Quer um PS “íntegro e integrador” e acima de tudo levar para o partido três máximas: “dialogar, mobilizar, democratizar”. António Fernandez, militante do PS há mais de uma década, anunciou que será candidato à presidência da comissão política do PS Paços de Ferreira. A principal meta é “apaziguar” o partido, refutando quaisquer derivas “sectárias” que existiram no passado.

Uma candidatura que, salienta, representa um vasto conjunto de militantes e que não é “contra ninguém”.

Recorde-se que as eleições internas acontecem a 8 de Outubro. Será uma disputa com duas listas já que Paulo Ferreira, actual vice-presidente da Câmara, também já anunciou uma candidatura.

“Devemos abrir o partido à comunidade não permitindo que este se transforme num sistema fechado de homens providenciais”

“É imbuído de uma grande vontade de aprofundar o diálogo e a democracia interna do PS de Paços de Ferreira, com a intenção de agregar todos os militantes e simpatizantes socialistas e refutando derives sectárias, que apresento esta candidatura de um projecto e de um grupo de militantes a qual tenho o prazer e honra de encabeçar”, anunciou António Fernandez, numa carta aos militantes. O projecto quer “pensar o concelho a partir da matriz socialista”, ajudar a “perspectivar o futuro do concelho de forma coesa, consistente e harmoniosa, envolvendo todas as forças vivas e os demais organismos” e que quer ser “democrático, participativo, progressista, solidário, mas não assistencialista, ambientalista e ordenado, em que as pessoas sejam parte integrante das decisões”.

O candidato argumenta ainda que “urge dialogar, ouvir e respeitar todos os militantes e simpatizantes, desde os mais novos aos mais históricos, a quem devemos muito, abrir o partido à comunidade não permitindo que este se transforme num sistema fechado de homens providenciais”.

Ao Verdadeiro Olhar, António Fernandez esclarece que “nos partidos é completamente normal quando há eleições haver mais que uma candidatura”, sendo que esta “pluralidade de ideias” é importante para a democracia interna.

É por isso que se candidata, em representação “de um grande grupo de militantes do partido”. “Esta não é uma candidatura pessoal nem contra ninguém”, frisa.

Os seus objectivos, enquanto líder de comissão política, não serão diferentes de qualquer outro candidato, realça. “Qualquer candidato pretende que o partido cresça, jogar em cima da sua matriz socialista, continuar a gestão socialista no concelho. Obviamente sempre que aparecem listas diferentes se calhar há pequenos caminhos diferentes para chegar a esses objectivos comuns”, refere o militante.

A lista que encabeça reúne novos militantes, mas também históricos do partido, adianta sem citar nomes.

 Sem querer falar do passado e dos problemas recentes que levaram a distrital do PS a avocar o processo autárquico devido aos conflitos entre a comissão política e o presidente da Câmara e recandidato, Humberto Brito, António Fernandez admite que “há alguns problemas internos no partido” e que a meta é, com diálogo, “agregar toda a gente”. “Espero que essas derivas sectárias estejam no passado. Tem de haver diálogo. Temos de olhar para o futuro. A democratização do partido passa por dar a voz aos militantes”, sustenta. “Pretendemos que o partido seja de todos. Ninguém é salvador do partido, o partido tem de ser um todo e não pode estar preso a quatro ou cinco pessoas. Hoje sou eu e amanhã será outro. Devemos acabar com essa ideia de uma entidade divina que vai resolver tudo”, acrescenta ainda, assumindo que quer “apaziguar o partido”.

Caso vença, compromete-se a seguir o que for “melhor para o concelho nas próximas autárquicas”. “A matriz socialista está a ser cumprida no concelho e nós teremos que lhe dar continuidade”, diz, avaliando a gestão do executivo como positiva. “Como qualquer partido, em qualquer autarquia, há coisas muito boas e coisas menos boas, mas a minha avaliação é positiva”, conclui.

António Fernandez é engenheiro industrial e mora em Freamunde. É militante há mais de uma década e acompanhou o trajecto de Humberto Brito, desde 2009, tendo sido membro da Assembleia Municipal entre 2013 e 2017. Integrou a anterior comissão política, liderada por Armanda Fernandez, e fez parte do secretariado.