22 de Junho de 2016. Para muitos é só mais um dia no calendário, mas para 43 pessoas do concelho de Valongo esta data tem um sabor especial. É o dia que marca o arranque de uma nova vida. Esta quarta-feira receberam das mãos do presidente da Câmara Municipal de Valongo as chaves para a nova casa, uma habitação social. Para muitos o molhe de chaves hoje recebido fará toda a diferença num futuro que hoje começou.
Para as 15 famílias beneficiadas é um virar de página na vida, em muitos casos marcados por situações complicadas, não só financeiras. As lágrimas que caíram pelo rosto de Fernanda Pesqueira, de 46 anos, quando recebeu as chaves para um T3 no Bairro de Sampaio, em Ermesinde, são facilmente justificadas. Quando há 20 anos estava já viúva e tinha dois filhos a seu cargo candidatou-se a uma casa da câmara. Não foi contemplada. Entretanto, conta, encontrou um companheiro com quem teve mais dois filhos e viveu junto 17 anos. Nos últimos oito anos foi vítima de violência doméstica. Os problemas de saúde do filho mais novo, hoje com 13 anos, entre os quais paralisia cerebral e doente celíaco, fizeram com que Fernanda tivesse “medo de viver sozinha”, pensando que não teria capacidade para tratar dos filhos sem a ajuda do companheiro. Em Setembro de 2015 chegou a coragem de colocar um ponto final à violência de que era vítima e com a ajuda da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima saiu de casa com os três filhos que tem ainda a seu cargo, com idades compreendidas entre os 24 e os 13 anos. Alugou um T3 por 275 euros. O valor exacto que recebe mensalmente de Rendimento Social de Inserção. Da Câmara Municipal de Valongo recebia já o apoio alimentar, que garantia duas refeições diárias. Fernanda Pesqueira não tem emprego desde que nasceu o filho mais novo. Há um mês pediu novamente ajuda à Câmara de Valongo, sempre com o apoio e intervenção dos técnicos da APAV. A resposta foi célere e agora “a vida muda toda”. Vai para Sampaio para um T3 pagar uma renda de 9.90 euros, o que deixa mais disponibilidade financeira para atender às necessidades do filho mais novo. Hoje as lágrimas são de felicidade!
Dar “condições de conforto e dignidade”
Na entrega das 15 habitações sociais a 43 pessoas carenciadas, incluindo 16 crianças, o presidente da autarquia, José Manuel Ribeiro, destacou o “esforço” do município e da comunidade para disponibilizar estas casas e dar “condições de conforto e dignidade”. “Este é um esforço que fazemos, e bem, para que todos tenham uma habitação e assim dignidade”, acrescentou, salientando que com a entrega destas 15 habitações, no actual mandato já foram realojadas pela Câmara Municipal de Valongo 70 famílias, num total de 185 pessoas, e num investimento global superior a meio milhão de euros. Segundo afirmou, a recuperação de cada casa deixada vaga pelos anteriores ocupantes custa em média oito mil euros. As 15 famílias serão realojadas em casas de diferentes tipologias (T1 a T4) em urbanizações localizadas em Alfena, Campo, Ermesinde, Sobrado e Valongo. As rendas variam entre os 4,19 e os 153,20 euros. José Manuel Ribeiro destacou ainda a existência de uma lista de 900 famílias que pediram habitação social. Um número ao qual a autarquia não pode responder já que não dispõe de casas em número suficiente para as necessidades. Ainda assim, a autarquia e a Empresa Municipal Vallis Habita procuram dar resposta aos casos mais dramáticos.
