É um dos valsousenses que faz reciclagem? Sabe o que acontece ao lixo que separa depois de entrar nos ecopontos – azul, amarelo e verde – ou de chegar a um ecocentro?

No Vale do Sousa existem duas estações de triagem onde os resíduos são tratados e separados antes de serem encaminhados para a reciclagem.

Fomos conhecer a Estação de Triagem de Lustosa, que recebe 10 toneladas de resíduos por dia. A Ambisousa – Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos do Vale do Sousa viu aprovada uma candidatura e vai reformular este espaço para ter melhor e maior capacidade de triagem e também melhorar as condições de trabalho dos funcionários.

Valsousenses separam mal

Todo o processo de reciclagem começa na separação de lixo em sua casa. Só são encaminhados para reciclagem os resíduos de papel/cartão, vidro, plástico e metal colocados nos ecopontos ou entregues nos ecocentros da região. Desengane-se se acredita que se colocar tudo no caixote do lixo alguém vai depois fazer esse trabalho de separação.

De facto, a Ambisousa conta com duas estações de triagem, em Rio Mau (Penafiel) e em Lustosa (Lousada), mas esses espaços destinam-se a separar os resíduos que já são encaminhados para reciclar, corrigindo eventuais erros de separação e preparando os resíduos para os recicladores que vão transformar esses materiais usados em novos produtos. O refugo, material que não pode ser reciclado, é separado e depositado em aterro ou enviado para valorização energética.

Diariamente chegam à Estação de Triagem de Lustosa cerca de 10 toneladas de resíduos provenientes da recolha selectiva, ou seja, colocados nos 1.029 conjuntos de ecopontos (1 papelão + 1 embalão + 1 vidrão) da região do Vale do Sousa ou nos ecocentros existentes em cada concelho.

Os materiais são descarregados pelos camiões que os transportam em áreas específicas para serem depois triados pelos 11 funcionários que trabalham em Lustosa.

Há muito trabalho a fazer. É preciso retirar elementos contaminantes – materiais que são colocados no ecoponto errado, como por exemplo uma saca plástica que foi depositada juntamente com o papel/cartão, mas também muito lixo que não devia ter ido parar ao ecoponto – e separar todo o material que vai para o ecoponto amarelo (plásticos, metal, embalagens tetrapak…). Toda a separação é feita manualmente. A excepção está no vidro, que é apenas depositado na estação e é separado pelo reciclador final.

“São cometidos muitos erros de reciclagem. As pessoas separam mal. Tem que haver mais sensibilização”, defende Daniel Lamas, director do departamento de Monitorização Ambiental, Estudos e Projectos da Ambisousa, que acompanhou o Verdadeiro Olhar numa visita, juntamente com Rui Pires, responsável pelas instalações de Lustosa.

Quando o processo de separação está completo, os materiais são prensados em cubos e ficam à espera de ser encaminhados para os recicladores.

 

Sistema de triagem do Vale do Sousa vai sofrer revolução

O sistema usado na Estação de Triagem de Lustosa é um dos modelos mais antigos. A Ambisousa quer optimizar o processo e já viu uma candidatura ao POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e eficiência no Uso de Recursos aprovada para reformular esta estação de triagem. Ao todo serão investidos quase 6,4 milhões de euros, com o co-financiamento dos fundos comunitários a chegar aos 85%.

“A nova unidade terá uma separação automatizada, mas sem perda dos postos de trabalho. Será uma melhoria das condições de trabalho para os funcionários, com mais segurança e higiene e optimização da forma de trabalho”, explica Daniel Lamas.

O concurso público ficará concluído em breve e a Ambisousa espera avançar com a obra ainda este ano. Será o maior investimento feito pela empresa intermunicipal até hoje.

O sistema de triagem vai sofrer uma autêntica revolução, com a estação a ser construída praticamente de raiz. “Será uma mudança muito grande. Será como passar de andar de carroça para andar de carro”, dá como exemplo o engenheiro responsável pelo departamento de Monitorização Ambiental, Estudos e Projectos. “Haverá uma melhoria no processo de triagem. Teremos maior capacidade de triagem e melhor capacidade de triagem. É preciso aumentar o fluxo de resíduos que chega às estações de triagem e isso depende da população e dos municípios”, acrescenta.

É que há uma coisa que não vai mudar: as pessoas têm que continuar a fazer a separação em casa.

 

“Vai ser muito difícil atingir as metas de recolha selectiva”

E há metas a cumprir. Até 2020, cada habitante do Vale do Sousa deveria encaminhar para reciclagem 32 quilos de resíduos. Neste momento, estão 10 quilos abaixo da meta.

“Vai ser muito difícil atingir as metas de recolha selectiva. A nova unidade vai ajudar mas não será suficiente. Vai ser preciso ajuda dos municípios. É preciso incentivar, dar algum beneficio a quem faz separação”, defende Daniel Lamas. “Pagar um euro ou dois a menos na factura da água já seria bom”, dá como exemplo. “É necessário as pessoas sentirem que vale a pena reciclar”, refere.

A candidatura contempla também um aumento na rede de ecopontos. Serão instalados mais 481 conjuntos nos seis concelhos, de acordo com o plano estratégico de resíduos elaborado por cada município, o que também poderá aumentar o fluxo de resíduos encaminhado para reciclagem.

Mas não chega. Também é preciso que as pessoas conheçam a realidade. “Nós estamos abertos a visitas. As pessoas não têm noção da realidade e ficam em choque quando vêm o tamanho do aterro e quando vêm a quantidade de plástico e metal que vai parar a aterro quando poderia ser valorizado”, realça o engenheiro.

Quer reciclar mas tem dúvidas sobre o que pode ou não colocar nos ecopontos amarelo, azul e verde? A Ambisousa dá algumas dicas no seu site.