A realização de eleições intercalares é por si só um acontecimento de natureza extraordinária.

A sua realização decorre da lei, quando os partidos políticos ou movimentos de cidadãos com assento nos diferentes órgãos, não conseguem entendimento que permita a constituição do executivo e respectiva assembleia.

A convocação de eleições intercalares é o corolário lógico, quando diversos membros eleitos, renunciam aos mandatos para os quais foram eleitos pela população, impossibilitando a constituição dos órgãos.

No caso concreto da freguesia de Croca, os eleitos pela coligação Penafiel quer e pelo movimento independente “Dar as mãos por Croca”, renunciaram aos respectivos mandatos, inviabilizando as propostas apresentadas pelo presidente reeleito pelo PS, António Libano.

A legitimidade política de quem ganha as eleições sem maioria, e pretende constituir um executivo com pessoas da sua confiança politica e pessoal não se questiona, e, do mesmo modo, também não se questiona, aqueles que tendo retirado a maioria ao presidente reeleito, queiram condicionar e integrar os respetivos órgãos autárquicos.

Todavia, é de registar, o facto que aquele que ganhou com toda a legitimidade as eleições, não pretender ser presidente a todo o custo.

Ou seja, António Libano, se quisesse ser presidente por ser, já teria constituído o executivo há muito tempo, bastando para tal ceder às pressões (legitimas) dos seus oponentes.

Isto porque, ao abrigo da lei das autarquias locais, o primeiro eleito da lista mais votada, assume directamente o cargo de presidente.

No caso específico de Croca, António Libano.

Com estas reflexões pretendo realçar a coragem do presidente reeleito, que ao permitir com a sua atitude, devolver a voz ao povo, demonstra uma determinação, garra e desprendimento que escasseiam na vida pública e política.

Assistimos a casos similares, em que a negociação dos primeiros eleitos impera até ao limite para, por um lado, se impedir a realização de eleições, e, por outro, aquele que ganhou, não correr o risco de num acto eleitoral novo ser colocado em causa, podendo até perder as eleições.

O despacho assinado pelo Secretário de Estado das Autarquias Locais, na sequência da comunicação (obrigatória) ao Governo, em fevereiro, por parte do presidente da Câmara Municipal de Penafiel, dando nota da renúncia de vários membros efetivos e suplentes da Assembleia de Freguesia de Croca, marca assim uma contenda eleitoral na Freguesia, agendada para o próximo dia 27 do corrente mês.

A coligação Penafiel Quer, que ficou em segundo lugar nas autárquicas de Outubro de 2017, a cerca de 80 votos do presidente António Libano desiste da candidatura em prol de um movimento independente novo, e não para o que ficou em terceiro lugar nessas eleições, a cerca de 100 votos.

Esta atitude da coligação Penafiel Quer, até pode parecer estranha, pois um dos objectivos da nova comissão política concelhia laranja, é justamente ganhar Croca, na sequência das palavras proferidas pelo novo líder eleito, aquando da sua tomada de posse.

Mas na prática e com os dados lançados, a coligação nem ganhará nem perderá Croca, é aquela velha máxima de “tentar passar na chuva sem se molhar”.

Exemplificando:

Não ganhará, porque a coligação Penafiel Quer abdicou da sua candidatura e da candidata que ficou a cerca de 80 votos da vitória, mas da mesma forma não perderá, porque o movimento “ pseudo independente” apesar de ser apoiado pela coligação Penafiel Quer, será independente se der jeito apenas, e servirá sempre, para os responsáveis políticos locais se desculparem de um eventual insucesso eleitoral.

Porém em Croca, há um dado que ninguém pode nem deve escamotear.

António Libano, é neste momento a personalidade política de Penafiel mais mediática, não só pela forma como afrontou (na defesa dos interesses de Croca) o executivo municipal e a coligação Penafiel Quer, e bem assim, porque não cedeu a terceiros, mantando-se fiel às suas convicções profundas de pretender apenas liderar a freguesia com maioria.

Dia 27 será o tudo ou nada, e são estas atitudes que diferenciam a personalidade das pessoas, goste-se ou não do estilo, mas que não cedem a pressões nem a conformismos momentâneos.

Sem colocar em causa, a legitimidade de ambas as atitudes, sou do entendimento que quem ganha deve sempre ter a possibilidade de formar o executivo e ser a posteriori julgado pela sua acção ou inação.

Conheço o António Libano há muitos anos, tendo tido aliás, uma quota parte de responsabilidade, pela sua eleição em 2013 como Presidente de Junta, quando lhe enderecei o convite para liderar a candidatura, que mereceu a sua aceitação.

Pelo que fez, pelo que tem feito, e por ter já vencido duas eleições consecutivas na sua freguesia merecerá uma nova oportunidade para colocar toda a sua energia, empenho, determinação e inteligência em prol dos concidadãos de Croca.

Croca, deve optar na minha óptica pela continuidade, pela experiência, pelo inconformismo, e pela vontade de fazer Mais e Melhor.

Já dizia Mário Soares: “Só é vencido quem desiste de lutar” e, no caso de António Libano, mesmo antes do resultado das eleições intercalares é já um vencedor.

O povo de Croca sabiamente decidirá o que quer para a sua freguesia, e todos os intervenientes deverão respeitar a vontade suprema dos eleitores!