Foto: Portal UP (DR)

Chama-se Estrela Rocha Oliveira, é de Penafiel e estudante da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e venceu o Prémio da Fundação Ernesto Morais, no valor de 15 mil euros.

A notícia é avançada pelo portal da UP, Universidade do Porto, que explica que esta distinção valorizou o trabalho de investigação de translação intitulado “O papel do ácido hialurónico na fisiopatologia e progressão da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada” e que representa mais de 50% dos casos de insuficiência cardíaca, uma das principais causas de mortalidade a nível global, observando-se um aumento preocupante da sua prevalência devido ao envelhecimento da população.

Estrela Rocha Oliveira frequenta o 5.º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIMED), disse ter recebido este prémio, traduzido num apoio, “com enorme sentido de responsabilidade” e a verba “representa, não só um incentivo para intensificar” a sua atividade científica, mas também se trata de “um reconhecimento de todo o trabalho feito até à data. É muito importante que os estudantes de Medicina com interesse em fazer investigação possam ter acesso a apoios como este, dada a dificuldade geral e crescente em obter financiamento com este fim”, reage Estela Rocha Oliveira.

Orientada por Francisco Vasques-Nóvoa, professor da FMUP e investigador da Unidade de Investigação & Desenvolvimento Cardiovascular (UnIC@RISE), a jovem estudante entende que “os médicos devem procurar conciliar a investigação com a prática clínica” e que este tipo de apoio “estimula o desenvolvimento do espírito crítico e a aquisição de competências do foro científico, pouco abordadas durante o curso”, disse ainda ao Portal.

Já sobre o trabalho desenvolvido, a estudante de Medicina revelou que “este tipo de insuficiência cardíaca é muito característico de uma faixa etária mais avançada e está a associado à presença de comorbilidades cardiovasculares, nomeadamente a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, a obesidade e a doença coronária”.

Utilizada amplamente na cosmética pelo seu efeito hidratante, o ácido hialurónico naturalmente presente no organismo tem uma elevada capacidade de se ligar à água, o que lhe confere propriedades bem conhecidas na pele. Essa capacidade pode ser crucial para o controlo da quantidade de água retida no interstício miocárdico, existindo evidência que o seu excesso (edema) pode tornar o tecido cardíaco mais rígido e prejudicar o bom funcionamento do coração.

No futuro, os resultados deste estudo poderão “contribuir para a utilização do ácido hialurónico como um biomarcador de disfunção cardíaca e também como um potencial novo alvo terapêutico, através da modulação da atividade das enzimas responsáveis pela sua produção ou degradação”.

A Fundação Professor Ernesto Morais (FPEM) concede este prémio monetário para apoiar projetos de investigação científica nas áreas de Genética ou Imunologia e dirige-se a alunos de Medicina da Faculdade de Medicina, da Universidade do Porto (FMUP), e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).