Foto: Câmara Municipal de Paredes (DR)

Foi missionário em Madagáscar, um dos países mais pobres do mundo, situado na costa sudoeste de África. Ali proclamou o Evangelho. Há cerca de um ano e meio chegou a Paredes, mais concretamente às freguesias de Besteiros e Sobrosa, onde é pároco.

Na passada quarta-feira, realizou-se a eucaristia de Acção de Graças pelos 25 anos de sacerdócio de Álvaro Gaspar Rodrigues, que, em entrevista ao Verdadeiro Olhar, foi peremptório em dizer que este dia simboliza apenas “mais uma etapa da vida, não muda nada”.

Ao fazer um périplo pelo seu trabalho em Paredes, reconhece que a “comunidade é envelhecida”, mas constituída “por gente extraordinária, muito boa” que o acolheu de braços abertos. Ainda assim, considera que, no dia a dia, e no que diz respeito ao seu trabalho, tem que ter como premissa o “incentivo” e a “proximidade” com as pessoas.

Mas por muito trabalho que tenha e por muito que os tempos tenham mudado, Álvaro Gaspar Rodrigues, que nasceu há 59 anos no Fundão, caracteriza-se como “um homem de esperança”, não só na vida, mas também na sociedade, mas sabe que “estamos a passar por uma crise de valores”.

Ao longo dos anos, têm-se operado “muitas mudanças nas pessoas”. Mas não se pode desistir, razão pela qual defende então uma acção “mais próxima” junto das suas comunidades.

“Temos que ir ao encontro das pessoas, visitar as famílias”, porque, e ao nível das condições em que vivem, “as coisas não são tão más como há 20 anos atrás”, sustentou. O problema que atravessamos é que “as pessoas buscam o essencial”, mas não podemos esquecer que o necessário “não são os bens materiais”, esses “não nos enchem o coração”, mas sim “Deus”, frisou Álvaro Gaspar Rodrigues.

E se viajarmos até ao tempo dos nossos avós ou dos nossos pais, é certo que “vivemos muito melhor que eles”, mas o pároco duvida que “sejamos mais felizes” que eles.

Talvez a experiência passada em África lhe tenha dado ainda mais essa percepção, porque ali as pessoas vivem com bens escassos, e, se calhar, são bem mais felizes. Sobre este período da sua vida, lembrou que acompanhou “a construção de escolas”, tendo ainda contribuído para a “promoção social”, numa terra onde falta quase tudo, como sejam casas, comida, roupas, infra-estruturas, hospitais, instalações sanitárias ou meios de transporte.

Refira-se que, Madagáscar é um país com muito potencial, uma vez que tem uma longa costa, praias, que poderiam atrair o turismo, e condições climáticas favoráveis para agricultura. Só que, apesar de todos estes recursos naturais, os níveis de pobreza são elevados, com 77% da população a viver com menos de 2 euros por dia. Os jovens, que constituem a maioria, são os mais afectados, sendo que 80% vivem abaixo da linha da pobreza.

Por isso, na evangelização em terras africanas, para a qual contribuiu Álvaro Gaspar Rodrigues, existiam muitas portas abertas para fazer chegar a palavra de Deus. Aqui, em Portugal, a realidade é bem diferente, mas ao olhar para o seu percurso, acredita que se tivesse feito todo o seu trabalho por cá “não seria mais feliz” do que foi, assegurou.

Foto: Câmara Municipal de Paredes (DR)

E é nas freguesias de Besteiros e Sobrosa que vai continuar a sua caminhada, fazendo chegar a palavra de Deus a todas pessoas, porque “só Deus pode encher o nosso coração”, concluiu.