Com um burburinho de fundo que incluiu alguns choros típicos da idade, as primeiras 51 famílias de Paços de Ferreira receberam, hoje, o cheque-bebé pelo nascimento dos filhos. Trata-se de um apoio de 500 euros por criança, atribuído pela Câmara de Paços de Ferreira, que pretende ser um contributo para os muitos gastos desta fase. Os pais agradecem.

Joaquim Dias e Elisabete Daniela, de Modelos, já tinham a sua Naiara e viram agora chegar o pequeno Brian. “Não foi planeado, não veio numa boa altura, porque ainda não temos a casa feita, mas é bem-vindo. E nada lhe vai faltar”, garante o pai. Por isso, os progenitores não escondem que este apoio vai ajudar muito. “Precisa recorrentemente de fraldas e cremes, tem muitos problemas atópicos e o Estado não comparticipa. Foi pena da Naiara não haver este apoio”, concordam.

Ao colo da mãe, Leandro de quase quatro meses será um dos beneficiários desta medida. “Soube da iniciativa na internet e fizemos a candidatura. Acho que isto contribui para aumentar a natalidade. É sempre uma ajuda. Eles têm muitas necessidades nesta primeira fase da vida”, afirma Helena Ferreira.

Marta Veiga e Vítor Leal, de Freamunde, concordam. Vítor Gabriel, agora com quatro meses, é o segundo filho. O mais velho tem já 14 anos. “Quando engravidei não pensei ter este apoio, mas toda a ajuda é bem-vinda. 500 euros não é uma fortuna, mas é dinheiro e uma boa ajuda para os casais e há outras medidas que também já ajudam”, defendem. Dão como exemplo as refeições escolares que deixaram de pagar. “Em relação aos escalões há muitas situações injustas, nós sentimos isso com o nosso filho mais velho, que não tinha escalão por pouco”, dão como exemplo.

“Vivemos um Inverno demográfico”

“Parabéns por contribuírem para o crescimento da comunidade”, começou por dizer o presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Humberto Brito, na curta sessão de entrega de cheques realizada no salão nobre dos Paços do Concelho.

Aludindo à quebra de natalidade, Humberto Brito referiu que “faltam cerca de 80 mil bebés por ano no nosso país”. “Vivemos um Inverno demográfico”, sentenciou. Isso tem a ver com falta de apoios, salienta, dizendo que este cheque-bebé quer ser “um pequeno contributo”.  

E as medidas que Paços de Ferreira tem vindo a adoptar querem contrariar esta tendência e fazer do concelho “o mais jovem do país”. “Somos o segundo, queremos ser o primeiro”, brincou. “Ainda esta semana iremos apresentar uma candidatura ao PRR para que todos os centros escolares tenham berçário e creche”, um projecto-piloto a nível nacional. “Queremos continuar a apostar nas refeições escolares do pré-escolar ao 12.º ano, são cerca de 40 euro por mês que as famílias poupam”, lembrou, falando ainda do transporte escolar gratuito.

Disse ainda que vai avançar um projecto para que todas as crianças possam aprender a nadar, não havendo distinção entre “ricos e pobres”, numa comunidade em que “ninguém fica para trás”.

O autarca acredita que com estes e outros apoios estão a conseguir atrair pessoas para o território. “Neste momento estão em construção mais de 700 novos fogos em Paços de Ferreira”, afirmou.

Os cheques-bebé vão continuar a ser atribuídos à medida que forem feitas candidaturas.

Recorde-se que o cheque-bebé pode ser requerido desde 1 de Fevereiro, através do site da Câmara Municipal ou presencialmente no Gabinete do Munícipe. A medida beneficia crianças nascidas desde 14 de Outubro de 2021 (data de início do actual mandato autárquico), registados como naturais de Paços de Ferreira, com pais residentes no concelho, “no mínimo, nos 12 meses anteriores ao nascimento da criança e recenseados no município pelo menos nos seis meses anteriores ao referido nascimento”. Além disso, um dos requisitos é que os pais “não podem ter quaisquer dívidas para com o município”.

Para aceder ao apoio é necessário apresentar um conjunto de documentos e os pais têm 180 dias após o nascimento da criança para apresentar a candidatura.

No global, a medida comporta um investimento de 225 mil euros do município (está previsto o apoio para 450 bebés), mas pode ser reforçado caso haja maior número de nascimentos.