No passado fim de semana tiveram lugar as eleições europeias.

Historicamente estas eleições, não obstante a importância primordial que representam para a nossa vida colectiva, não é compatível como seria desejável com a participação eleitoral.

Este ano, e mais uma vez, não foi excepção, tendo a abstenção atingindo máximos históricos.

Não irei entrar em leituras nomeadamente no que ao resultado deste escrutínio diz respeito, porquanto cada eleição como se sabe tem um cariz muito peculiar, e, por conseguinte, inverter, subverter ou extrapolar dados por mais favoráveis ou desfavoráveis que sejam, são actos de pouca lucidez e clarividência que entram em contradição com as análises sociológicas e resultados dos diferentes escrutínios ao longo de dezenas de anos.

Contudo, do ponto de vista, diria mais partidário que Politico, há naturalmente que compreender que aqueles que ganham, tentem criar uma onda galvanizadora, com o propósito de dinamizar as hostes, criar ondas positivas e sinergias com vista a que se possa replicar a vitória de outros em actos eleitorais nos quais sejam ou venham a ser parte integrante.

Por seu turno, aqueles que saem derrotados, fazem o discurso trivial que as eleições são diferentes, e como tal, a população distingue as votações de acordo com os protagonistas que têm pela frente.

Nada de novo neste particular!

Diria apenas, que este acto eleitoral, castigou e bem, os protagonistas que entraram numa campanha de maledicência, o que é revelador, que seja em que tipo de eleição for, a crítica por crítica estará sempre votada ao insucesso.

Gostava, todavia, de salientar um aspecto muito positivo e relevante nestas eleições, que se prende com a votação dos nossos concidadãos da diáspora.

Com o recenseamento automático ainda que não obrigatório, o universo eleitoral das nossas comunidades pelo mundo, passou de cerca de 300 mil eleitores para aproximadamente um 1 milhão e 400 mil eleitores.

Esta reforma conduzida pelo (MNE) através da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas em articulação com o Ministério da Administração Interna e os serviços respectivos de ambos os ministérios, possibilitou que no passado domingo os portugueses residentes no estrangeiro triplicassem o número de votantes.

Esta reforma que foi apelidada como uma das maiores reformas dos últimos 40 anos, permite que se pratique uma efectiva e verdadeira cidadania, em condições de igualdade de tratamento entre cidadãos residentes e não residentes no nosso Portugal.

Exemplificando:

Se compararmos o número de votantes nas eleições europeias de 2014, em Paris, votaram 205 concidadãos nacionais, já em 2019 votaram 764, o que representa um aumento de 272% na participação eleitoral.

Por sua vez em Londres, se em 2014 foram às urnas 77 portugueses, em 2019 foram votar 446, representando um aumento de participação eleitoral na ordem dos 479%.

Em São Paulo, se em 2014 foram às urnas 509 votantes, já no passado domingo votaram 1113, traduzindo-se  num aumento de 118%.

Em Toronto, em 2014 votaram 19 nacionais, em contraponto com 2019 onde votaram 115, consubstanciando um aumento de 1352 por cento.

Em Luanda, em 2014 participaram nas eleições 18 portugueses, já em 2019 votaram 276, significando um aumento de 1433 por cento.

Apenas alguns exemplos, de muitos outros que podia elencar, que ilustram bem, que na nossa diáspora houve um significativo aumento na votação nestas eleições, sendo ainda necessário percorrer um longo caminho, para que se optimizem os meios e as melhores condições para se votar em quantidade e em qualidade, mormente reduzindo as distâncias, e aumentando ainda mais os locais de voto.

Num contexto de muita abstenção, em que aqueles que ficaram “em casa” é muito superior aos que foram às urnas, destaco com inegável agrado que nas nossas comunidades, o paradigma inverteu-se, sendo gratificante e reconfortante vermos que muito do trabalho que foi feito valeu a pena, coroado de resto com uma significativa participação de concidadãos nacionais que elevam bem alto o nome de Portugal em todo o mundo!

Bem hajam!