No Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, 25 de Novembro, a Esquadra da PSP de Ermesinde e a Junta de Freguesia assinalaram a efeméride com acções de sensibilização ao longo do dia e com uma sessão de técnicas de defesa pessoal que juntou crianças, adolescentes e adultos.

Para que o lema popular mude e passe a ser “quanto mais me respeitas mais gosto de ti”, os elementos da equipa de proximidade da Esquadra de Ermesinde, que integra a Divisão Policial da Mais, percorreram a cidade numa acção de sensibilização junto do público feminino e masculino, alertando para a importância da denúncia das situações de violência, sejam elas de ordem pessoal ou de conhecidos, como explicou ao VERDADEIRO OLHAR o subcomissário Dias Canário, comandante da Esquadra de Ermesinde. “Algumas pessoas ainda não têm conhecimento que este não é apenas um problema das vítimas”, disse, salientando que a violência doméstica é um crime público. Ainda segundo o comandante da Esquadra de Ermesinde têm-se registado mais denúncias, o que, sublinha, não significa que o número de casos tenha aumentado. “Há mais à vontade para denunciar as situações. Fruto da mediatização há mais conhecimento e predisposição para denunciar o crime”, acrescentou.

Também Luís Ramalho, presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, sublinhou a natureza de crime público e a obrigação de apresentar queixa, mesmo que não seja a pessoa ofendida. “Tem o dever de apresentar a queixa. Ninguém tem o direito de bater em ninguém. Temos de agir”, disse, realçando que as mulheres ainda são o maior número de vítimas.

Defesa pessoal envolve técnicas para minorar agressão

IMG_0830Depois do contacto individual da parte da manhã, seguiu-se uma sessão de técnicas de defesa pessoal, ministrada por dois agentes da Unidade Especial de Polícia. A assistir à sessão dinamizada no exterior da Junta de Freguesia de Ermesinde esteve um público bastante heterogéneo, desde crianças de uma escola do 1º ciclo, alunos da Escola Secundária de Ermesinde e seniores utentes da Associação Ermesinde Cidade Aberta e Associação de Promoção Social de Ermesinde. Durante mais de uma hora aprenderam-se algumas técnicas para minorar a agressão que é dirigida à vítima, concluindo-se que mesmo sendo mais fraco fisicamente é possível a defesa e até dominar o agressor. Regina Diegues, reformada e utente da Associação de Promoção Social de Ermesinde, não quis deixar de experimentar as técnicas de defesa que, diz com armagura, “devia ter aprendido há 20 anos”. Com outro ânimo, até pelo gosto que tem pelas artes marciais, esteve Sofia Rijo, técnica da Associação Ermesinde Cidade Aberta. “É bastante gratificante que se preocupem com esta problemática”, disse, lamentando, porém, que este tipo de sessão não chegue a mais público, já que são práticas que apenas são ministradas em instituições privadas.

No final da sessão, em que participou a PSP de Ermesinde e Corpo de Intervenção, a Associação Ermesinde Cidade Aberta, a Escola Secundária de Ermesinde, o Agrupamento de Escolas de S. Lourenço-Valongo e a Associação Promoção Social e Cultural de Ermesinde, houve uma largada de balões em que cada participante escreveu uma mensagem contra a violência.

Fenómeno abrange vítimas de todas as condições e estratos sociais

IMG_0845O Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres celebra-se todos os anos, desde 1999, como designado pela ONU, a 25 de Novembro, numa data que visa alertar a sociedade para os vários casos de violência contra as mulheres, nomeadamente casos de abuso ou assédio sexual, maus tratos físicos e psicológicos. De referir que, em média, uma em cada três mulheres é vítima de violência doméstica. Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima o fenómeno da violência doméstica contra as mulheres abrange vítimas de todas as condições e estratos sociais e económicos, sendo que os seus agressores também são de diferentes condições e estratos sociais e económicos. De acordo com os dados da Associação, as mulheres representam mais de 81 por cento das pessoas atendidas. Entre 2013 e 2014 a APAV registou um total de 12402 de mulheres vítimas de violência doméstica. Destas situações reportadas à APAV, em cerca de 45 por cento das mesmas não existia apresentação de queixa criminal.