Há 11 anos que Maria da Graça Soares, das Termas de São Vicente, Penafiel, começou a participar nos concursos de Melhor Broa de Milho e Melhor Pão-de-Ló na Agrival – Feira Agrícola do Vale do Sousa. Só falhou dois anos, um período difícil em que enfrentou um cancro no estômago. Custou-lhe, confessa. Já conquistou vários prémios, mas não é por isso. É porque participar, mesmo quando não ganha, a deixa feliz. “Tenho dois filhos, um na Alemanha e outra cá. E eles dizem ‘oh mãe porque é que se anda a consumir?’. Eu explico: ‘oh filhos isto parece que me ajuda a viver porque é uma coisa que eu gosto’”, conta a penafidelense.

Os vencedores | Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Maria da Graça Soares conquistou, ontem, mais um primeiro prémio no concurso de melhor broa. Será pelo menos o quarto nessa categoria que se junta a outros. “Sinto-me muito feliz, não por ganhar o prémio mas por estar aqui e ter tido saúde”, justifica. Em segundo ficou a Padaria Real de São Martinho de Recezinhos, Penafiel, e em terceiro Maria Duarte Gomes de Baltar, Paredes.

Ao todo participaram no concurso 10 concorrentes de Penafiel, Paredes e Marco de Canaveses.

Segredos estão na qualidade e nas “boas mãozinhas”

“Na primeira vez vim só com o pão-de-ló e fiquei muito surpreendida e até envergonhada, porque trouxe-o numa saca plástica dentro de um saco de papelão e os outros tinham-nos todos num safate com toalhas. Ganhei o primeiro prémio”, resume a mulher de 61 anos, das Termas de São Vicente. Seguiram-se muitos outros. Num dos anos ganhou dois prémios, um no concurso da broa e outro no do pão-de-ló.

O segredo, se o há, está na “boa qualidade de milho e de centeio e em boas mãozinhas”, acredita. O forno a lenha também contribui para o sucesso.

“Trabalhei sempre na agricultura, era filha de agricultores e éramos 10 irmãos, eu era a mais velha. Só comecei a cozer broa já depois de estar casada. Só quando a minha mãe não pôde por causa do reumatismo”, refere Maria da Graça. Isso foi há mais de 40 anos e a experiência ajuda à qualidade. “Quanto mais se trabalha mais profissional se fica”, acredita.

Foi vendendo pão-de-ló e broa a conhecidos e amigos. Há cerca de três anos enfrentou um cancro. “Quando fiquei doente tinha uma salinha onde me sentava e olhava para a vitrina dos meus prémios e parece que até me ajudava a viver. Não participei dois anos nos concursos com muita pena. As minhas filhas não queriam que voltasse porque ia apanhar muito calor a cozer. Mas quando vim tirei o primeiro prémio logo. Fiquei feliz. Foi um duplo prémio, o da saúde e o da broa”, conta a penafidelense.

Se ela aprendeu com a mãe ainda não passou os seus conhecimentos aos filhos. “A minha filha está sempre a dizer ‘qualquer dia vou aprender’. Mas ainda não aprendeu. Qualquer dia ensino-a”, promete.

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