“Neste momento, há muitos alunos que não têm computador. Há crianças a assistir às aulas por telemóvel”, sustentou Joana Araújo, eleita pelo PSD, na última Assembleia Municipal de Paços de Ferreira, quando questionava o executivo sobre o trabalho de apoio feito no âmbito do ensino à distância, argumentando que numa altura em que falhou a entrega de computadores do Estado, a Câmara devia ter-se substituído ao Governo.

“Nesta sala há professores. Eu sei que há alunos que não têm computador nem telemóvel e que há professores sem computador”, acrescentou Abílio Fernandes, da mesma bancada.

Antes, Paulo Ferreira, vice-presidente da Câmara e presidente em exercício na Assembleia Municipal, tinha referido que, no ensino à distância, o trabalho é feito em sintonia com os agrupamentos de escolas. “Posso garantir que não há nenhuma criança no concelho que não tenha um computador em casa. Se houver esse problema cá estamos nós para resolver”, afirmou. “É muito fácil vir dizer que há crianças sem computador no concelho. O que está a dizer é que os directores de agrupamento estão a faltar à verdade e eu não acredito. Acredito nos directores de agrupamentos”, sustentou, referindo-se ao ensino à distância como “um remendo”.

“O que está a dizer é que os directores de agrupamento estão a faltar à verdade e eu não acredito”

Publicidade

Os computadores prometidos pelo Governo não chegaram à maioria dos alunos e não chegarão em tempo útil, começou por dizer Joana Araújo numa intervenção em que questionou o executivo sobre o acompanhamento dado ao ensino à distância no concelho.

“Quantas crianças não têm equipamento? A situação foi resolvida? Houve famílias a pedir ajuda à Câmara? Quantas e o que foi feito pela Câmara nesses casos?”, perguntou a eleita do PSD.

Joana Araújo abordou ainda a questão da má cobertura de internet em algumas zonas do concelho, que dificulta o ensino à distância, como por exemplo em Eiriz, Sanfins, Lamoso e Codessos. “O PSD gostaria de saber o que a Câmara fez, se terá tentado sensibilizar as operadoras para um melhor serviço”, disse.

Além disso, referiu a social-democrata, muitas famílias não estão familiarizadas com equipamentos informáticos, internet e programas e não estavam preparadas para lidar com a situação. Perguntou, por isso, se tem sido disponibilizado apoio informático, inclusive com os técnicos municipais, e formação caso as famílias o requeiram.

Paulo Ferreira começou por explicar que o trabalho no ensino à distância feito em sintonia com os agrupamentos de escolas, havendo contacto diário e estando os serviços municipais de informática disponíveis para colaborar sempre que solicitados.

“Quanto aos computadores, posso garantir que não há nenhuma criança no concelho que não tenha um computador em casa. Se houver esse problema cá estamos nós para resolver”, afiançou o presidente em exercício.

Mas não deixou de dizer que, apesar de não haver alternativa ao encerramento das escolas espera que possam reabrir em breve porque “o ensino à distância não resulta, apesar do esforço dos professores e pais”. “Estamos a penalizar toda uma geração de crianças. O ensino à distância é um remendo. Sabemos que é fácil estar do lado da oposição e falar do que está a correr mal”, salientou, lembrando os apoios municipais que têm sido dados na área da educação.

“Neste momento há muitos alunos que não têm computador. Há crianças a assistir às aulas por telemóvel”, retorquiu Joana Araújo. “Telemóveis em que quando entra uma mensagem de Whatsapp bloqueia a aplicação Teams, que se estiverem a carregar a criança já não pode estar com ele pousado, tem de estar a segurar nele, sendo que se um pai estiver a trabalhar e o outro em casa só há um smartphone em casa e quando há duas crianças em ensino à distância já não têm equipamento”, deu como exemplos.

Afirmou ainda que há famílias com dificuldades económicas sem qualquer computador e que “o PSD sabe que há famílias que contactaram a câmara municipal na primeira vaga e a resposta foi não temos equipamentos para emprestar”, acusou, falando em “indiferença”.

“O ensino há distância é um remendo mas é o que há. Se o Governo falhou neste apoio, e falhou, a câmara devia estar atenta e disponível para substituir-se ao Governo”, defendeu Joana Araújo.

Paulo Ferreira garantiu confiar na informação vinda das escolas e lembrou que o que ficou decidido no início da pandemia foi a Câmara dar um subsídio de 200 mil euros para os agrupamentos de escolas adquirirem equipamentos informáticos.

“O importante é que rapidamente as crianças possam voltar à escola. Por muito esforço que todos façamos esta solução é um remendo. Podemos ter os melhores computadores do mundo e não é isso que vai fazer com que as aulas resultem”, frisou o presidente em exercício.

“É muito fácil vir dizer que há crianças sem computador no concelho. O que está a dizer é que os directores de agrupamento estão a faltar à verdade e eu não acredito. Acredito nos directores de agrupamentos”, concluiu.

Joana Araújo invocou a defesa da honra para sustentar: “não posso dizer se os senhores directores de agrupamento estão a mentir ou não porque não sou eu que recebo os relatórios deles”. “Eu nunca chamei mentirosos a ninguém. Mas o que eu sei é que os senhores directores de agrupamento nunca poderão ter dito que não há um aluno a ter aulas com telemóvel e que todos têm computador porque isso não é verdade”, acrescentou a eleita do PSD.