Paredes: de frente para o passado e de costas para o futuro (cap.I)

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Porque a nossa vontade de escrever sobre o que está a ser o processo pré-eleitoral no concelho de Paredes não nos enche só de vergonha alheia, mas nos enjoa e até enoja pessoalmente, tentaremos, dentro do possível, passar ao lado do assunto. Parece-nos mais útil, por ora, tentar perceber porque é este concelho tão particular e os seus cidadãos tão passivos no que às questões da cidadania dizem respeito. Para que a crónica não pareça sempre tão sonsa acrescentaremos uma nota final, não sobre o assunto que tratamos no texto, mas sobre o que naquele momento nos parecer mais útil.

Comecemos, então.

Quando hoje se fala da qualidade de vida de um concelho estamos a falar de muitas coisas, mas concentremo-nos em duas ou três que consubstanciam, objectivamente, um conjunto de condições que, de forma simples, nos permitam dizer: aqui vivemos bem!

Falemos de características que, normalmente, não constam dos parâmetros que avaliam a qualidade de vida que um concelho oferece, mas, nem por isso, serão menos importantes.

O que é, para nós, um concelho ou, melhor dizendo, um município?

No mínimo, em linguagem simples, trata-se de uma unidade geográfica, um espaço territorial, com um conjunto de habitantes e administrado por entidades autárquicas. Convém dar como adquirido que este território está assim organizado por razões objectivas ou, por outras palavras, porque reúne um conjunto de necessidades comuns a toda a população dado que as características e as necessidades dessa unidade territorial une os seus habitantes e faz sobrepor o interesse colectivo às vontades individuais. Aliás, só isso basta, para nós e para os outros, considerarmo-nos do mesmo concelho e esta ser “a nossa terra”. Pior do que isso: na maioria dos concelhos é uma heresia não nos sentirmos orgulhosos da nossa terra.

O que distingue, então, Paredes dos outros concelhos?

Quantos, de nós, se atrevem a orgulhar-se de ser paredenses? Os que nasceram ou vivem na cidade ou poucos mais. E nem todos.

Quando é que um habitante de Rebordosa ou Lordelo se afirma paredense? Raramente ou quase nunca. Paradoxalmente, não se limitam a detestar a sede do seu concelho. Detestam-se entre si.

No sul do concelho qual a freguesia que se sente mais ligada a Paredes do que a Valongo, por exemplo? O desenho da geografia concelhia aproxima-as mais de outros concelhos do que da sede do seu. É verdade, queira-se ou não.

Paredes não é um concelho como os outros. Não é uma unidade territorial gerida em função do desenvolvimento sustentado do território ou em função do bem-estar dos seus habitantes. É um saco de gatos engalfinhados!

Sobre este assunto podíamos estender indefinidamente a crónica, mas parece-nos que a reflexão, por hoje, nos fará perceber que há razões de vária ordem que têm ferido de morte a unidade necessária, o progresso indispensável do concelho e essas razões não se esgotam na geografia ou na população. São políticas e de quem governou a autarquia, em nossa opinião, as responsabilidades maiores do atraso estrutural a que Paredes chegou. Dessas vicissitudes trataremos na próxima crónica.

Aspecto exterior do pavilhão | Imagem 3D

Imagem da semana: quando, efectivamente, estiver concluída a recuperação do pavilhão gimnodesportivo de Paredes não se esqueçam de que estão a celebrar a vitória da vontade popular sobre a negligência dos gestores políticos. É que quer PS quer PSD venderam aquele espaço para construírem mais prédios encavalitados. Foi a população da cidade, através do Manifesto Pelas Laranjeiras, que vos fez recuar.

Já agora, não anunciem a inauguração de um Multiusos. Em primeiro lugar porque não o é. Se fosse não teriam a vontade absurda de construir outro a menos de um quilómetro de distância.

Pior do que isso é que correm o risco de serem apanhados a mentir. Pediram fundos comunitários para um multiusos e usam esses fundos para a recuperação do pavilhão. Se a Comissão Europeia souber disso ainda obriga a autarquia a devolver o dinheiro e, quiçá, ainda acusam o presidente da câmara do crime de prevaricação. Aliás, o mesmo crime de que estão acusados Celso Ferreira e Rui Moreira. A moldura penal, em caso de condenação, é de prisão efectiva, mas até nem se poderia dizer que estava mal acompanhado.