Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

A meta é ambiciosa, mas está calculada. Lousada quer retirar de circulação das escolas do concelho cerca de 2,5 milhões de garrafas de plástico, o equivalente a 34 toneladas, o volume de plástico equivalente ao de nove autocarros, em cinco anos lectivos.

Isso será feito com a distribuição de 10 mil cantis reutilizáveis a alunos, professores e auxiliares e com a instalação de 50 pontos de água nos estabelecimentos de ensino, numa parceria com a Águas do Douro e Paiva. O nome do projecto diz tudo: Água da Torneira.

O grande objectivo é mesmo esse, estimular o consumo da água da torneira que é segura e de boa qualidade.

“Esta parceria estratégica nasceu em Lousada, mas teríamos todo o gosto que fosse replicada noutros municípios e regiões”, frisou o presidente da Câmara de Lousada, Pedro Machado, numa cerimónia simbólica de entrega de cantis aos alunos da Escola Básica de Sousela, que contou com a presença do ministro do Ambiente e Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes.

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O ministro deu o exemplo. Foi o primeiro a agarrar num cantil que, mais tarde, encheu e usou para beber água da torneira. “Bebam água da torneira. É muito mais barata e de boa qualidade”, disse aos alunos, apelando ainda à poupança deste “recurso escasso”.

Concelho tem apostado numa estratégia ambiental mais vasta

Este projecto, que não nasce isolado mas integrado numa “estratégia cada vez mais consolidada” do concelho em prol de um melhor ambiente, é importante “não só para Lousada, mas também à escala nacional”. Prova disso foi a presença do ministro, invocou o presidente da Câmara.

Pedro Machado não deixou de fazer esse enquadramento sobre o vasto trabalho ambiental realizado pelo município no sentido da “transformação ambiental”. “Temos trabalhado nas mais diversas áreas, desde a protecção da biodiversidade ao planeamento territorial sustentável, do restauro ecológico à descarbonização, da mobilidade sustentável à gestão mais eficiente dos resíduos, da promoção da literacia científica à transição energética, entre muitas outras frentes de actuação. Transformar o concelho rumo à sustentabilidade tem sido um trabalho árduo e é uma missão que parece não ter fim, mas graças ao envolvimento de todos temos obtido resultados muito encorajadores e estamos mais motivados do que nunca”, afirmou o edil, frisando que este trabalho traz benefícios para todos.

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Deu depois exemplos das conquistas alcançadas: 72 mil árvores plantadas em cinco anos por 6300 voluntários; mil voluntários e patrulhas a guardar os rios; desvio de mais de duas mil toneladas de resíduos recicláveis de aterro sanitário; 7400 gigantes verdes mapeados.

Este trabalho ambiental tem também tido projectos direccionados para as escolas, sendo que a “comunidade escolar tem sido incansável na transformação verde”, disse Pedro Machado. No BioEscola, que tem “sido revolucionário na formação de crianças e jovens”, foram já realizadas “mais de 2300 actividades educativas”. “No desafio BioEscola 360 as escolas pouparam, colectivamente e desde o início, mais de 350 mil quilowatts de electricidade, mais de oito milhões de litros de água, o equivalente e quatro piscinas olímpicas, e separaram mais de 90 toneladas de resíduos encaminhados para valorização e reciclagem”, adiantou o presidente da Câmara.

“Com a utilização deste cantil podem consumir uma água de qualidade e segura, que tem um controlo rigoroso”

O Água da Torneira nasceu do diagnóstico feito em 2018, com vista a reduzir a pegada ecológica das escolas, quando se destacou o volume de plástico que ali circulava.

“Calculamos que em apenas cinco anos lectivos, todas as garrafas de uso único vendidas nas cafetarias escolares correspondiam a um volume de 1300 metros cúbicos, para ser mais fácil o equivalente ao volume de 9,5 autocarros. Face a estes números contactamos a empresa Águas de Douro e Paiva, que prontamente se disponibilizou para nos ajudar a concretizar o projecto Água da Torneira”, recordou o autarca lousadense.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Vamos valorizar a água da torneira com este projecto pioneiro e retirar de circulação em cinco anos lectivos 34 toneladas de plástico, através da oferta de 10 mil cantis reutilizáveis. O projecto envolve, por ano lectivo, mais de 7000 pessoas nesta missão transformadora, alunos, professores, auxiliares”, acrescentou, referindo que os cantis poderão ser enchidos num dos 50 postos de enchimento instalados nas escolas em parceria com a Águas do Douro e Paiva. “Esta parceria estratégica nasceu em Lousada mas teríamos todo o gosto que fosse replicada noutros municípios e regiões”, garantiu. “Juntos – Município, Águas do Douro e Paiva e escolas – vamos evitar a utilização de plástico descartável, promover a consciência ecológica e valorizar este bem escasso e preciso que é a água”, sentenciou Pedro Machado.

Directamente às crianças presentes, o edil disse que “nos dias que correm não faz sentido continuar a usar as garrafas de plástico que depois são um problema para o ambiente”. “Com a utilização deste cantil podem consumir uma água de qualidade e segura, que tem um controlo rigoroso. Na nossa região e concelho ainda muitas pessoas consomem água não controlada e também de poços e furos, ainda arriscam”, alertou.

Dando o seu próprio exemplo – Pedro Machado afirmou que em casa só consome água da torneira -, deixou um desafio aos alunos: “convençam os vossos pais e os avós que é perigoso ir encher a bilha ao fontanário. Nada como consumir água da rede pública que é de qualidade e não vai prejudicar a nossa saúde”.

“A vantagem que este cantil tem é essa, poderem levar a água convosco sempre que não estão ao lado de uma torneira”

Também o discurso do ministro do Ambiente e Acção Climática foi no mesmo sentido. “Portugal tem mesmo um orgulho muito grande em ter água da torneira de excelente qualidade. 99 em cada 100 vezes que se tenta ver a água da torneira ela é de excelente qualidade” e isso só acontece “porque se gastou muito dinheiro”, desde os municípios, às entidades gestoras e ao Governo, explicou às crianças Matos Fernandes.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Salientou ainda a grande mudança registada no país, que deve ser motivo de orgulho. “Em 1985, quando fui para a faculdade para o Porto, não se podia beber água da torneira”, lembrou.

“A água da torneira é mesmo boa de beber, é um recurso escasso, e devemos sempre poupá-la”, apelou o governante. “Bebam água da torneira. Mil litros da água da torneira custa para aí o mesmo que um litro de água engarrafada. É muito mais barata e de boa qualidade”, sustentou ainda.

Quanto ao projecto da autarquia lousadense disse que “a vantagem que este cantil tem é essa, poderem levar a água convosco sempre que não estão ao lado de uma torneira”. “Podem usar esta garrafa em Lousada ou em qualquer sítio do país”, sustentou.

Depois da entrega dos cantis, quer as crianças quer o ministro e o presidente da Câmara deram o exemplo enchendo água da torneira no ponto de água instalado na escola.