Há uma semana, cerca de 50 pessoas manifestaram-se em frente à Assembleia da República em defesa de uma deputada do Livre, usando argumentos pouco sérios. As televisões e os jornais acorreram ao local para cobrir a manifestação desta meia centena de apoiantes do partido.

No sábado, milhares de pessoas saíram à rua em Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Viseu para participarem na Caminhada Pela Vida. Não era uma manifestação partidária, nem tão-pouco organizada por um qualquer sindicato. Eram cidadãos anónimos, novos e velhos, crianças às cavalitas dos pais, famílias inteiras a desfilar num sábado de tarde e a exigirem a defesa da Vida Humana desde a concepção até à morte natural. Só em Lisboa, a caminhada, que percorreu várias ruas, chegou junto à Assembleia da República com dezenas de milhar de pessoas. Toda a gente viu. Melhor, todos não: a generalidade da imprensa nacional ignorou o assunto. Nem o facto de esta caminhada ter sido apadrinhada por Fernando Santos, o seleccionador nacional, foi suficiente para a Comunicação Social nacional lhe dedicar alguma atenção.

Esta caminhada aconteceu no dia seguinte ao Bloco de Esquerda ter apresentado, no primeiro dia da nova legislatura, um projecto de lei que visa despenalizar a prática da eutanásia em Portugal. Por isso, estas pessoas quiseram dizer aos deputados que se quiserem avançar com a despenalização da eutanásia, vão juntar as 60 mil assinaturas necessárias e pedir um referendo nacional para tentar que o Estado não pague para matar pessoas doentes ou idosas.

Fernando Santos disse que “defender a vida é defender a dignidade humana, defender a humanidade”. E eu acrescento, mesmo que a Comunicação Social ignore e tente silenciar os movimentos cívicos.