Raquel Moreira da Silva foi vereadora da Câmara Municipal de Paredes na presidência de Granja da Fonseca e de Celso Ferreira. No último mandato entregou os pelouros em divergência com as directivas políticas seguidas por Celso Ferreira. Nas eleições autárquicas de 2013 chegou a ser dada como cabeça-de-lista do Partido Socialista. No entanto, afirma que preferiu regressar à sua grande paixão: dar aulas. É tida como sendo uma das potenciais candidatas à Câmara Municipal de Paredes. Nesta pequena entrevista não assume uma candidatura, mas deixa claro que não será número dois ou três de ninguém. Se regressar à Câmara será para ocupar a cadeira de presidente.

 

No último mandato autárquico entregou os pelouros e desde as últimas eleições que deixou o executivo. Abandonou também a vida política activa?

Nunca deixei a vida política activa. É verdade que desde as últimas eleições autárquicas que não exerço funções públicas, mas nunca deixei de participar activamente na política. Profissionalmente faço aquilo que sempre fiz: dar aulas. Politicamente, vou participando na vida do concelho e do partido. Há 38 anos que participo na vida política do meu concelho.

Participa na vida do PSD mesmo depois de ter entregue os pelouros em divergência com Celso Ferreira?

O meu afastamento do executivo do PSD não teve que ver com divergências pessoais com Celso Ferreira, de quem sou amiga e por quem tenho muito carinho. Foi em divergência com algumas opções políticas que, num determinado momento, deixaram de ser comuns.

Porque é que entregou os pelouros? Não era preferível manter-se no executivo a tentar lutar contra essas divergências?

Embora cada um dos nós tivesse sido eleito pelo voto do povo, as pessoas votaram em Celso Ferreira para presidente da Câmara Municipal de Paredes. Não era correcto ser eu a bloquear o exercício do mandato do seu programa e impedir a concretização daquilo que o senhor presidente enteu ser o melhor para o concelho.

Que divergências foram essas?

Foram várias, mas a determinada altura, devido à nova orientação do departamento financeiro da Câmara Municipal, deixei de ter qualquer autonomia. Deixei de poder concretizar o papel para o qual tinha sido eleita, que era servir a causa pública.

Ou seja, as prioridades do presidente da Câmara não eram as suas prioridades?

Deixaram de ser. Eu dou-lhe um exemplo concreto: havia dinheiro para tudo, para grandes projectos e não havia dinheiro para coisas essenciais do dia-a-dia como adquirir um camião para a recolha do lixo, que era uma necessidade urgente.

Que balanço faz do último mandato de Celso Ferreira?

A avaliação do último mandato foi feita no dia das eleições autárquicas. Provavelmente esse resultado mostrou que eu tinha razão quanto às prioridades políticas para o concelho.

Sentiu-se maltratada pelo PSD?

Muito pelo contrário. Na altura em que entreguei os pelouros fui contactada por muitos militantes que me manifestaram apoio e mostraram compreender as minhas razões. Mais tarde, fui contactada por alguns presidentes de Junta de Freguesia me pediram desculpa por não terem compreendido naquele momento as minhas razões.

E pela Comissão Política Concelhia (CPC) e por Celso Ferreira?

Fui sempre muito bem tratada. Fui convidada pelo presidente da CPC e pelo vice-presidente para integrar as listas a deputados à Assembleia da Republica. Também fui convidada por Celso Ferreira para integrar, em segundo lugar, a lista à Assembleia Distrital do Porto. Fui sempre bem tratada.

Raquel Moreira da Silva

“Fui tão candidata do PS como fui do CDS-PP e de um grupo de independentes.”

Chegou a ser dada como candidata do Partido Socialista nas últimas eleições autárquicas. Confirma?

Confirmo que fui convidada pelo PS para encabeçar a lista à Câmara Municipal. Mas também fui convidada, na mesma altura e em minha casa, para o mesmo cargo pelo CDS-PP, na pessoa do actual presidente da CPC, pelo presidente da Comissão Politica Distrital do Porto, Álvaro Castello-Branco. Logo a seguir, um grupo de militantes do PSD de Lordelo e Rebordosa desafiaram-me a encabeçar uma lista de independentes. Por isso, fui tão candidata do PS como fui do CDS-PP e de um grupo de independentes.

Mas dirigentes socialistas chegaram a confirmar a sua candidatura.

A única coisa que podiam confirmar é que houve reuniões nesse sentido. Não podiam de forma alguma confirmar a minha candidatura porque nunca aceitei. Já lhe referi que há 38 anos que faço parte da vida politica do meu concelho. Há quase 25 anos que sou militante do PSD. Já fui membro de assembleia de freguesia, já fui secretária de uma junta de freguesia, já fui presidente de um núcleo do PSD, já fui adjunta do presidente da Câmara e já fui vereadora. Ou seja, já percorri todos os patamares da vida autárquica concelhia. Não fazia sentido aceitar uma candidatura que não fosse do PSD. Ninguém compreenderia isso.

Com tantos convites, nunca esteve tentada a aceitar?

Não escondo que ter convites de todas estas forças políticas fez-me sentir lisonjeada. Afinal, é sinal que reconhecem o meu valor e as minhas qualidades para exercer tais funções. Respondendo à sua pergunta, nunca estive tentada a aceitar. Ouvi com atenção o que me propuseram, mas em momento algum estive tentada a aceitar. É como lhe digo, o meu partido é o PSD.

