Os representantes das distritais do Porto do PS, PSD, CDS-PP, Bloco de Esquerda e PCP, que participaram, ontem, na conferência que debateu a criação de uma nova linha ferroviária no Vale do Sousa, em Paredes, mostraram-se favoráveis à ideia.

Recorde-se que, a ser criada, a linha começaria em Valongo e atravessaria Paredes, Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras. Implicaria um investimento a rondar os 300 milhões de euros e beneficiaria 400 mil pessoas. O Governo já prometeu mais estudos.

Partidos concordam

O primeiro a intervir foi Fernando Barbosa, presidente da distrital do CDS-PP/Porto. Desde logo, argumentou que o problema só se resolve com união entre partidos. “O comboio foi e é um meio importante de coesão do território. Assistimos ao longo dos anos ao desmantelamento da rede ferroviária nacional. É preciso inverter este ciclo de abandono”, defendeu o centrista, lembrando que todos os países estão a investir na ferrovia e Portugal negligencia a sua.  Por isso, disse Fernando Barbosa, é preciso “alargar cordões à bolsa” e investir na modernização, em material circulante e em novas linhas. “Esta proposta está bem estruturada e faz sentido, traz crescimento económico, demográfico e reforço de mobilidade”, afirmou, com o CDS-PP a desejar que o Governo leve em conta o traçado proposto.

Também Maria Manuel Rola, representante da comissão coordenadora distrital do Bloco de Esquerda/Porto, se mostrou favorável a esta nova linha. “É com bons olhos que vemos qualquer proposta de investimento ao nível dos transportes públicos, sobretudo a ferrovia” que pode combater desigualdades e melhorar questões ambientais, defendeu. A representante do Bloco não deixou de lembrar o exemplo luxemburguês, onde se estão a implementar transportes colectivos gratuitos, e defende que é esse o caminho a seguir em Portugal. Até lá, frisou, “o investimento em material circulante e novas linhas são uma das formas de retirar o transporte individual do Porto”. Sobre o comentário do secretário de Estado, que pediu tempo e lembrou que o Metro do Porto demorou 13 anos a concretizar, Maria Manuel Rola deixou uma nota: “espero que não se demorem 13 anos na linha do Vale do Sousa”.

Critica idêntica teve Jaime Toga. “Não podemos aceitar que este projecto demore uma década a marinar”, sustentou o responsável pela organização regional do PCP/Porto.

Depois de falar no “ataque de sucessivos governos aos serviços públicos”, Jaime Toga não esqueceu o contexto da região. “Falar de mobilidade é falar da necessidade da conclusão do IC35, da abolição das portagens nas ex-scut e falar de regionalização. É preciso romper com a lógica de abandono das regiões do interior. A linha do Vale do Sousa facilitaria a mobilidade das pessoas e melhoraria a sua qualidade de vida”, afirmou.

Já Manuel Pizarro, presidente da Federação Distrital do PS Porto, elogiou o consenso partidário existente. “O diagnóstico da região está feito”, argumentou, destacando dois dados positivos, a intensa vitalidade demográfica e económica, mas não esquecendo a “mancha de desigualdade social, pobreza e exclusão social” existente na região. “Esta proposta, mérito dos autarcas, da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa e da Área Metropolitana do Porto, coloca na agenda política do país algo que não estava”, alegou o socialista, acrescentando que não se pode “ceder ao pessimismo” nem achar que tudo se resolve com “passes de mágica”. Manuel Pizarro deixou o compromisso de o PS com este projecto que considerou “estratégico” para a região e para o país.

Por fim, o social-democrata Alberto Machado salientou que o partido atribui relevância a esta ideia naquela que é a “região com rendimento per capita mais baixo da Europa” e que deve ser discriminada positivamente. “Esta luta pelo reforço da competitividade do território é uma luta do PSD”, garantiu o presidente da comissão política distrital do PSD Porto. Deixou, no entanto, duas dúvidas, quanto à morfologia do terreno e aos valores necessários para as expropriações. O PSD é favorável, afirmou, é favorável, mas são precisos mais estudos. Até lá, há coisas que devem avançar já como o reforço dos operadores de transportes públicos da região, defendeu. “Esta linha seria um grande avanço para o território, o consenso é total”, concluiu.