Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Vai ser uma nova câmara, mas ao mesmo tempo muito mais que um e edifício que alberga a câmara. Pelo menos é esse o grande objectivo do projecto dos novos paços do concelho de Valongo e centro cívico, que junta um edifício icónico, ligado à identidade de Valongo – em formato de uma trilobite, um ser paleozoico – ao conceito de multifuncionalidade, sustentabilidade e transparência.

Uma “câmara sem luxos”, que vem responder a uma necessidade antiga e será “várias coisas ao mesmo tempo”, garante José Manuel Ribeiro, que contará com um rés-do-chão com serviços, um salão nobre com capacidade para 700 pessoas sentadas (e mil de pé), uma galeria de arte e uma sala de imersão virtual que vai permitir a todos conhecer museus virtualmente e de forma gratuita. Os dois pisos serão para os gabinetes dos diferentes serviços e gabinetes da vereação e presidência. O edifício será energeticamente neutro, apostando nas energias renováveis, e feito de vidro e compósito de ardósia, um produto da terra.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Segundo o presidente da Câmara Municipal de Valongo, a meta é arrancar com a obra em Agosto do próximo ano e realizar a inauguração em 2022. O investimento é de sete milhões de euros. Antes o município vai ainda expropriar os terrenos, cujo custo está orçado em 1,2 milhões de euros.

“Este edifício vai deixar uma marca num concelho cheio de história”, acredita o autarca.

Serviços funcionam em edifício “sem dignidade há 30 anos”

Foi há 30 anos que os serviços da Câmara de Valongo se instalaram num rés-do-chão de um prédio de habitação do centro de Valongo. Era temporário, lembrou José Manuel Ribeiro, mas durou até agora. Uma solução que não é “ajustada” nem confere “dignidade” aos serviços municipais e que obriga a que mais de 100 funcionários tenham de trabalhar fora da câmara.

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“A descentralização vai obrigar a câmara a ter mais funcionários. Mas o problema existe e sempre existiu e não é fácil gerir as necessidades de espaço”, explicou o autarca durante a apresentação do projecto.

Apesar de a construção dos novos paços do concelho não ter feito parte do seu programa eleitoral em 2013, altura em que o município não teria condições financeiras para suportar a obra, admite, lembrou que há cerca de três anos foi confrontado por uma afirmação do presidente da Câmara Municipal da Maia que o fez pensar no tema. “Ele disse: Ninguém leva a sério um concelho que não tem uns paços do concelho dignos”, recordou.

Começou então a germinar a ideia de um edifício que precisaria de cumprir alguns critérios, ligados ao projecto de governação deste executivo. Um deles era ter um pilar ligado à identidade do concelho. “Neste caso, a mais antiga, é o nosso passado geológico. Existe aqui uma grande riqueza de fósseis de trilobite, da era do paleozoico”, referiu o autarca. Por isso, a autarquia definiu, desde logo, que o projecto de arquitectura devia ser inspirado nas trilobites. “Também queríamos que a Câmara traduzisse de forma física valores como rigor, transparência e igualdade”, acrescentou. Daí que o edifício seja constituído sobretudo por vidro e que logo no hall de entrada, no rés-do-chão, esteja patente o princípio da igualdade que está na Constituição da República.

Uma câmara “com capacidade para ser várias coisas ao mesmo tempo”

Mais que isso, o terceiro pilar passava por ter um espaço multidimensional “com capacidade para ser várias coisas ao mesmo tempo”. Será um espaço para os políticos, com todos os vereadores, com a sem pelouros, a terem direito a um gabinete próprio, estimulando o “convívio democrático”. Mas não fazia sentido investir recursos públicos apenas para ter um edifício “político-administrativo”, defende José Manuel Ribeiro.

Por isso, haverá um salão nobre, que servirá as reuniões de câmara, assembleias municipais e eventos de várias naturezas, desde espectáculos a congressos, com cadeiras amovíveis e capacidade para 700 lugares sentados e mil lugares de pé. O acesso é feito por um corredor que é uma galeria de arte e acolherá diversas exposições. Ainda no rés-do-chão, espaço de acolhimento aos munícipes e visitantes, haverá uma sala de imersão virtual, onde as pessoas vão poder, gratuitamente, visitar virtualmente espaços como o Museu do Louvre ou a Grande Muralha da China. “Viajar é um privilégio dos ricos”, admitiu José Manuel Ribeiro, afirmando que estes novos paços do concelho serão um espaço de “cidadania, cultura, educação, arte e difusão de conhecimento onde as pessoas aprendem “a importância da democracia”.

