Arnold Joseph Toynbee foi um historiador britânico que estudou o processo de nascimento, crescimento e queda das civilizações e, no final de uma das suas principais obras, escreveu: “Estamos bem informados? Não exagero se antevejo que o futuro da sociedade humana depende da resposta a esta pergunta.”

Vem isto a propósito do 15.º aniversário que o Verdadeiro Olhar celebrará no ano que daqui a pouco se inicia. Não sei se o futuro da sociedade depende desta pergunta, mas sei que é altura de perguntar se a região está bem informada e, ainda mais importante, qual tem sido o papel do Verdadeiro Olhar na informação da população.

É verdade que vivemos numa era em que tudo parece ser notícia, mas, muitas vezes, em que o que é realmente notícia não é sequer assunto. Vivemos numa época em que se confunde entretenimento com informação, em que os assuntos menos relevantes, só porque se tornaram “virais” nas redes sociais, dão lugar a debates públicos. Vivemos um tempo em que um advogado pode comentar sobre saúde pública, economia, gestão e até futebol (às vezes, até comenta assuntos de Direito). Uma época em que os domínios da comunicação estão cada vez mais imprecisos e ambíguos.

Na imprensa regional, a informação, na maioria dos casos, está comprometida com os interesses dos autarcas: estes vão dando o que os jornais vão mendigando e os jornais procuram agradar aos que lhes dão as esmolas, fingindo que informam. Existe claramente uma subversão de papéis entre jornalismo e poder político.

Por tudo isto, entendo que o próximo ano deve servir para reanalisarmos a nossa influência, ao serviço dos interesses dos habitantes da região. Cabe ao Verdadeiro Olhar informar, mas, ao mesmo tempo,fazer análises críticas que permitam criar opiniões esclarecidas. Ser ainda menos caixa de ressonância das notas de imprensa produzidas pelos municípios, estar ainda menos presente nos eventos públicos que servem apenas para a promoção dos políticos e, usando a verdade dos factos, trazer para a discussão assuntos que muitas vezes passam despercebidos da opinião pública, construindo responsavelmente uma realidade que promova a exposição dos grandes problemas e a defesa do interesse público.

A liberdade editorial é uma conquista que não queremos perder.

Desejo-lhe um ano de 2022 cheio de boas notícias e com saúde!