Várias centenas de seniores participaram, esta quarta-feira, na Quinta D´Além, em Bitarães na actividade “Vindimas”, uma iniciativa do Programa “Movimento Sénior”, do pelouro do Desporto da Câmara Municipal de Paredes e da Associação para o Desenvolvimento Integral de Lordelo e Centro Social de Cete, que teve como finalidade recriar o ambiente e a tradição das vindimas.

Com a azáfama que é comum a esta actividade, ao início da tarde de ontem, foram centenas os idosos que se adensaram por entre as folhagem que cobre as uvas e com as tesouras da poda em mãos deram início a um ritual que é comum a toda a região, nesta altura do ano.

Guilhermina Alves, de Lordelo, mostrou-se agradecida pela oportunidade de ter participado.

“Foi a primeira vez que vim. Sei que no ano passado já se colheram uvas aqui na quinta, houve colegas minhas que participaram, mas o mais importante é o convívio”, disse salientando que para si não foi uma novidade.

“Quando era mais nova fiz muitas vindimas, mas as vinhas eram mais altas e era necessário andar com as escadas aos ombros. Era um trabalho árduo e difícil. Aqui, na Quinta D´Além é tudo mais fácil porque a vinhas são baixas, o que torna mais fácil a apanha da uva”, afirmou.

Falando das vindimas do passado, Guilhermina Alves destacou, ainda, que era tradição a meio da manhã os homens e as mulheres que participavam na colheita pararam para aconchegarem o estômago.

Segundo esta idosa, nalgumas vindimas era, também, tradição os homens irem aos lagares, depois da apanha das uvas, vestindo para o efeito uns calções.

Alexandrina Silva, natural de Rebordosa, mas a residir em Lordelo, mostrou-se, igualmente, satisfeita pela oportunidade de voltar à Quinta D´Além.

“Não foi a primeira vez que estive na quinta. No ano passado já tinha vindimado. É uma oportunidade para recordar tempos antigos até porque, quando era mais nova, já vindimava. Os meus pais tinham vinhas e toda a ajuda era necessária”, assegurou, afirmando que dantes as vindimas eram uma autêntica celebração, com o trabalho a iniciar bem cedo e os homens e as mulheres a terem tarefas bem definidas.

“Os homens, por terem mais força, andavam com os cestos e as escadas às costas. Já as mulheres colhiam os cachos e verificaram se não tinham deixado, por esquecimento, uvas para trás”, acrescentou.

Ao Verdadeiro Olhar, Madalena Casaca, do Movimento Sénior, revelou que as vindimas continuam ainda hoje a ser uma referência e um marco na região.

“Além de ser uma tradição é uma actividade que mobiliza muitos idosos de diferentes associações e instituições do concelho que passam uma tarde diferente e têm a possibilidade de participar uma prática que é comum na nossa região”, expressou, salientando que a actividade teve como objectivo proporcionar aos seniores de como eram os tempos antigos e como se faziam as colheita das uvas.

Mónica Santos, directora técnica da ADIL – Associação para o Desenvolvimento Integral de Lordelo, frisou que esta actividade além de potenciar o contacto social, teve como propósito reviver tradições antigas e recordar o ciclo das vindimas desde apanha da uva à produção do vinho.

“É uma actividade salutar que promove a interacção, permite aos seniores saírem das instituições e recordar o tempo das vindimas porque muitos destes idosos, quando eram mais novos, já vindimavam em suas casas, em casa dos pais ou de algum familiar mais próximo”, manifestou.

Sílvia Ferreira, directora técnica do Centro Social de Cête, enfatizou que todo o trabalho é realizado em ambiente de festa e convívio.

“Cada um dá o seu contributo e colabora na apanha das uvas, num ambiente em que a boa disposição, a alegria e o convívio estão sempre presentes”, avançou.

Sandra Taborda, directora técnica da Associação de Solidariedade Social de Duas Igrejas, reconheceu que estas iniciativas permitem aos utentes das instituições, ocupar o tempo e fomentam a socialização dos utentes.

“Foi uma tarde vivida em pleno”, avançou.

A iniciativa contou com a presença de um grupo de música popular portuguesa.