A par disso, há uma importante preocupação energética, já que o edifício vai produzir energia e ser neutro, e aposta na economia circular, com o revestimento a ser feito de ardósia, um elemento da terra e também identitário.

“É uma câmara sem luxos. A tubagem vai-se ver e vai ser decorada com poesia”, deu como exemplo o presidente da Câmara.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Cá fora, a praça que compõe a forma da trilobite vai ser um espaço de convívio, “um sítio onde as pessoas se possam encontrar e construir identidade”.

O processo de expropriação dos terrenos, localizados entre as escolas Secundária de Valongo e Básica Vallis Longus, junto ao actual edifício camarário, está orçado em 1,2 milhões de euros, e para o qual a autarquia já tem verbas reservadas, deverá acontecer em Dezembro. Em curso estão também já os processos de especialidades. O objectivo é lançar o procedimento de contratação pública no início do próximo ano e arrancar com a obra em Agosto de 2020, explicou José Manuel Ribeiro. A inauguração está prevista para 2022. A obra custará sete milhões de euros e exigirá que o município recorra ao endividamento.

“Esta câmara municipal pode fazer muito pela democracia local, pode ser uma escola e funcionar como espaço de aprendizagem para quem é eleito e também para os cidadãos”, acredita o autarca.

“A praça vai alterar completamente a centralidade de Valongo”, diz arquitecto

Na apresentação do projecto, que decorreu no Museu Municipal de Valongo, que também já albergou os serviços municipais, o arquitecto portuense Miguel Ibraim Rocha confessou que “foi muito desafiante transformar um ícone da região, um fóssil, num projecto de arquitectura com muitas componentes, desde a identidade, transparência e multifuncionalidade”. “Depois de chegarmos à forma do edifício as coisas foram acontecendo de forma natural”, disse, realçando a importância do presidente da câmara na definição de todo o conceito.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“O salão nobre é completamente diferente de todos os salões nobres das câmaras municipais. Pode ser utilizado para qualquer fim”, garantiu, explicando que a sala pode mudar facilmente graças às cadeiras amovíveis.

Já o edifício será “amigo do ambiente”, contando o telhado com dois mil metros de painéis solares, visando que o prédio não consuma mais energia que a que produz. Já a fachada é revestida a compósito de lousa numa aposta na economia circular. O mesmo material será usado na Praça da Democracia que compõe a trilobite.

“Só por isso deve ser um edifício que deve servir de exemplo. Mas também por ser um edifício facilmente reconfigurado nas suas várias valências. A câmara tem actualmente cerca de 350 pessoas, mas o edifício permite, sem grandes custos, alterações para acolher 450 ou mais pessoas. Está concebido para ser muito elástico”, disse Miguel Ibraim Rocha.

Na cave haverá garagem, para os serviços municipais, e bastidores informáticos, assim como 12 quilómetros lineares de arquivo.

O edifício principal ocupa 2.900 metros quadrados e a praça exterior 8.000 metros quadrados.

“A praça vai alterar completamente a centralidade de Valongo”, acredita o arquitecto, referindo que o jardim com vários espaços está adaptado ao dia-a-dia e também a eventos.

O estacionamento à superfície será reconfigurado ficando com cerca de 200 lugares.

Novos Paços do Concelho e Centro Cívico de Valongo

Valongo apresenta novos Paços do Concelho:Identidade, Transparência e Multifuncionalidade.É um edifício que, com a praça em frente, irá desenhar a forma de uma trilobite. Contará as histórias de Valongo e suas marcas identitárias. Trata-se de um espaço multifuncional que irá da cultura à educação, passando pela arte e cidadania.

تم النشر بواسطة ‏‎Município de Valongo‎‏ في الاثنين، ٤ نوفمبر ٢٠١٩