Ilusionistas e Malabaristas

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As eleições regionais dos Açores estão aí à porta, mas, como é costume, pouco e poucos vão querer saber. É certo que no arquipélago vivem menos de 250.000 pessoas. Tem, portanto, uma população inferior, por exemplo, ao conjunto dos concelhos do Vale do Sousa, mas nem por isso deveria desmerecer o nosso interesse. Nestas ilhas moram as pessoas que, à sua maneira e a muito custo, têm sabido, no meio do Atlântico, manter o território como o torrão mais delicioso e valioso deste país à beira mar plantado.

Logo depois chegam as presidenciais. Apesar dos falsos tabus criados por mestre Marcelo e tão reverencialmente difundidos pela comunicação social, para nós – presumo que quase todos – resta apenas a dúvida sobre a percentagem que reelegerá o atual presidente.

E logo depois, eis-nos de novo em eleições. As autárquicas.

Em Paredes, o mandato passou quase sem darmos conta. A expressão é aqui usada em toda a amplitude que lhe quisermos dar. 

Mantiveram-se os métodos e processos cinzentos e pouco transparentes que se têm repetido mandato após mandato. Era assim no tempo longo em que o PSD geriu os destinos do concelho, continua assim depois de Alexandre Almeida, em nome do PS ter assumido as funções de presidente. Nada que nos espante, sobretudo se tivermos em conta que foi no PSD que este PS “recrutou” ou se deixou “colonizar” pelos atuais dirigentes. Muito menos nos surpreendemos se tivermos em conta que o atual presidente já pertence ao executivo pela terceira vez e completará 12 anos no poder ou ligado a ele.

A forma como estamos no poder quando estamos a ele ligado tem de deixar as marcas da diferença. Não vimos nos 8 anos em que o atual presidente foi opositor qualquer atitude que o distinguisse de quem lá estava. O balanço faz-nos crer que, pacientemente, esperava que o PSD caísse de podre para que o poder lhe caísse nas mãos.

Dito de forma mais crua – que não cruel – se a Celso Ferreira acusava de levar tudo para Lordelo, agora não faltará quem acuse Alexandre Almeida de só ver Rebordosa.

Se aquele PSD era acusado de clientelismo por oferecer empregos consoante o cartão dos candidatos, este PS criou e deu tantos ou mais empregos à endogamia dos velhos militantes socialistas ou aos cristãos-novos recrutados à pressa noutros partidos. Alguns deles nem valiam os votos que diziam valer. E não devemos estar enganados se dissermos que o PS satisfez mais clientelas em menos de um mandato do que o PSD em dois ou três. Escrevemos propositadamente “emprego”. Dar trabalho é outra coisa. E partilhar fotografias nas redes sociais não é trabalho. É passatempo.

Se Celso Ferreira era acusado de usar e abusar dos ajustes diretos para beneficiar os “amigos”, Alexandre Almeida não faz a coisa por menos. Aliás, começa a ser escandalosa a falta de critério nas “compras” feitas autarquia. Deixa de ser escandalosa e é condenável quando, como quase sempre faz, esquece as empresas do concelho.

Se Celso Ferreira nos prometia o paraíso com cidades inteligentes, arte nas cadeiras, pistas de formula1 e grandes cidades desportivas, Alexandre Almeida dá-nos o passado dos milhões que diz gastar em qualquer passo que dá. Nem que seja em passeios ao preço de escadas rolantes.

Concluímos, glosando um epíteto que foi atribuído ao presidente da câmara por Soares Carneiro, líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Paredes.

Com todas as letras acompanhadas pela respetiva explicação, Soares Carneiro apelidou Alexandre Almeida de malabarista. A Celso Ferreira chamavam ilusionista. Quem quiser que descubra as diferenças.

A Soares Carneiro faltou, contudo, dizer se a sua argumentação era a pré-apresentação a candidato à câmara pelo PSD ou se era um gesto de condescendência para permitir a candidatura do presidente da concelhia PSD. Nem que para isso Soares Carneiro se contente com um lugarzito de deputado. A este PS interessa mais a segunda possibilidade. Talvez se saibam mais coisas. Lá para Setembro.

Aos paredenses tudo isto pouco interessará se souber que há outros caminhos a percorrer.

Os caminhos de quem acredita no AMOR à sua terra ou à terra onde vive. Com estes partidos ou com outros. Com ou sem partidos, só a esperança num futuro melhor pode mobilizar-nos.

P.S.: a utilização da palavra em maiúscula é propositada e pode não ser despiciente.