“Via com agrado uma candidatura de Manuel Fernando Rocha à presidência da Comissão Política”

Quem espera ver liderar a próxima CPC do PSD?

As eleições serão provavelmente no final deste ano ou logo a seguir. Parece-me que reina muita confusão no meu partido, com muitos potenciais candidatos à Câmara Municipal sem que antes se trate da Comissão Política.

Para si quem está em melhores condições para assumir esse papel à frente da CPC?

Via com naturalidade que o actual presidente assumisse uma candidatura à CPC. Tomou conta da Comissão Política num momento muito difícil, depois da demissão de Celso Ferreira e, desde então, tem feito um bom trabalho e com muito empenho.

Não sendo ele o candidato, estaria disposta a assumir uma candidatura à CPC?

Em todos estes anos de militância nunca assumi qualquer cargo na CPC, mas sempre trabalhei tanto ou mais do que os membros da CPC. Sempre fui uma militante de base. É assim que gostaria a continuar a ser.

Que perfil deve ter o próximo presidente da CPC?

Tendo em conta o período que vivemos e o que se aproxima, entendo que o próximo presidente ao PSD de Paredes terá que ser um militante de trabalho, ter uma larga experiência autárquica e ter sempre trabalhado, de forma ininterrupta, a bem do partido.

Granja da Fonseca, Joaquim Neves, Manuel Fernando Rocha ou Pedro Mendes? Qual destes seria para si o melhor candidato à presidência do PSD?

Reconheço ao senhor presidente da Assembleia Municipal grande valor e uma larga experiência. No entanto, Granja da Fonseca já me disse pessoalmente que não será candidato. Dos restantes, via com agrado uma candidatura do vereador Manuel Fernando Rocha à CPC.

“O próximo mandato terá que ser o da política social e de proximidade”

Raquel Moreira da Silva

Está disponível para regressar a um novo executivo municipal?

Tenho muitos anos de experiência autárquica, a fazer aquilo que gosto. Tendo percorrido paulatinamente todos os degraus que lhe falei, parece-me a altura de fechar o ciclo.

Fechar o ciclo é abandonar a vida política ou encabeçar uma candidatura à Câmara Municipal?

Se houve um partido de esquerda e outro de direita, assim como um grupo de cidadãos, que reconheceram em mim as qualidades necessárias para desempenhar essa função, se voltar à vida autárquica terá que passar por aí.

Aceitaria integrar uma lista liderada por Manuel Fernando Rocha, Joaquim Neves ou Pedro Mendes?

Se alguma vez voltar a sentar-me numa cadeira do executivo municipal será na qualidade de presidente da Câmara Municipal.

Por outras palavras, vai ser candidata à presidência da Câmara Municipal?

O que lhe disse e repito é que se alguma vez voltar a desempenhar funções na Câmara Municipal, será na qualidade de presidente do município. Já desempenhei todas as funções autárquicas e sinto que neste momento estou preparada para um desafio maior.

Quais as qualidades que possui que a possam pôr à frente de outros potenciais candidatos?

Não me vou comparar com ninguém. Todos são honestos, mas eu também sou. Sou a pessoa com mais experiência autárquica em Paredes, no entanto, o meu património é o mesmo, fruto do meu trabalho. Nunca estive agarrada a cargos, a prova disso é que saí da vereação e fui dar aulas, que é uma das minhas paixões. Não me podem acusar de não ser trabalhadora. Quem me conhece e trabalhou directamente comigo sabe das minhas capacidades. A única coisa que me podem acusar é de uma vez ou outra poder ter estado menos bem-disposta, mas isso todos nós temos desses momentos.

Via com agrado uma coligação autárquica com o CDS-PP?

Não sou mais do que Pedro Passos Coelho. Se os militantes do PSD entenderem que isso é melhor para o concelho, o caminho pode passar por aí. Nesse caso há uma vantagem acrescida, já que nas últimas eleições autárquicas o CDS-PP foi um dos partidos que me convidou a encabeçar a sua lista à Câmara Municipal.

Não se sente intimidada por vir a concorrer contra um adversário que ficou a 58 votos da vitória?

Não fico intimidada, mas não subestimo o adversário. Mas há que compreender as circunstâncias em que se perderam 12 mil votos. Esse cenário não se repete.

Supondo que o PSD escolhe outro candidato e recebe um convite para integrar uma lista de independentes. Aceitaria ser candidata nessas circunstâncias?

Na política o nunca não existe. Mas, neste momento, esse cenário não se coloca.

Qual seria a linha orientadora do seu programa eleitoral?

Neste momento não há candidatura e muito menos programa eleitoral. Mas com Celso Ferreira fecha-se o ciclo dos grandes investimentos. O próximo mandato abrirá um novo ciclo, o das políticas sociais e de uma maior proximidade. Tenho dificuldades em compreender que no último Natal não tenha havido dinheiro para oferecer os cabazes de Natal às famílias mais carenciadas. Lamento mesmo muito. Ainda mais quando na Câmara Municipal toda a gente sabia que esses cabazes eram o miminho que faltava para que essas famílias tivessem um Natal um pouco mais feliz.

Um nome, uma palavra.

Celso Ferreira – Amigo

Granja da Fonseca – Experiência

Manuel Fernando Rocha – Eficiente

Pedro Mendes – Deselegante

Conceição Bessa Ruão – Desconhecida

Alexandre Almeida – Cinzento