É uma atitude de humildade reconhecer valor às ideias alheias. É uma atitude sensata e inteligente concretizá-las. É uma atitude individualista e deveras empobrecedora não as querer ouvir. Passa a ser ilegal e antidemocrática, quando a lei obriga a tal e se desrespeita a lei, que é cega, mas não surda.

De surdez parece sofrer o executivo da Câmara Municipal de Lousada, insensível às constantes chamadas de atenção para o tratamento antidemocrático da oposição. O caso não é novo: mais uma vez, o executivo socialista delimitou o papel e ação política da oposição, violando a lei, ao não ouvir os partidos políticos com representação nos órgãos deliberativos, no que diz respeito ao PPI e ao orçamento, de acordo com a Lei 24/98, de 26 de maio, que aprova o Estatuto do Direito de Oposição.

Esta foi a razão pela qual o PSD não pôde apresentar propostas que entende serem essenciais para a melhoria da vida dos lousadenses, como a duplicação da verba destinada às bolsas de estudo, a iluminação pública para todos os cidadãos, a repavimentação de várias ruas, a construção de um lar de acolhimento para idosos, entre tantas outras amplamente divulgadas aquando da campanha eleitoral.

O facto de não querer ouvir as propostas sociais-democratas não significa que as desconheça. Se não as ouviu, leu-as certamente. Executivo surdo, mas que não sofre, felizmente, de iliteracia. Foi, de facto, uma atitude sensata e inteligente o aproveitamento das ideias do PSD no que diz respeito ao prolongamento de horário a partir da 7,30 h da manhã nas escolas do 1º ciclo e jardins de infância e o transporte escolar gratuito extensivo aos alunos do ensino secundário. Muitas famílias ficaram a ganhar em qualidade de vida!

Chegados a este ponto, só podemos concluir que este executivo padece de falta de humildade, qualidade que todos (ou muitos) apreciamos, por ser condição de crescimento. Porque não há ninguém suficientemente grande que não possa aprender, nem tão pequeno a ponto de não poder ensinar. A frase não é minha, mas parece-me que traduz uma verdade incontestável. Portanto, temo que esta governação do concelho não tenha muito por onde crescer e se limite à reprodução dos procedimentos do costume, que nos deixam sempre “assim-assim”.

Tenho, contudo, uma réstia de esperança. Parece que o presidente da autarquia prometeu uma reunião para ouvir a oposição. Será o emendar do erro ou uma mudança de postura para o futuro?