Valongo: Padaria com 300 anos continua a produzir pão em forno a lenha (C/VÍDEO)

Todos os dias, nesta altura do ano, são produzidos mais de 5.000 pães. São os produtos mais procurados, juntamente com a sêmea e a regueifa

0

À hora a que o pão sai do forno há quem faça questão de ir à Rua Dias de Oliveira, em Valongo, buscá-lo ainda quentinho. É assim há centenas de anos.

Na Padaria Irmãos Moreira, tudo é feito de forma artesanal e mantendo-se fiel à receita tradicional. O forno a lenha dá-lhe o sabor característico.

A produção, tanto do pão, como da regueifa, tem vindo a crescer. Nesta altura do ano, os padeiros fazem cerca de 5.000 pães por dia.

Em receita que ganha não se mexe

“O processo é simples, começamos a deitar farinha na amassadeira, misturamos o melhorante, botamos a água, depois botamos o fermento e o sal e amassa durante 20 minutos. Depois de amassar, tiramos a massa para a mesa, fazemos empelos e depois vamos à divisora e fazemos o pãozinho para pôr nestes tabuleiros que depois vão directamente para o forno. Cada tabuleiro leva 140 pães e todos os dias utilizo 220 quilos de massa”, explica Bruno Sousa, padeiro há 20 anos. Pelas mãos dele passam muitos dos milhares de pães ali produzidos no dia-a-dia.

A Padaria Irmãos Moreira tem cerca de 300 anos de história e mantém-se no mesmo edifício em que nasceu. Cândida Moreira e os filhos Pedro e Filipa estão à frente do negócio há três anos. “O meu sogro passou isto ao meu marido e eu estou aqui há 36 anos. Faço de tudo um pouco, sou polivalente. Atendo os clientes e quando fazemos a regueifa doce estou a meter a mão na massa”, dá como exemplo Cândida, que gosta do trabalho que faz.

Em termos do fabrico, garante, o pão continua a ser feito praticamente da mesma maneira. “É um pão artesanal, não sai todo do mesmo tamanho, mas leva os mesmos produtos, cortou-se ao sal que foi obrigatório, mas é feito da mesma maneira. É um pão delicioso, dizem os clientes”, atesta a proprietária.

O mais vendido é mesmo o pão, mas depois há a carcaça e a sêmea, também muito procuradas, o pirolito, o pão de forma, os bicos de pato e as arrufadas, e os bolos por encomenda. Cacete há o ano todo e regueifa é produzida ao fim-de-semana. A produção, diz, tem aumentado. “Estamos a fazer mais regueifinha e também um bocadinho mais de pão, que é bom sinal”, afirma Cândida Moreira.

Os sabores são os mesmos do antigamente, garante. “Tentamos todos os dias fazer ou o mesmo ou melhor. Manter sempre a mesma qualidade”, sustenta. Para tal contribui a qualidade da farinha, a qualidade da confecção e o forno a lenha, que ajuda “a 100%”.

Produção atinge pico no tempo frio

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Actualmente, no pico do Inverno são à volta dos 5.000 os pães que são produzidos diariamente. No tempo mais quente, a produção baixa. “Ao fim-de-semana temos clientes que vêm de fora buscar a nossa regueifa, o que é muito bom”, realça. No dia-a-dia, é igual: “o pão está a sair do forno e estamos a vender. As pessoas sabem e à hora que sai o pãozinho quentinho do forno estão aí”.

Além de vender directamente ao público, a Padaria Irmãos Moreira tem distribuição na rua. “O meu Pedro, que fez questão de ficar com a freguesia do pai, está na distribuição e na gestão também, o meu irmão António Meneses está na distribuição do pão e também é polivalente, ajuda em tudo e faz tudo, e tenho outro funcionário na distribuição porta-a-porta”, descreve Cândida Moreira. Na padaria são quatro pessoas.

O pão mantém a qualidade, e até já foi premiado em Valongo. A padaria não pretende mudá-lo mas quer crescer noutras vertentes. “Queremos fazer mais de algo que estamos a fazer muito pouco. Sai às quatro e chega às cinco e meia e já não temos pão com chouriço. Vamos tentar fazer mais para abranger mais clientes”, adianta.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar