Augusto Pinto Oliveira concluiu uma das ultramaratonas mais difíceis do mundo. O paredense, de 44 anos, foi um dos 95 atletas convidados a participar na Badwater 135, nos Estados Unidos da América, uma prova com 217 quilómetros e que testa a resistência dos participantes em condições extremas.

“A sensação de terminar uma prova desta envergadura é única”, garante o funcionário dos CTT cujo lema é “eu acredito, eu consigo”.

Correu durante mais de 40 horas

Em 2010, Augusto Pinto Oliveira pesava mais de 100 quilos. Tinha sido dependente de álcool e drogas e tinha passado por uma recuperação difícil, devido a um acidente e a duas tromboses venosas profundas. Encontrou na corrida uma forma de mudar de vida e agora dedica-se a competir em ultramaratonas.

“Desde que saí dos cuidados intensivos, e de uma fase muito complicada da minha vida, dois pensamentos acompanham-me desde aí ‘eu acredito, eu consigo!’”, conta.

Desde 2011 que tem procurado superar-se participando nas provas mais difíceis, mais complicadas e mais longas do planeta. Em 2016, concluiu os 170 quilómetros da Ronda dels Cims, em Andorra, e os 338 quilómetros do Tour des Geants, em Itália.

Este ano o grande desafio era a Badwater 135, uma prova com 217 quilómetros, considerada uma das mais difíceis do mundo. A prova decorreu este mês, com partida na baía de Badwater, cerca de 85 metros abaixo do nível do mar, e chegada na zona do monte Whitney, com cerca de 2.530 metros de altitude. “Boa parte da prova decorre no deserto do Vale da Morte, sob extremas condições climatéricas”, conta o paredense.

“Com uma temperatura média sempre a rondar os 50 graus, em que a humidade é quase nula e o pouco vento que sopra arrasta consigo areia, a sensação térmica aumenta drasticamente. É como estar a abrir a porta de um forno e sentir as pestanas a arder”, explica Augusto Pinto Oliveira. “Também o calor que o alcatrão emana atinge temperaturas acima dos 60 graus, com um piso a esta temperatura os pés vão ficando queimados por baixo e provocam uma sensação de ardimento constante”, descreve.

“Outra das dificuldades que senti foi o cansaço de estar a correr de forma constante durante 40 horas e 15 minutos, foram duas noites seguidas em que apenas consegui dormitar três vezes, com uma duração que variava entre os 15 a 20 minutos cada”, recorda o atleta.

É o terceiro português a ser convidado para esta prova

Augusto Pinto Oliveira garante que esta foi uma experiência única. “Cortar a meta depois de 217 quilómetros em que fomos levados quase ao limite, em que tive dores, sono, em que rectas com mais de 10 quilómetros pareciam intermináveis, em que as temperaturas extremas me levavam ao limite, e em que a minha super equipa (três acompanhantes exigidos pela organização), se manteve atenta, dinâmica e foi superando todas as adversidades e manteve-se sempre unida, para que nada me faltasse a nível de hidratação, alimentação e motivação, foi uma experiência única”, sustenta.

“Senti uma felicidade, uma alegria e uma satisfação incrível, além de conseguir terminar a prova, consegui fazê-lo dentro do tempo estipulado por mim. Além disso, para a organização desta prova, todos os que a terminam são vencedores, são campeões”, refere o atleta de Paredes.

Esta prova, que conta com uma elevada taxa de desistência, contou com 95 atletas convidados. Desta vez, chegaram ao fim 75. Augusto Pinto Oliveira foi o único português em prova e foi o terceiro a ser convidado a participar na Badwater 135.

Para participar o atleta lançou uma campanha que permitiu angariar alguns fundos e contou com o apoio de alguns patrocinadores e da Câmara Municipal de Paredes. Foi acompanhado pelo vereador do Desporto, Cândido Barbosa.

O paredense já tem projecto para 2018. Quer participar na Transpyrenea, uma prova que atravessa os Pirinéus, com uma distância de 895 quilómetros disputados em quatro jornadas (de 166, 256, 270 e 203 quilómetros) que tem que ser concluída em 400 horas.