Grupo reuniu este domingo para debater o tema

O espaço “Sabores da Retorta”, do Grupo Dramático e Recreativo da Retorta, fica este ano de fora da V edição da Feira da Regueifa e do Biscoito e do Mercado Oitocentista, que decorre de 30 de Maio a 3 de Junho.

Segundo o grupo, a decisão da Câmara Municipal de Valongo, a pouco mais de um mês de distância do evento, apanhou a associação “desprevenida” e deixou todos “incrédulos”

“A nossa presença no Mercado Oitocentista foi sempre considerada, fazendo inclusive parte do Plano de Actividades e Orçamento que, no início do ano, foi comunicado ao município. Aliás, a presença no evento, que acontece desde sempre, foi abordada várias vezes com os técnicos municipais, nomeadamente com o anterior Chefe de Divisão, e nunca foi colocada a questão da não possibilidade da nossa presença”, argumenta o Retorta em comunicado.

Foto: Câmara de Valongo

Ao Verdadeiro Olhar, o presidente do grupo diz que nada tinha sido comunicado sobre a exclusão do evento até pedirem uma reunião com o presidente da Câmara, no passado dia 19. Nessa altura, José Manuel Ribeiro terá alegado que deve “imperar uma lógica de rotatividade entre as associações”. “Nós sempre defendemos a participação de outras associações. O Mercado só cresce se envolver mais gente. Mas só a nossa associação foi excluída. Daí a nossa revolta. Está a dar oportunidade a todos menos ao Retorta”, lamenta João Paulo Pereira.

“Demos várias vezes como exemplo a Feira Medieval de Santa Maria da Feira ou o Mercado à Moda Antiga de Oliveira de Azeméis, festas onde estão dezenas de associações, lado a lado, onde todos cabem e todos angariam receitas para as suas causas. Em 2017, por exemplo, a Comissão de Festas de São João de Sobrado juntou-se a nós e todos ganhámos!”, argumenta o Retorta.

Em comunicado, o Grupo Dramático e Recreativo, com sede em Campo, afirma que “a regra criada, este ano, pelo presidente da Câmara é errada e injusta: errada porque a rotatividade limitará o crescimento do Mercado Oitocentista e contribuirá para a sua estagnação; injusta porque ignora todo o investimento que a Retorta foi fazendo ao longo dos anos em equipamentos e em pessoas e que muito contribuiu para o sucesso da iniciativa. É verdade que sempre recebemos uma verba da câmara, mas também é verdade que sempre investimos mais do que aquilo que nos davam”.

De acordo com João Paulo Pereira, todo o apoio dado pelo município à colectividade foi investido no próprio mercado, uma actividade que é já uma referência nas actividades anuais do Grupo e que não querem perder, em mesas, bancos, arcas frigoríficas, tendas, iluminação, som, louça, guarda-roupa, entre outros. “A nossa tasquinha é um espaço de convívio para associados e amigos. Todos os dias costumam passar por lá cerca de 500 pessoas. É uma ajuda importante na angariação de verbas para a nossa obra da sala de espectáculos”, explica.

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“Aceitamos perfeitamente que outros queiram participar – mesmo que antes não o quisessem – é normal, mas não compreendemos nem podemos aceitar que tal vontade seja motivo para nos excluir da festa. Para os que andam mais distraídos, o dinheiro que angariámos nos ‘Sabores da Retorta’ está investido numa obra, enorme, que estamos a construir na Rua 1.º de Maio em Campo. Uma obra que cresce ano após ano e que se pode ver, uma obra que é alimentada com o voluntariado de mais de 70 pessoas que, de forma gratuita, nos ajudam na tasquinha e no mercado e pelos milhares de amigos que frequentam o espaço e dessa forma provam os nossos petiscos e nos ajudam a angariar receitas”, critica o grupo.

Este domingo, cerca de 50 dos envolvidos no projecto reuniram-se para debater este afastamento do evento e decidir o que fazer.

Segundo o responsável pelo grupo vão manter a tasquinha dos Sabores da Retorta nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Valongo, doando parte da receita à instituição.

Contactada, a Câmara Municipal de Valongo não explica a exclusão do Grupo nem que associações foram convidadas para integrar o certame, mas diz-se “empenhada e concentrada na promoção da panificação enquanto património e marca identitária muito importante para a cidade e concelho”.

“O executivo municipal entende que devem ser dadas oportunidades a novas colectividades para participarem nos espaços de gastronomia, que passarão a ter uma nova imagem comum, pelo que introduziu uma lógica saudável de rotatividade anual”, explica informação escrita enviada ao Verdadeiro Olhar.

Por outro lado, o executivo liderado por José Manuel Ribeiro diz “não compreender a reacção estranha da referida colectividade à abertura dos espaços a outras associações, que há muito reclamam idêntica oportunidade de participação na Feira da Regueifa e do Biscoito, pois a referida associação foi sempre apoiada e envolvida, ao longo de quatro anos, em inúmeras iniciativas do município”.

“Apesar de surpreso com este comportamento, o executivo municipal apela ao bom senso no sentido de não se prejudicar o que é verdadeiramente relevante e que é a promoção de uma tradição tão importante para as pessoas e para a comunidade como é a Regueifa e o Biscoito”, termina o comunicado.