Estudar a história do nosso país e do mundo afigura-se aos olhos de muitos como algo enfadonho, custoso e, não raras vezes, inútil. A maior parte encara-a como uma obrigação confinada a uma disciplina no contexto escolar.

No entanto, a história assume um lugar crucial na panóplia de conhecimentos que adquirimos ao longo da vida, ao ajudar na compreensão do homem enquanto ser que constrói o seu tempo. A história está presente no nosso quotidiano e assume um efeito regulador sobre o Homem enquanto agente transformador do mundo. As ações do passado ajudam-nos a compreender o que podemos ser e fazer. Por isso, a história é a ciência do passado, mas também do presente.

Em Lousada, no passado fim de semana, realizou-se mais uma edição do Mercado Histórico, uma iniciativa que tem vindo a crescer, atraindo muitas pessoas. O convívio, os espetáculos, as iguarias, os divertimentos e os cenários pitorescos são algumas razões que atraem os visitantes, que, assim, fazem uma viagem no tempo. A história deixa de ser algo maçudo e assume feições de lazer. Estudo e prazer assumem uma simbiose perfeita.

Por isso, a organização do evento está de parabéns pelo trabalho desenvolvido, bem como todos aqueles que com ela colaboraram, especialmente as escolas e associações.

Na verdade, o crescimento do evento é desejável, mas também não é menos verdade que acarreta uma maturidade capaz de limar arestas e conseguir uma recriação histórica de acordo com os conhecimentos que temos do passado, não apenas interessada em atrair pessoas e aumentar o espaço geográfico de atuação.

Visto que as informações recolhidas do passado só nos são úteis se recriadas, compreendidas, interpretadas e questionadas, penso que, numa próxima edição, seria importante proporcionar mais informação ao público sobre as exposições, espetáculos… Quando nos deparamos, por exemplo, com um carrossel, parece-me útil a existência de uma placa informativa com dados históricos sobre este divertimento. O mesmo se passa com uma atividade comercial, um produto, certos espetáculos…

Era, de facto, interessante aprofundar o olhar sobre os elementos que constituem o Mercado Histórico. Embora na página do Município (e noutros locais) exista informação sobre o evento, repare-se que não é difícil encontrar nas redes sociais muitas referências ao acontecimento como “mercado medieval”, o que é revelador da visão superficial que existe ainda sobre o evento.

Para além das muitas atrações do Mercado, o local também foi por mim escolhido para jantar e confesso que, para o ano, não gostaria de regressar e ver batatas fritas de pacote e presunto em finas tiras de supermercado ao lado da rústica chouricinha. Não me parece que no século XVIII as batatas fritas assim apresentadas fossem uma iguaria apresentada nestes moldes. “Ui. Vês! Há séculos já havia destas batatinhas fritas!” Esta foi a interpretação do meu filho. Legítima. Teve, no entanto, o mérito de adensar a minha curiosidade sobre o surgimento das batatas fritas, que é aliás controversa.