O Complexo Desportivo das Laranjeiras volta a ser municipal já em Março. Foi aprovada, esta quinta-feira, em reunião de câmara, a expropriação daquele equipamento que inclui o pavilhão gimnodesportivo, o estádio e os terrenos adjacentes.

A expropriação “amigável”, segundo Alexandre Almeida, custará 1,6 milhões de euros, o mesmo valor que tinha sido oferecido pelo município em hasta pública, pelo anterior executivo, em 2017. Como a compra que não pode ser concretizada por falta de visto prévio do Tribunal de Contas, lembrou o presidente da Câmara Municipal, a única solução era esta. E o município chegou a acordo com a administração da massa insolvente e não vai perder os 320 mil euros dados de sinal na altura. “Ambas as partes ficam satisfeitas com o negócio”, garante o autarca.

A prioridade da autarquia será agora a requalificação do pavilhão e a sua conversão num multiusos, algo que poderá custar um milhão de euros, e perceber qual a solução a dar ao estádio. O edil já prometeu falar com o União Sport Clube de Paredes para perceber se quer voltar a jogar nas Laranjeiras.

Negócio vai custar 1,6 milhões de euros e câmara não perde sinal dado em 2017

Foi em 2008 que o Complexo Desportivo das Laranjeiras foi vendido pela Câmara de Paredes à Guedol Engenharia SA, por 8,5 milhões de euros. O objectivo era a construção de um centro comercial naquele espaço, uma obra que nunca avançou. A empresa entrou, entretanto, em insolvência e os equipamentos integravam a massa insolvente.

Em Janeiro de 2017, o anterior executivo comprou, em hasta pública, aquele espaço desportivo, por 1,58 milhões de euros, dando um sinal de 320 mil euros. Só que, por não ter dado visto prévio e por considerar que a compra violava a Lei dos Compromissos, o Tribunal de Contas vetou o negócio.

Seguiu-se uma negociação do actual executivo que pôs logo em cima da mesa a hipótese de expropriação. Pelo meio, aquele espaço desportivo foi classificado como zona de equipamentos no Plano Director Municipal para evitar o interesse de privados.

Depois de um ano de negociações, o processo expropriativo urgente foi aprovado, por unanimidade, esta quinta-feira, em reunião de executivo.

Segundo Alexandre Almeida, a avaliação para efectuar a expropriação “amigável” é semelhante ao valor que tinha sido a licitação da Câmara de Paredes em hasta pública, cerca de 1,6 milhões de euros. “A administração da insolvência não vê nenhuma razão para não aceitar a expropriação porque o valor que a Câmara iria pagar em 2017 vai pagá-lo agora”, assegura.

Por outro lado, conseguiram que a esse valor seja deduzido o valor do sinal. “No dia da escritura ser-nos-á entregue um cheque de 320 mil euros”, explica o autarca. Em contrapartida, o município compromete-se a devolver à massa insolvente cerca de 16 mil euros de IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), relativos a 2017 e 2018.

O processo segue para aprovação da Assembleia Municipal a 22 de Fevereiro. A escritura pública, conta o autarca, será realizada em Março.

Jogos principais do União no centro iam “dar vida a Paredes”, acredita autarca

A prioridade será a requalificação do pavilhão gimnodesportivo, que passará a assumir-se como multiusos. O projecto de requalificação já está, segundo o presidente da câmara, a ser desenvolvido. O investimento, adianta, poderá ascender a cerca de um milhão de euros. “É preciso substituir a cobertura, requalificar bancadas, balneários, revestimentos de paredes…”, descreve. A obra será candidatada a fundos comunitários no âmbito do PEDU – Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, e deverá ser financiada a 85%.

O que será dos outros espaços está em estudo. Em relação ao Estádio das Laranjeiras promete uma reunião com o União Sport Clube de Paredes para perceber se querem voltar ali a jogar.

“Temos que construir os balneários do estádio da Cidade Desportiva, que funcionam em contentores por baixo das bancadas. Vamos supor que entendem que os jogos principais deveriam voltar a ser feitos no Estádio das Laranjeiras. Em vez de estarmos a investir nos balneários da Cidade Desportiva podíamos requalificar este estádio”, dá como exemplo Alexandre Almeida.

A hipótese, que vai depender também do clube, “podia dar vida à cidade de Paredes”. Na Cidade Desportiva, continuavam as equipas de formação e os treinos. “Se houver entendimento ainda este mandato o clube volta lá”, garantiu. O investimento necessário de requalificação do estádio, entre bancadas e balneários, pode ascender a cerca de 500 mil euros, antecipa. Investimento que teria que ser realizado a expensas próprias da Câmara.

Também para aquele local pode passar o complexo de ténis, para deixar crescer a piscina de Paredes. Outra questão em estudo é a criação de um parque de estacionamento para dar apoio aos equipamentos. “Um equipamento daqueles não pode funcionar sem um bom parque de estacionamento”, sustentou Alexandre Almeida.