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Um jovem de 30 anos, de Lousada, está a precisar de um transplante de medula para combater uma leucemia mieloide aguda. Pedro Rafael Teixeira é de Figueiras, mas mora em Lustosa, e está internado há cerca de dois meses no Hospital de São João, no Porto.

Nem a mãe nem o irmão são compatíveis e a família tem lançado vários apelos para que as pessoas se inscrevam como dadores.

“Esta mobilização não é só para ajudar o Pedro, vai permitir ajudar outros Pedros, outros Joãos, outros Zés que podem já estar ou poderão vir a estar nesta situação”, diz o irmão Tiago Teixeira.

“Acredito que vai aparecer alguém compatível, em Portugal ou no mundo”, salienta a mãe, Nilza Peixoto, frisando que o processo para ser dador é mais simples do que as pessoas pensam.

Tratamento inicial não resultou

Pedro Rafael Teixeira é engenheiro de energias renováveis e até há pouco tempo era saudável. O irmão Tiago conta que foi ao médico devido a uns quistos debaixo da axila, que o incomodava a movimentar-se. “Foi feita palpação e um exame e confirmou-se que não era nada de maligno. Mas o médico para ajudar a aliviar receitou um antibiótico”, descreve.

Seguiu-se uma dor de dentes que o levou ao dentista. O clínico achou-o pálido e abatido e quando detectou uma inflamação no dente depois de Pedro ter acabado de fazer antibiótico, estranhou. Aconselhou-o a fazer análises para ver o que se passava.

“No mesmo dia ele conseguiu uma consulta aberta com a médica de família. Depois foi fazer análises num sábado de manhã e o laboratório ligou-lhe à tarde a dizer que tinha valores muito alterados e devia dirigir-se às urgências o mais rápido possível”, refere Tiago Teixeira.

No Hospital de Penafiel, onde se dirigiu, pelas análises complementares apontaram para uma leucemia, mas só depois de fazer um mielograma, no Hospital de São João, no Porto, foi confirmado o diagnóstico: leucemia mieloide aguda.

“Ficou logo internado e começou a quimioterapia dois a três dias depois. Está em internamento há quase dois meses”, explica o irmão. Como os resultados do primeiro tratamento ficaram “aquém do expectável” e continua a ter picos de febre, “a procura de um dador compatível no banco mundial passou a ser a única hipótese”, adianta.

Ajudar o Pedro e outros que precisem

Mal foi internado, a família começou a alertar amigos e conhecidos para a doação de medula, apesar de, nessa altura, ainda não terem certeza se iria ser necessário o transplante. Há cerca de duas semanas têm-se mobilizado para pedir recolhas na região e divulgar os postos das brigadas móveis do Instituto Português do Sangue e da Transplantação e onde as pessoas se podem dirigir.

“A população está a mobilizar-se para ajudar o Pedro, em Lousada e concelhos vizinhos”, afirma Tiago Teixeira. O irmão, refere, “está esperançoso, mas começa a ficar cansado” e já se nota algum desgaste psicológico. “Mas quando falamos ele diz que vai continuar a lutar. E os médicos também se mostram positivos, porque 50% das pessoas que precisam de transplante encontram dador. Mas quanto mais rápido se conseguir o dador melhor”, sustenta o familiar.

A expectativa é que com esta mobilização se encontre um dador compatível, para o Pedro e até para outras pessoas que precisem. “Estas pessoas estão a aumentar o número de dadores no banco mundial. Queremos ajudar o meu irmão e também outras pessoas se for o caso”, frisa Tiago.

Processo é “simples”

Nilza Peixoto, mãe do Pedro e do Tiago, acredita que vão encontrar um dador e quer desmistificar o processo, que muitos pensam ser complexo e doloroso. “É um processo simples, quase comparado à hemodiálise” e que não deve assustar, sustenta.

Encontrado o dador serão feitos exames ao seu estado de saúde no hospital da área de residência. Durante uma semana serão necessárias injecções para estimular “as células genéticas”, descreve. O processo de doar implica a inserção de duas agulhas, uma em cada braço, sendo que por uma sai o sangue, que passa por uma máquina e é filtrado para recolher o material necessário, voltando a entrar no corpo do dador. O processo demora, no máximo, quatro horas, diz a lousadense. O dador vai depois para casa, sendo que muitos não relatam qualquer efeito e outros apenas algum cansaço nos dias seguintes, acrescenta.

A família está a tentar organizar uma grande recolha em Lousada, no início de Julho, face à mobilização da população. Se não ajudar o Pedro ajudará outras pessoas, já que as reservas de sangue em Portugal também precisam de reforço, realça Nilza Peixoto.

Para ser dador de medula é preciso ter entre 18 e 45 anos, ter no mínimo 50 quilos e 1,50 metros de altura e ser saudável.

Nos próximos dias, na zona do Porto, as brigadas móveis do Instituto Português do Sangue e da Transplantação vão estar em Matosinhos, Paredes (várias freguesias), Porto, Felgueiras, Póvoa de Varzim e Maia. Os horários e localizações podem ser consultados no site dador.pt.