Um pouco por todo o país, professores de Norte a Sul estão em protesto contra as decisões do Governo na área da Educação, uma situação que tem levado ao encerramento de várias escolas. É o caso do Agrupamento de Paço de Sousa, com os portões encerrados do pré-escolar até ao terceiro ciclos.

Os professores deste grupo de ensino estiveram toda a manhã reunidos na EB 2/3 de Paço de Sousa, em plenário, promovido pelo sindicato S.T.O.P., o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação, que entretanto já anunciou que a greve e os protestos vão prosseguir por tempo indeterminado.

Ao Verdadeiro Olhar, Mariza Gonçalves, professora de matemática e ciências, na EB 2/3 do agrupamento, explicou que são “muitas as reivindicações dos professores”, sendo que uma delas passa pela “progressão na carreira”.

“Estão a tirar-nos tempo de serviço”, dando o seu caso como exemplo que “tem seis anos de trabalho na gaveta”.

A recuperação total destes anos em que as carreiras estiveram congeladas, uma reivindicação antiga dos professores, assim como as vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, são factores que tem prejudicado a sua progressão e estão na base desta contestação nacional.

Com 58 anos e professora há 34, Mariza Gonçalves recorda que teve a carreira congelada nova anos, sendo que, deste modo, “nunca vai atingir o topo”. Já está no 7º, “mas há muitos colegas que se mantém no 5º escalão”. Por isso, alega que se juntou a este protesto por si, mas também por “todos os colegas que até estão numa situação pior” que a sua.

Assim, tal como esta professora de Penafiel, os docentes “exigem recuperar o tempo de serviço”, frisou.

Também o “excesso de trabalho burocrático, que impede os docentes de se dedicarem, plenamente, às aulas e ao trabalho junto dos alunos”, merece a contestação da professora.

Para além deste ponto, este protesto pretende ainda rejeitar a “municipalização do ensino”, sendo que exige que os funcionários das escolas passem para a “tutela do Ministério da Educação”, recordou.

Sobre este assunto, o primeiro-ministro já veio refutar este argumento, dizendo que “não há municipalização”, acrescentando que a proposta do Governo visa sim permitir que as câmaras possam “fazer no segundo e terceiro ciclos e no secundário o que elas já fazem no primeiro ciclo e pré-escolar”, isto é, a gestão ao nível das “instalações e do pessoal não docente”.

Sobre o preenchimento de horários, António Costa também disse ontem aos jornalistas que “só se podiam contratar professores para darem um horário incompleto numa escola, mas, agora, o mesmo docente pode ter um horário completo, dando a mesma disciplina em várias escolas. Ainda assim, reconheceu que “em territórios onde há uma grande distância, isto não é possível, apenas nas zonas onde há uma relativa proximidade das escolas”.

Mariza Gonçalves é crítica em relação a esta postura do Governo, alegando que “é uma falta de respeito para com os professores. Não somos um serviço de entregas”.

E se por um lado os professores estão em greve, por outro, o fecho das escolas cria constrangimentos a alunos e pais.

Mariza Gonçalves relatou ao Verdadeiro Olhar que tem falado com pais, que tem filhos no agrupamento de Paço de Sousa, mas estes “estão solidários com esta postura dos docentes e funcionários”. Já para os alunos, considera que este protesto é visto como “um exemplo, porque “todos devemos lutar pelos nossos direitos”.

A terminar, e em nome dos colegas, a docente anuncia que “esta é uma luta para continuar” e só cessará quando os professores virem as suas exigências cumpridas, porque “se há dinheiro para tudo, tem que haver para a educação” que é o pilar da sociedade.

Foi no dia 9 de Dezembro, o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) deu início a uma greve por tempo indeterminado, que deverá manter-se, pelo menos, até ao final deste mês, estando prevista uma marcha em Lisboa no sábado. Desde então, outras estruturas sindicais promoveram protestos por todo o país, levando a vários fechos de escola nesta semana.