Desde 2020, já 1126 alunos dos Agrupamentos de Escolas de Paredes e da Sobreira aprenderam a pedalar. O projecto de Desporto Escolar e o Biciclar 3.9 integram crianças dos centros escolares de Paredes, Mouriz, Sobreira e Recarei, dos três aos nove anos. A meta é que “desenvolvam as capacidades de equilíbrio e destreza para consequentemente aprenderem a andar de bicicleta”, estimulando a actividade física.

O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, esteve hoje na Escola Básica e Secundária de Paredes, no âmbito do projecto “Desporto Escolar sobre Rodas”, para presidir à entrega de bicicletas e kits de manutenção às escolas. Trata-se de um projecto de parceria entre o IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude e a Direcção-Geral da Educação, inserido no contexto do Programa de Recuperação e Resiliência. O Sistema Universal de Apoio à Vida Activa (SUAVA) conta com um investimento de cerca de 2,8 milhões de euros e vai permitir atribuir cerca de 20 bicicletas, capacetes e um kit de manutenção a cada escola.

A meta é, adiantou o governante, que até 2024 sejam entregues “cerca de 21 mil bicicletas e kits de manutenção em 863 escolas públicas do 2.º ciclo” para promover o bem-estar físico e emocional através do aumento da actividade física no país, a para que Portugal “progrida” no sentido de dar um passo “significativo”.

“É um objectivo ambicioso que irá contribuir para o aumento da actividade física na população em geral. O objectivo maior é contribuir para que o país passe a integrar, em 2030, o lote dos 15 países da Europa com maiores índices de actividade física”, referiu, frisando que, actualmente, “Portugal está na cauda da Europa”.

Este projecto de Desporto Escolar “é uma das frentes de trabalho” e para atingir as metas é necessária a parceria dos municípios, sendo “Paredes um município que aposta no desporto e na formação desportiva”, ressalvou o secretário de Estado.

E “incrementar a actividade física em contexto escolar”, significa que “cada bicicleta entregue multiplica por mais do que um, porque esses jovens vão contagiar os familiares para a prática desportiva”, acredita João Paulo Correia.

“Somos um dos concelhos mais jovens do país e fomentar a formação no desporto é um grande contributo para que jovens possam ter vida cada vez mais activa e saudável”, defendeu o presidente da Câmara de Paredes, sustentando que a autarquia se tem aliado a todas as iniciativas que visem o desporto escolar e que acredita que, com este novo projecto, vão aumentar os números de crianças que aprendem a andar de bicicleta nas escolas.

“Para nós andar de bicicleta era como andar a pé”, recordou. “Hoje em dia isso não acontece, instrumentos como as bicicletas são substituídos por smartphones e outros aparelhos. É fundamental este regresso às boas práticas do passado”, disse, apontando que, cada vez mais, as crianças têm falta de destreza e problemas de motricidade.

Muitas crianças não sabem andar de bicicleta

Mário Pinto, responsável pelo projecto Desporto sobre Rodas na Escola em Paredes, explica que tudo começou com o “Ciclismo sobre Rodas BTT” há cerca de cinco anos.

“Começamos a ver que as crianças gostavam da prática do ciclismo, tivemos o apoio da autarquia e fizemos parcerias com empresas locais. Fomos adquirindo bicicletas porque o nosso projecto é sobretudo inclusivo e não elitista. Procuramos ter uma frota de bicicletas que permitisse que, mesmo que as famílias não pudessem adquirir as bicicletas, as crianças pudessem praticar BTT”, explica o docente. Agora, quem tem bicicleta própria traz a sua, sendo que a escola tem cerca de 70 bicicletas para emprestar às crianças mais desfavorecidas. O projecto foi crescendo e já tem vertente competitiva, quer no Desporto Escolar quer no BTT federado.

“Neste momento há 150 crianças inscritas neste projecto, desde crianças que não sabem andar de bicicleta e vêm fazer iniciação até crianças que já dominam e vão aperfeiçoar e outros, em patamar mais elevado, que começam a competir”, refere o professor, que reconhece que “há muitas crianças que não sabem andar de bicicleta, mesmo no segundo e terceiro ciclo.

As bicicletas hoje entregues vão reforçar e permitir alargar o projecto a um maior leque de crianças, assume.

A prática de BTT ajuda as crianças a terem organização e espírito de sacrifício, capacidade de resiliência e de resolução de problemas, permite ter melhores resultados em termos de aproveitamento escolar e melhorar a atitude perante a escola, defende Mário Pinto. Além disso, o projecto também já ajuda crianças com necessidades educativas especiais, para trabalhar a socialização, e tem tido bons resultados.