita.

Felgueiras foi o caso mais relevante, com as exportações a aumentaram para 89,4 milhões de euros em Julho, quando eram de 62 milhões de euros em Janeiro, muito por causa do sector do calçado. Outros concelhos, como Paços de Ferreira e Marco de Canaveses viram as exportações de Julho ultrapassar as de Janeiro por meio de uma dinâmica de recuperação também ancorada nos seus clusters industriais tradicionais, destaca o documento. Em Paços de Ferreira, o 19.º concelho mais exportador do Norte, as exportações alcançaram o valor de 40,2 milhões de euros em Julho.

Dentro da Área Metropolitana do Porto, entre Janeiro e Abril, Paredes foi o terceiro concelho com maior queda de exportações – 64,9%, a seguir a São João da Madeira (87,3%) e Oliveira de Azeméis (70,1%). Mas entre Abril e Julho houve aumento de exportações com Paredes a ter uma das maiores taxas de crescimento acumulado (199,1%), lê-se ainda.

Dados: Norte Conjuntura

Quando comparados o 2.º trimestre de 2020 com o 2.º trimestre de 2019, Lousada é o concelho da região que sofreu a maior quebra em termos de exportações, mais de 64%, passando de 47 milhões de euros exportados para 17 milhões de euros. No mesmo período, em Paredes a quebra foi de 38%, em Paços de Ferreira de 36%, em Valongo de 15% e em Penafiel quase não houve alteração.

Entre os dois primeiros trimestres de 2020 a tendência também é de queda, quer na Área Metropolitana do Porto (-20,3%) e Tâmega e Sousa (-27,8%), como nos concelhos de Lousada (-47,6%), Paços de Ferreira (-27,6%), Paredes (-30,7%), Penafiel (-13,8%) e Valongo (-25,2%).

Em Julho, o último mês com dados conhecidos, estes concelhos mostravam, ainda assim, um aumento das exportações em relação a Abril, mês de enorme quebra, em pleno pico da pandemia.