O escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares, visitou, esta sexta-feira, a exposição de Arte Pública, que se encontra espalhada por vários pontos da cidade de Penafiel, descerrou a frase e silhueta do homenageado deste ano, que se encontra situada na Praça da República, mais conhecida por Jardim dos Namorados.

Antes, percorreu a Avenida Sacadura Cabral visitou alguns trabalhos alusivos ao festival literário feitos pela comunidade escolar que se encontram expostos em várias montras da cidade.

Aos jornalistas, Miguel de Sousa Tavares destacou que o Escritaria cumpre e tem como missão mostrar aos cidadãos que os escritores existem, são pessoas como as outras, são sensíveis e sofrem como elas.

“Os escritores têm as mesmas alegrias, as mesmas tristezas e essas vivências reflectem-se naquilo que escrevem. Não quero ser um escritor fechado numa torre de marfim”, adiantou.

Miguel Sousa Tavares mostrou-se elogiado pela forma como foi acolhido pela comunidade local e realçou o trabalho da organização.

“Quero dar os meus parabéns aos elementos da organização porque efectivamente fazem um excelente trabalho. Sinto que as pessoas são de um carinho e de uma afectividade total, mas ao mesmo tempo confesso que me sinto um estranho, com todo o material promocional que se encontra espalhado pela cidade, os cubos e demais suportes promocionais”, disse, salientando que a chuva que caiu durante esta tarde em Penafiel, apesar de constituir um contra para a organização, trouxe uma dimensão diferente ao evento.

“Sou um apreciador da chuva, do nevoeiro e do ambiente que estas duas recriam. Gosto do silêncio que é causado pela chuva nas ruas”, sublinhou.

Falando da escolha do seu nome para a edição deste ano do festival literário Escritaria, Miguel Sousa Tavares assumiu que, mais do que um homenagem e um tributo, a escolha do seu nome é sinónimo de reconhecimento.

Aos jornalistas, o autor e jornalista defendeu que este festival além de dar a conhecer os vários autores de língua portuguesa vivos, tem, também, como papel primordial divulgar a literatura portuguesa, os autores e fomentar o gosto pela leitura.

“Estamos a criar uma geração que não lê e isso é trágico. Acho que as redes sociais não substituem a função de um livro, de um jornal, a função dos jornalistas e dos escritores. É fundamental que os escritores não desistam de escrever. É determinante formar contra a corrente, transmitir hábitos de leitura aos mais novos. O que verificamos é que os nossos jovens chegam às universidades e aos testes de admissão e não sabem escrever português. É uma coisa dramática”, avançou.

A vice-presidente da Câmara de Penafiel, Susana Oliveira, realçou que o festival Escritaria  é uma referência em todo o pais, um projecto consolidado que assinala este ano o seu décimo aniversário.

“Pelo Escritaria passaram diversos escritores, com diversos estilos literários, com vidas riquíssimas que transferiram para Penafiel essas vivências e que aqui vão ficar perpetuadas”, expressou, manifestando que o festival além da dimensão literária tem, igualmente, uma dimensão pedagógica.

“Tentamos envolver a comunidade, desde os pais, os pequenos ao público mais sénior e temo-lo conseguido sem grande esforço pela comunidade faz questão de participar, desde as escolas, os agrupamentos escolares, às associações e às instituições particulares de solidariedade social. É um evento que envolve toda a comunidade e tem a função de despertar o gosto pela leitura, a importância dos livros, do contacto com os mesmos”, enfatizou.

A autarca relevou, também, que Penafiel assumiu destaque graças ao festival um posição cultural ímpar no pais.

“Podemos dizer com orgulho que temos em Penafiel um evento literário único que envolve toda uma cidade e dedica uma atenção exclusiva a um único escritor que durante vários dias vê a sua obra escrutinada e analisada por especialistas que com os seus conhecimentos engrandeçam, ainda, mais este certame literário”, afiançou.

Comerciantes afirmam que festival literário traz visibilidade à cidade

Entre os lojistas e comerciantes da cidade, muitos foram os que reconheceram a importância do festival literário.

“É uma iniciativa interessante, que promove  a cidade, o comércio local e dá a possibilidade aos penafidelenses de conviverem com um escritor e conhecer a sua obra”, afirmou, Fátima Ramalho, residente em Penafiel,  funcionaria de um estabelecimento de vestuário na Av. Sacadura Cabral.

Maria Vieira, proprietária de um estabelecimento em Penafiel, concordou que o Escritaria além da importância literária que tem, dá à cidade uma nova dinâmica.

“Ganhamos todos. A cidade durante uma semana transforma-se e reveste-se de iniciativas, o que acaba por atrair inúmero público”, asseverou.

Segundo a organização do Escritaria, Miguel Sousa Tavares é o autor do romance português mais vendido no século XXI.  O autor editou 16 títulos e vendeu mais de um milhão de exemplares.

Pelo festival literário já passaram escritores como Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Mia Couto, António Lobo Antunes, Mário de Carvalho, Lídia Jorge, Mário Cláudio e Alice Vieira.

Além dos debates o festival integra exposições, teatro de rua, música, momentos de leitura, conferências sobre o homenageado e lançamento de livros.

Hoje vai ser apresentada uma reedição de “O Planeta Branco”, de Miguel Sousa Tavares, no Museu Municipal de Penafiel.

A edição 2017 do Escritaria fica, também, marcada pela feira do livro permanente que se iniciou no passado dia 16 de outubro, bem como uma exposição sobre as anteriores edições com fotografias e materiais de rua.

Miguel Sousa Tavares, filho da poetisa Sophia de Mello Breyner e do advogado e jornalista Francisco de Sousa Tavares, exerceu advocacia antes de se dedicar exclusivamente ao jornalismo.

Estreou-se na ficção com Não te deixarei morrer, David Crockett (2001) um conjunto de contos e textos dispersos. Em 2003, publicou o seu primeiro romance, Equador, que vendeu mais de 400.000 exemplares em Portugal, foi traduzido em 12 línguas e editado em cerca de 30 países, e adaptado para televisão em Portugal e no Brasil.