Susana OliveiraNa semana passada assistimos ao golpe liderado por António Costa, que fez derrubar o governo da Coligação Portugal à Frente, que venceu as eleições do dia 4 de outubro. Para fugir à imagem e ao rótulo de oportunista e de quem apenas está a agarrar-se ao poder para sobreviver politicamente, António Costa apressou-se a assinar os acordos com os três partidos à esquerda do Partido Socialista (PS).

Depois do silêncio absurdo do líder do PS, durante o debate sobre o programa de governo, Costa organizou a assinatura dos acordos às escondidas. Pelo que se sabe, o Partido Comunista (PCP) pediu que fosse organizada uma “cerimónia sequencial com momentos individualizados”, para não surgir a ideia de proximidade com o Bloco de Esquerda (BE). Mais tarde, foram reveladas fotografias da assinatura dos acordos, onde se vêem os líderes dos partidos em pé, a assinar cada um o seu acordo, em momentos separados. A incapacidade destes partidos se sentarem à mesa para assinar um acordo é reveladora da distância que existe entre os mesmos, que não formam uma coligação de esquerda, mas sim uma mixórdia de esquerdas.

São mais os aspetos que dividem os 4 partidos do que aquilo que os une. Aliás, logo no primeiro momento político após a assinatura dos acordos de circunstância, a privatização da TAP, foram notárias as divergências entre os partidos da coligação negativa. O PS afirmou que deve ser vendido 49% do capital da TAP. O BE referiu que a TAP não pode ser vendida e que a empresa deve ser totalmente pública. Já o PCP apresentou um projecto-lei para cancelar e reverter a privatização da TAP, o que deixou o PS desconfortável porque vai obrigar a um debate na Assembleia da República e pôr, assim, a descoberto as diferentes posições.

Sobre este cancelamento da privatização da TAP, o Professor Centeno, guru económico de António Costa, apontado para seu Ministro das Finanças, já afirmou que a reversão das privatizações não está garantida. Por sua vez, Catarina Martins, veio depois dizer que as palavras do Professor Centeno foram um lapso.

Confuso? Bastante. É apenas o início.

Não podia deixar de fazer hoje uma referência ao dia 13 de novembro, a sexta-feira em que a cidade de Paris sofreu um duro atentado terrorista que vitimou mais de 130 pessoas, incluindo cidadãos portugueses. Este ataque, reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico, acontece 10 meses depois do massacre na redação do Charlie Hebdo.

Nos dias seguintes, soubemos que Margarida de Sousa, natural de Penafiel (ao contrário do que foi noticiado por vários jornais), nascida na Freguesia de Galegos e porteira há 35 anos em Paris, salvou dezenas de pessoas que fugiam do Bataclan ao dar-lhes abrigo no prédio onde vive e trabalha. “Acolhi na minha casa uma jovem com balas nas costas, outro jovem com balas nos braços e uma jovem com uma bala no braço, mesmo ao lado do peito”, relatou a portuguesa, afirmando que “não podia virar as costas àquelas pessoas”.

A coragem de Margarida de Sousa é um alento para enfrentar a incerteza de segurança que vivemos, que nos deve unir, para condenar e combater os que querem trocar a paz pelo terror.