Alfredo Meireles, residente em Lousada, foi o vencedor do concurso do melhor capão vivo que decorreu, esta manhã, em Freamunde, prova que contou com dez finalistas.

“Estou muito contente. Este foi o meu segundo primeiro prémio, já tinha tirado um segundo lugar. Estava expectante, mas nunca imaginei que pudesse voltar a fazer um primeiro lugar até porque este ano a concorrência foi bastante apertada e apareceram excelentes exemplares”, expressou, sustentando que é criador há cerca de sete anos e que vem ao concurso para dar potenciar as vendas e angariar potencias clientes.

Ao Verdadeiro Olhar., Alfredo Meireles, esclareceu que este ano criou 60 capões, tendo  inúmeras encomendas, sendo cada vez mais as pessoas que o contactam para adquirir os seus capões.

“Obviamente que este primeiro lugar ajuda a dar visibilidade ao negócio, reforçar as vendas e será seguramente uma oportunidade para continuar a investir neste negócio”, concretizou.

Sobre a criação do capão,  Alfredo Meireles referiu que esta é uma ave que requer muita atenção, uma aplicação diária, dispêndio de tempo e dinheiro.

“São cerca de oito a nove meses que é necessário para se criar um capão, é preciso investir em milho e farinha. Estamos a falar de uma actividade muito dispendiosa. Só em 60 capões gastei cerca de dois mil e quinhentos quilos de milho”, confessou.

Maria Meireles, segunda classificada, de Paços de Ferreira, não escondeu a satisfação de ter arrecadado o segundo lugar.

“Costumo concorrer, sabia que existiam outros concorrentes que estavam a lutar pelo mesmo objectivo, mas acabei por ser eu a obter o segundo prémio, o que me deixou feliz”, expressou, assumindo que herdou a paixão  pela criação dos capões da sua mãe, sendo uma das criadores mais procuradas no concelho.

“Tenho um pequeno espaço em casa onde faço produção e todos os anos felizmente não tenho mãos a medir. Tenho encomendas de toda a região, mas também, de outros pontos do país, como Covilhã, Guimarães e outros lugares”, conta.

“Este ano já não tenho capões. Vendi bastante e tenho clientes que consomem muito este tipo de carne e preferem degustar o capão até no Natal, em vez do tradicional bacalhau”, acrescentou.

Marco Rodrigues, terceiro classificado, residente em Freamunde, mostrou-se igualmente lisonjeado pela obtenção do terceiro prémio.

“Fico agradecido pelo terceiro lugar, este ano o concurso contou com excelentes exemplares, o que dificultou a tarefa do júri”, disse, salientado produzir uma média de 120 capões, sendo o maior produtor em Freamunde e dispor de uma área de criação de cerca de dois hectares.

“Tenho inúmeras encomendas, só que a produção tem de ser sempre calculada e planificada, porque corremos o risco de ter de ficar com o excedente porque estamos a falar de uma ave que só se vende nesta altura do ano. Em todo o caso, para o ano quero criar ainda mais capões”, avançou.

Falando da importância do concurso do melhor capão vivo para a cidade de Freamunde, Marco Rodrigues reconheceu que o concurso é um veículo que ajuda a dar visibilidade aos pequenos produtores, é já um cartão de visita para muitos apreciadores da iguaria que contribuiu para fomentar todo um sector.

“Não é pelo dinheiro do prémio, mas obviamente que ser reconhecido num concurso como este dá uma motivação acrescida para que possamos ver o nosso trabalho e esforço recompensados”, afirmou.

O vice-presidente da Associação de Produtores do Capão, João Paulo Carvalho, assumiu que a edição deste ano além das condições logísticas contou com capões de excelente qualidade.

“Estamos a falar de um produto de qualidade e sem criadores não havia a Semana Gastronómica e o concurso vivo. Com esta iniciativa queremos que o produto e os criadores sejam respeitados. Estamos a falar de um trabalho muito difícil que abrange já três concelhos, embora o epicentro seja Freamunde”, confirmou, sustentado que o organização, este ano, também reforçou o patamar de exigência.

“Colocamos mais exigências na criação, na forma de castrar, na penugem no animal em si. Há um caderno de encargos que é exaustivo. São nove meses para criar um capão, alimentar um bicho até que chegue aos seis, oito quilos. Existem cuidados a ter. Temos também feito um esforço no sentido de junto dos criadores motivá-los a melhorar o pasto, os galinheiros, a alimentação que tem de ser 80% de grão”, avançou.

João Paulo Carvalho realçou, também, que o capão é um produto que já passou a fazer parte de muitas unidades de restauração do concelho e país.

“As coisas estão a evoluir. No ano passado certificados 480 capões e este ano temos 868 animais certificados”, atestou, sustentando que a Associação de Criadores de Capão de Freamunde está a fazer um esforço juntamente com outros actores do sector no sentido de que seja possível ter capão para se vender todo o ano.

O vice-presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Paulo Sérgio, revelou a aposta nas condições logísticas, com a colocação de uma tenda, a utilização de caixas próprias para transportar as aves. “Este concurso evidencia a aposta que o município tem dedicado a este produto. O Capão de Freamunde é uma marca e uma referência que queremos continuar a potenciar”, atestou, esclarecendo que os restaurantes têm tido muitas encomendas e as perspectivas para as próximas semanas são de que as unidades de restauração no concelho continuem com as encomendas e reservas em alta.

O presidente da Junta de Freguesia de Freamunde, José Luís Monteiro, reconheceu que o concurso tem vindo a evoluir, é já uma referência entre os criadores e tem funcionado como um veículo para potenciar toda uma economia e dar a conhecer o concelho.

“Estão de parabéns os criadores e a organização, que apostou em melhores condições  de acondicionamento dos capões”, afirmou, sublinhando que Freamunde é, cada vez mais, a capital do Capão, movimentando vários actores ligados ao sector, dinamizando a gastronomia local.