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Desde Janeiro que um grupo de moradores da Rua 1.º de Maio, em Alfena, Valongo, está a recolher assinaturas num abaixo-assinado que pede mais segurança, passadeiras, passeios e semáforos controladores de velocidade neste troço da EN 105. Até agora, mais de 300 pessoas já assinaram o documento que deverá ser entregue, em Abril, ao presidente da Câmara Municipal de Valongo.

Em causa, diz António Almeida, um dos moradores responsáveis pelo abaixo-assinado, está um aumento “brutal de tráfego”, sobretudo de pesados, ligado à nova zona industrial onde se localiza a plataforma logística da Jerónimo Martins.

“A rua não tem condições e queremos, com estas reivindicações, dissuadir o trânsito pesado de passar por aqui. Mais passadeiras e semáforos iam afastar os pesados desta rua”, acredita o morador. “Tenho-me apercebido de camiões que passam aqui a 70 e 80 quilómetros hora, sobretudo a partir das 22h00. Apontar um carro para sair da garagem é um perigo. A experiência dos moradores é que tem evitado problemas de maior porque as pessoas vão-se prevenindo. Há um permanente perigo”, salienta.

António Almeida diz que começou por apresentar reclamações à Junta de Freguesia de Alfena e à Câmara Municipal de Valongo, antes de avançar para o abaixo-assinado com um grupo de moradores.

“A situação tem piorado e tem havido condescendência da Junta de Freguesia de Alfena e da Câmara Municipal de Valongo que não souberam exigir junto da Infra-Estruturas de Portugal a segurança dos moradores. Há um enjeitar de responsabilidades”, sustenta António Almeida.

O abaixo-assinado faz queixa do aumento exponencial de trânsito na Rua 1.º de Maio, da falta de sinalização e controlo do limite de velocidade, da escassez de travessias para peões, das bermas e passeios sem segurança, dos bueiros com desníveis superiores a 10 centímetros nas faixas de rodagem e salienta que se trata de uma rua com vários acessos a garagens, parques de estacionamento e estabelecimentos de serviços e comércio. “Há vários metros de estrada sem passeio e sem valeta em que as pessoas têm que circular pela faixa de rodagem e passadeiras muito distanciadas com mais de 500 metros de intervalo”, clarifica o morador.

António Almeida conta entregar o documento ao presidente da Câmara já em Abril e promete continuar a luta, caso não obtenha resposta.

Cerca de 10 mil carros e 500 a 600 camiões por dia circulam naquela rua, diz presidente da Junta

Abaixo-assinado

Contactado, o presidente da Junta de Freguesia de Alfena diz apoiar este movimento dos moradores e o abaixo-assinado, num tema que também o preocupa.

“É um assunto que a Junta anda a debater há muito com as Infra-Estruturas de Portugal e Ministério dos Transportes. Com as portagens junto à plataforma da Jerónimo Martins todo o trânsito atravessa Alfena, incluindo os camiões. São cerca de 10 mil carros e cerca de 500 a 600 camiões por dia numa estrada quase sem passeios, o que cria insegurança. Não há ninguém que deixe ir um filho a pé para a escola porque o perigo é permanente”, sustenta Arnaldo Pinto Soares.

“A A41 devia ser uma circular externa a Alfena. Mas as portagens caras fazem as pessoas desviar-se. A vida em Alfena é um inferno e um caos completo. Não peço que tirem a portagem da Senhora do Amparo, bastava desviá-la do nó de saída e o trânsito já deixaria de passar em Alfena”, acredita o autarca.

Câmara diz que tem vindo a pedir intervenção na EN 105 à Infra-Estruturas de Portugal

Ao Verdadeiro Olhar, a Câmara Municipal de Valongo sustentou que tem requerido, ao longo dos últimos anos, junto da entidade gestora das estradas nacionais, actualmente a Infra-estruturas de Portugal, “a melhoria das condições de segurança ao longo da EN105, tal como sucedeu para a ER209 e a  EN15”, nomeadamente em situações ligadas a passadeiras, semáforos e passeios.

“Algumas das petições deram lugar a alterações, decorridos muitos anos, como é o caso dos passeios na ER209, embora mesmo estes não correspondam minimamente ao pretendido ou necessário. Na EN105 em concreto já foram formulados pedidos para travessias de peões e passeios, resultando inclusive num troço recentemente intervencionado próximo da rotunda com a Rua S. Vicente, mais uma vez, passeios sem as larguras ou condições desejáveis”, refere a resposta da autarquia.

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Questionado, o município liderado por José Manuel Ribeiro não associa este problema do volume de trânsito à plataforma da Jerónimo Martins. “O problema existe na EN105, como existe em todas as estradas nacionais, com trânsito intenso e sem largura de plataforma que permita circulação adequada”, argumenta a câmara em resposta escrita.

A autarquia diz-se preocupada com as questões de segurança no concelho e lembra que há várias obras previstas para melhorar as condições de mobilidade: “Obviamente que um concelho não se muda em meses ou poucos anos e os erros de planeamento cometidos no passado não são de fácil solução, mas as novas intervenções têm sempre como objectivo a melhoria das condições de segurança – para peões e veículos. Relembramos que esta via é das Infra-estruturas de Portugal, ou seja do Governo, e carece de intervenção urgente”.

A Câmara Municipal de Valongo também concorda que o trânsito de pesados e ligeiros seria inferior naquele troço da EN 105 em Alfena caso a auto-estrada não fosse portajada no nó de Alfena.