Uns em bando, outros no contrabando

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O governo decidiu o “regresso às aulas” na medida do possível. Decidiu pouco, mas bem, porque não pode decidir mais nesta altura.

O primeiro-ministro disse tudo, menos aquilo de que muitos se esquecem ou não sabem.

O país precisa, aos poucos, de regressar à normalidade possível e, com as escolas fechadas, o país não funciona.

Mais do que pelo que os alunos aprendem, a escola tornou-se, nos nossos dias, no maior estabilizador social. A sociedade está organizada em torno da escola. Sem a escola não há economia que retome nem família que se organize. Sem a escola a sociedade começa a desagregar-se aos poucos. O aumento em 50% da violência doméstica, comparada em termos homólogos com o mesmo período do ano passado, é só uma amostra do que de pior se concluirá desta pandemia.

Da União Europeia, não há “coronabonds” que, ao que parece, seria a única medida que trataria cada país consoante as suas dificuldades. Como já quase nada resta dos princípios que levaram à sua fundação, os muitos “charters” carregados de notas hão-de chegar, mas em Portugal só deixarão 4.400.000 (quatro mil e quatrocentos milhões de euros). Isto, quando o governo afirma que está a perder 2.000.000 (dois mil milhões) em cada mês que passa. Já aos países mais ricos e que precisam de menos dinheiro chegarão os milhões que cada um quiser.

Percebe-se enquanto sistema capitalista, não se entende enquanto União, nem que fosse só económica. Adivinham-se dificuldades ainda maiores para Portugal e outros na mesma situação. Haver outros estados ainda piores do que nós de pouco nos valerá e nunca nos há-se servir de contentamento

Na minha terra, Paredes, ontem, foi o dia desde que se registou o primeiro infetado que o seu número mais aumentou. Vinte e cinco só num dia.

Não me espanta.

Uns andam em bando, outros no contrabando. Literalmente.

Quem tem a autoridade para mandar, deixou a fase das fotografias para passar à fase dos vídeos, como se os seus movimentos obrigassem os outros a parar. Nem que fosse só para os ver. Enganaram-se.

A próxima terça ou quarta feira dir-nos-á até que ponto ” um fraco rei torna fracos os seus súbditos”.

Boa Páscoa, em confinamento.