Foi inaugurada a 15 de Abril e fica patente até Outubro, no Museu Municipal de Penafiel, a exposição “Penafiel pela objectiva de Antony”.

De “personalidade irreverente e carismática”, António Guimarães produzia trabalhos considerados originais e inovadores para a época, em particular no retrato, refere o Museu. Fotografou as gentes da sua terra, as “Figuras Típicas”, e também escritores, poetas, artistas plásticos, músicos, médicos, clérigos e políticos, acrescenta a mesma fonte.

Segundo a biografia, o fotógrafo António Pereira Guimarães, mais conhecido como “Antony”, nasceu em Penafiel, na rua do Paço, em 1905. Oriundo de uma família ligada ao negócio dos curtumes e em que havia prósperos emigrantes no Brasil, terá enveredado pelas artes e letras, como os seus tios Ernesto de Melo, jornalista e escritor, e Vitorino de Melo, pintor e retratista renomado.

Frequentou o Colégio do Carmo entre 1912 e 1917. Ainda muito jovem, trabalhou numa garagem de bicicletas na rua do Bonjardim, no Porto, próxima da casa de fotografia Foto Antony, que lhe despertou o interesse pela área. Aos vinte anos já era um profissional fora do comum, que considerava a fotografia uma Arte e não um vulgar negócio. Colaborou com o tio Vitorino de Melo na “Fotografia Penafidelense de Melo e Guimarães”, que este abriu em 1929, na rua de Serpa Pinto, hoje rua Joaquim Cotta. Na época assinava os seus trabalhos como “Margui”, diminutivo invertido do seu apelido, e publicou vários na revista Penha-Fidelis.

Trabalhou na “Foto Antony” (Porto) e, após o incêndio que a destruiu, comprou a respetiva patente. Regressado a Penafiel ainda trabalhou na Foto Borges, sita na rua do Paço, que passou a gerir por vontade da viúva do fotógrafo Sebastião Borges. Por volta de 1954, usufruindo da marca portuense, o estúdio passou a designar-se “Foto Antony/ Antiga Foto Borges” e, em 1955, apenas “Foto Antony”.

Como jornalista, este penafidelense mobilizou-se por causas em prol da cidade natal que tanto amava, do património concelhio e no auxílio aos mais desfavorecidos, muitas vezes registados como “Figuras Típicas”, manifestando especial enlevo pelas crianças. Amigo de D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, e do Padre Américo, era o fotógrafo oficial da “Obra da Rua”, que divulgava dentro e fora do país. Perante a ameaça nazi sobre a Europa, escolheu bater-se pela liberdade colaborando com a BBC como correspondente e na receção e distribuição da propaganda inglesa, desafiando a repressão ideológica salazarista.

A 3 de Março de 1984, a Câmara Municipal de Penafiel concedeu-lhe a Medalha de Ouro da Cidade. António Guimarães faleceu a 5 de Março de 1990, em Penafiel, com quase 85 anos.

Com a máquina fotográfica sempre pronta, imortalizou a sua terra, deixando milhares de negativos e impressões, organizados em listas de reportagens numeradas e datadas, importante acervo depositado no Arquivo Municipal. A presente mostra pretende destacar o seu olhar sobre o património cultural, mas também dar a conhecer a “Foto Antony” através da colecção de imagens e recortes de periódicos que ao longo da vida foi doando ao Museu Municipal, em conjunto com o equipamento do seu estúdio, aqui preservado após o encerramento do estabelecimento, por vontade dos herdeiros.

1 Comentário

  1. Tirei,as primeiras,fotografias,do tipo passe,na foto borges,em 1976,quando iniciei,no ciclo preparatório, aí em Penafiel,sou natural de Galegos.
    Conheci,bem o Sr.Guimarães, a filha menos,o filho Joaquim,sim.
    Ainda não me dispos a visitar o museu,ao vivo,já o conheço de forma virtual.
    Tenho muito interesse,em visitar,até porque tenho um objecto para doar, que assim fará parte de outos que já foram também doados,peças únicas e com muita história,e até vivências.

Comments are closed.