A confusão continua na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cete. Depois de, em Janeiro, um grupo de bombeiros ter entregado os capacetes e pedirem a passagem ao quadro de reserva, em protesto contra o comando e a direcção da corporação, os ânimos continuam exaltados.

Já em Fevereiro um grupo de associados subscreveu um abaixo-assinado a exigir uma assembleia-geral que foi recusada. Agora, um associado – Luís Nunes – convocou uma assembleia geral para este domingo, às 10h00, com base num conjunto de assinaturas de outros associados, com um único ponto: destituir a direcção.

Em comunicado, a direcção dos Bombeiros de Cete, liderada por Celso Moreira, diz que esta assembleia foi convocada “à revelia” e que é “completamente ilegal”. Por isso, no domingo, as portas do quartel estarão fechadas para a população e associados. “Não vai ser possível a permanência nas nossas instalações. Só assim é que podemos garantir o socorro a pessoas e bens nas freguesias da nossa área de intervenção”, refere o documento.

Ao JN, os sócios garantem que a reunião vai mesmo acontecer.

Assinaturas falsificadas, sem correspondência com associados ou de quem não paga quotas

Num documento enviado ao CDOS – Comando Distrital de Operações de Socorro, com o conhecimento do presidente da Câmara Municipal de Paredes, do vereador da Protecção Civil, do presidente da Assembleia da Associação Humanitária, do presidente da Junta de Freguesia de Cete, da Liga dos Bombeiros Portugueses e de Luís Manuel Abreu Nunes, o associado que convocou a assembleia, a direcção lembra que os movimentos para a destituição dos actuais órgãos começaram com os 22 bombeiros voluntários que entregaram os capacetes porque a direcção não destituiu o Comandante do corpo activo como era pedido.

“Desde então, esses 22 bombeiros voluntários apoiados por alguns amigos, fizeram chegar a esta direcção dois (ou três) requerimentos com pretensas assinaturas (os estatutos da Associação exigem 100) a fim de a direcção proceder a uma convocatória para uma assembleia geral extraordinária com o único ponto, a destituição da direcção”, explica o comunicado.

Mas os “requisitos legais e estatutários” que o permitiram fazer nunca foram reunidos, garantem, sendo que nos documentos entregues existiam “várias assinaturas falsificadas de associados”; noutros casos apenas um nome, sem mais identificação; assinaturas não reconhecíveis; assinaturas que não podem ser tidas em consideração porque os associados não pagam quotas “há mais de três anos”; além de que não há no documento das assinaturas “manifestação inequívoca de vontade no sentido de ver convocada assembleia geral”.

“Por outro lado, comparando-se os requerimentos recebidos, verifica-se que várias ‘assinaturas’ com o mesmo nome e número de sócio são completamente distintas umas das outras, pelo que estamos perante matéria reunida e a participar ao Ministério Público”, sustenta a direcção liderada por Celso Moreira.

Os dirigentes continuam a assegurar que “não está nem nunca esteve em causa o socorro às populações, bens ou área florestal das freguesias abrangidas” pela corporação.

Desde 19 de Janeiro até 22 de Março foram realizados 1.170 serviços, que resultam numa média de 20 auxílios por dia.

Também a direcção continua a exercer todas as funções para as quais foi eleita, garante o comunicado, dizendo que toda esta situação não passa de “um assalto” à associação humanitária, organizado pelo grupo de bombeiros discordantes.

“Esta direcção reforça e acrescenta que a motivação dos 22 bombeiros voluntários que entregaram os capacetes nada tem a ver com a direcção, à qual não apontam qualquer problema ou irregularidade, mas sim com o comandante. Devido aos procedimentos disciplinares de que foram alvo e, estando-se aproximar a época dos incêndios, vão deixar de receber 45 euros por dia, que receberiam se estivessem no activo. Eles é que quiseram ir embora. Ninguém os mandou embora e nem os impede de regressar”, sustentam, desafiando-os a requerer ao Tribunal a convocatória de uma Assembleia.

“Nos termos estatutários e legais, a direcção tem o dever de se pautar pelo princípio da boa administração, pelo que não vai aceitar a realização de qualquer assembleia à revelia, realizada de forma forçada e ilegal”, termina o comunicado.