Liberdade e felicidade genuína

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«Todos os homens desejam a felicidade, mas ao tentar descobrir o que os torna felizes, vão a tatear com muitas dificuldades». Esta frase é atribuída a Séneca e continua a ser muito atual.

Se nos perguntarmos honestamente o que é que nos faz verdadeiramente felizes, dar-nos-emos conta de que a resposta não é nada evidente: exige sinceridade, esforço e a coragem de não nos deixarmos arrastar pelo mais fácil e prazenteiro.

As virtudes, já diziam os antigos gregos, são belas e atraentes, mas exigem esforço e capacidade de sacrifício. Pelo contrário, os vícios, que nos prejudicam e nos tornam piores, são muito mais fáceis de pôr em prática.

E quantas pessoas, de todas as épocas históricas, procuram neles a sua felicidade!

Nesta vida há imensos paradoxos e a felicidade é um deles: todos desejam ser felizes e quase todos se queixam porque não o são.

Como diz Luís Rojas, para encontrar a felicidade devemos ter a capacidade de suportar o sofrimento porque, para gozar de um amor autêntico, é necessária a renúncia, que aparenta limitar a nossa liberdade.

Parece completamente paradoxal que, para alcançar a verdadeira liberdade, devamos dizer livremente que não a muitas coisas que nos apetecem mas não nos convêm.

Quando pensamos em pessoas que passaram à história pelo modo como viveram a sua liberdade, o que é que destacamos na sua vida?

É óbvio que não as admiramos porque sempre escolheram a sua comida favorita (sinal de uma liberdade de eleição, que não é a única dimensão nem a mais importante da liberdade). Também não as admiramos porque trocaram “livremente” e frequentemente de companheira(o) sentimental.

Admiramos, sim, pessoas que souberam libertar-se de tudo aquilo que as pudessem “escravizar” (egoísmo, comodismo, etc.) e entregaram plenamente a sua vida a algo (uma causa valiosa) ou a alguém, com generosidade.

E são exemplos admiráveis de liberdade e de felicidade genuína, precisamente porque souberam ser fiéis a essa entrega até ao final da sua vida.