Está a terminar o mandato 2013-2017 do Poder Local. O Partido Socialista em Paredes efetuou um balanço que apresentou na última Assembleia Municipal. Ano após ano, em cada assembleia, os socialistas votaram favoravelmente o que lhes parecia adequado e alertaram para o que consideraram desajustado. O PS há 24 anos que está em minoria. Com a maioria absoluta, o PSD aprovou o que quis e se não aprovou foi porque simplesmente não quis. Mesmo assim, grande parte das propostas apresentadas pelo executivo foram votadas favoravelmente pela bancada do Partido Socialista, confiando nos técnicos da Câmara.

Votaram contra, sim, nas decisões de orientação puramente política, principalmente quanto á forma como é, ou foi, gerida a autarquia. Aqui há manifestamente muito que os separa.

Os elementos da vereação e da assembleia municipal do Partido Socialista criticaram duramente os orçamentos hipertrofiados e ilusórios de uma riqueza que não temos. Criticaram duramente a má gestão dos dinheiros públicos. Discordaram da relação da autarquia com as Juntas de Freguesia, favorecendo umas em detrimento das outras. Votaram contra a anexação das freguesias. Foram contra a venda do património público sem estarem asseguradas as contrapartidas. Criticaram a falta de controlo e acompanhamento das construções públicas, nomeadamente das escolas onde diversos problemas foram detetados. Problemas inaceitáveis tendo em conta o custo que essas construções atingiram. Propuseram que se baixasse o IMI para a taxa mínima, acompanhando o que era feito pelos concelhos vizinhos. Propuseram que se mantivesse o transporte gratuito para as escolas tal como foi prometido. Criticaram o facto de não se continuar a estender o saneamento básico pelo concelho. Criticaram a falta de diálogo com as cooperativas distribuidoras de água, entaladas pelo negócio efetuado entre a autarquia e a concessionária Veólia/BeWater. Opuseram-se à alteração do trânsito na cidade de Paredes. Organizaram debates públicos e propuseram a anulação das medidas tomadas contra a vontade dos comerciantes e da maioria da população.

Enfim, se estiveram de acordo em muitas propostas também não deixaram de mostrar as suas divergências e, contrariamente ao que gostam de dizer, também fizeram as suas propostas, embora naturalmente ignoradas pela maioria governante.

Algumas delas eram tão válidas que hoje fazem parte das prioridades dos candidatos à autarquia na continuidade do regime. Refiro-me á Taxa do IMI, ao pagamento dos manuais escolares até ao 12º ano, à revisão da circulação automóvel na cidade de Paredes, à recuperação do Pavilhão Gimnodesportivo e Estádio das Laranjeiras, etc…

E é disto que é preciso falar a partir de agora…do Futuro.

“Rei Morto, Rei Posto”.

Terminado este mandato há que pensar no próximo.

Novo Ciclo, Nova Vida.

Nova vida para a Assembleia Municipal. É preciso reformular profundamente o Regimento da Assembleia Municipal. Esperamos que haja maior abertura para uma reforma que facilite os debates, que permita que nada fique por esclarecer quando as dúvidas ficam no ar. Isto de haver protagonistas que têm sempre a última palavra sem contraditório e ainda outros, que embora presentes, não podem abrir a boca para se defenderem, tem que acabar. Isto não é Democracia. Esperamos que haja maior transparência na divulgação dos debates e das decisões da Assembleia Municipal. Porque não filmar a Assembleia Municipal e divulgar através da Internet? Porque não difundi-la em direto pela rádio?

Esperamos que se consiga uma melhor articulação interpartidária, nomeadamente nas reuniões de líderes, e entre estes e o próximo executivo. Maior debate, maior partilha, mais flexibilidade. Muito deste trabalho pode ser feito antes mesmo da apresentação na Assembleia. Trabalho para as comissões temáticas, previstas no nosso Regimento mas que nunca funcionaram.

Temos uma convicção. O nosso concelho e as suas instituições têm que ser revitalizadas e credibilizadas, incluindo a Assembleia Municipal.

Temos que ser conhecidos pelas coisas boas que teremos que criar incluindo o relacionamento interpartidário. Temos esperança que o próximo executivo seja verdadeiramente diferente e mais democrático.´

O concelho de Paredes, o 27.º maior concelho em população, entre os 308 concelhos do país, precisa realmente de uma mudança, mas de uma “mudança de verdade”. Precisa de uma mudança de paradigma, mudança de política, de metodologia e na nossa opinião, tal não se fará sem mudança de protagonistas.

Além da satisfação da vontade popular, alivio das suas despesas com impostos e taxas, há que juntar a revitalização da nossa cidade de Paredes, sede do concelho e a unificação de todo o concelho em volta da marca PAREDES.

Esperamos que o próximo executivo, seja ele qual for, tenha coragem de pegar nos verdadeiros problemas estruturais deste concelho:

  1. Renegociar o negócio das águas e do saneamento em baixa,
  2. Promover a mudança de metodologia no financiamento e execução das obras públicas,
  3. Implantar a transparência pública nas contas e concursos públicos,
  4. Promover a partilha das decisões com as juntas de freguesia,
  5. Executar programas a quatro anos e não apenas nos últimos seis meses do mandato,
  6. Tratar da resolução urgente do realojamento da comunidade cigana, de forma digna e partilhada,

Afinal, não está tudo feito. Muito há para fazer. Sim, é necessária a mudança, mas com verdade e de verdade.