São públicos e notórios os gastos que a atual Câmara Municipal de Valongo, de gestão socialista, tem feito na comunicação do município e em particular na do seu presidente. A comunicação é de tal forma excessiva, até vulgar, que a “inauguração” de uma simples pintura de uma passadeira é publicitada no Facebook do município com meia dúzia de fotos de José Ribeiro. É claro que por cada foto, em que vemos o Presidente da Câmara de Valongo, devemos somar-lhe um fotógrafo, um motorista, dois técnicos municipais e mais três ou quatro assessores que, numa espécie de figuração, se juntam à estratégia de comunicação presidencial.
Um outro bom exemplo desta estratégia é o último boletim municipal distribuído em setembro, mas cuja data de publicação é de abril. Neste documento, de 60 páginas, o atual presidente só aparece em 71 fotos! No contexto metropolitano é difícil encontrar presidente com melhor desempenho fotográfico.
Mas em Valongo o problema não é a estratégia comunicacional do atual presidente, o problema é a falta de transparência de José Ribeiro que continua, de forma encapotada, a oferecer contratos milionários a gente amiga. Exemplo disso são os dois contratos, na área da comunicação, que José Ribeiro assinou recentemente e que estão no limite do admissível pelo procedimento utilizado – a consulta prévia, que permite a aquisição de serviços no valor inferior a 75.000€, sendo que ultrapassado este valor é obrigatório o concurso público.
Ora, em 18 de setembro de 2018, José Ribeiro assinou contrato com a empresa Longo Alcance – Estratégias de Comunicação, Lda, cujo gerente é Luis Miguel Viana. Luis Viana é conhecido em Coimbra por ter ganho vários contratos de prestações de serviço com aquela autarquia depois de ter estado envolvido na campanha do atual presidente da Câmara de Coimbra, o socialista Manuel Machado (https://www.noticiasdecoimbra.pt/camara-coimbra-paga-200-00000e-empresas-envolvidas-na-campanha-do-presidente-manuel-machado/). O contrato assinado com a Câmara de Valongo foi de 74.999€ acrescidos de IVA e o objeto do mesmo é a prestação de serviços de consultoria na área da comunicação. Este valor ficou a 1€ da obrigatoriedade de concurso público revelando, de forma evidente, a opacidade da atual gestão camarária! Por curiosidade, a mesma empresa tinha assinado em dezembro de 2017 um contrato idêntico, no valor de 27.126€ acrescidos de IVA. Pelos vistos não chegou!
Mas José Ribeiro não ficou por aqui e em 15 de outubro de 2018 assinou outro contrato, desta vez, com a empresa WGC Branding & Communication unipessoal, Lda, cuja gerente é Maria Manuela Couto, mulher do atual presidente socialista da Câmara de Santo Tirso e recentemente envolvida no âmbito da designada operação “Éter” (https://www.jn.pt/justica/interior/mulher-do-presidente-da-camara-de-sto-tirso-detida-no-caso-do-turismo-norte-10023944.html). O contrato assinado, no valor de 74.970€ acrescidos de IVA, tem por objecto a prestação de serviços de concepção e produção de produtos multimédia, marketing digital e design gráfico. Mais uma vez, e por uns escassos 30€, fugiu-se à obrigatoriedade de concurso público.
Mais, no âmbito da consulta prévia, a entidade adjudicante (CMV) é obrigada a convidar pelo menos três entidades à sua escolha a apresentar propostas. Ora, os presentes contratos fizeram confusão a muitos funcionários municipais que ficaram perplexos com a rapidez dos mesmos. Comenta-se que foram de tal forma rápidos que só as empresas contratatadas tiveram oportunidade de responder!
Por tudo isto é cada vez mais caro comunicar em Valongo. É que aqueles que enchem a boca com tanta transparência são os mesmos que fecham os olhos a tanta opacidade!
P.S.: Os contratos assinalados neste artigo podem e devem ser consultados em www.base.gov.pt, bastando para o efeito pesquisar o NIF do Município de Valongo – 501138960
