De há muito tempo a esta parte que venho demonstrando publicamente o meu total desacordo com a estratégia de promoção e política de comunicação para a indústria de mobiliário de madeira que a nossa autarquia tem colocado em prática. As razões mais importantes para este meu desacordo são também públicas (e nunca me cansarei de as repetir!):

  1. O surgimento de um novo namimg, sem sequer qualquer tipo de coerência gráfica com a “nossa” marca Capital do Móvel cria “ruido” desnecessário no mercado – alvo, cada vez mais concorrencial e competitivo, como se pode verificar na diminuição de fluxos populacionais que visitam o nosso território com o objectivo de comprar mobiliário;
  2. A (fraca) tentativa de explicar a utilização do novo slogan no mercado externo é totalmente atabalhoada e fica ferida de credibilidade de cada vez que a usam no mercado interno, tal como no passado fim-de-semana quando a usaram para “tapar” o espaço de um festival organizado pela Câmara Municipal (recordo que a Câmara Municipal em 2008 teve a oportunidade de usar gratuitamente o mesmo método de comunicação no espaço VIP na Alfândega do Porto do Red Bull Air Race e, em conjunto com a AEPF, publicitou a Capital do Móvel para que os potenciais compradores, nacionais e estrangeiros, no local ou na TV, conhecessem a marca de Paços de Ferreira);
  3. Esta dispersão de comunicação, que no fundo não representa mais nada que não a ambição de deixar um “selo” pela passagem pelo poder por parte do PS (que vai ser infrutífero) representa um duplo desperdício:

i) de dinheiro, porque por mais que se gaste, nunca terá a importância e a capacidade agregadora do nosso tecido empresarial que a Capital do Móvel “original” demonstrou ter;

ii) de tempo, porque estamos a desperdiçar todo um esforço feito por uma comunidade de empresários, de colaboradores das empresas e dos vários agentes historicamente envolvidos neste desígnio municipal (com mais de 35 anos) que foi a construção da Capital do Móvel.

Para a maioria que governa a nossa Câmara Municipal a “Capital do Móvel” não existe durante 50 semanas do ano. No vocabulário da autarquia, a Capital do Móvel apenas surge nas inaugurações do certame, em Abril e em Agosto, por mera conveniência populista e de uma forma totalmente alheada da realidade que, metros ao lado, ano após ano, se vai verificando: são cada vez menos as empresas do nosso concelho que participam no certame. Esta dura realidade deve ser reconhecida por todos os agentes envolvidos, nomeadamente a Direcção da Associação Empresarial de Paços de Ferreira.

Devo confessar que os discursos “cor-de-rosa” que normalmente são feitos nestas alturas são típicos de uma relação paternalista e que, não tenho dúvidas, em nada nos ajudarão a mudar o “estado de arte” da Capital do Móvel. Recordo-me bem dos discursos feitos por ocasião das inaugurações passadas por parte de autarcas e dirigentes associativos nos quais os governantes que por cá passavam saíam de “orelhas a arder” tais as exigências que lhes eram feitas e a assertividade dos discursos.

Pois esta Capital do Móvel teve uma novidade: quem terá saído deste evento com as “orelhas a arder” foi o Sr. Presidente de Câmara e a maioria socialista, tão grande que foi o “puxão de orelhas” que foi dado pelo Ministro da Defesa que inaugurou o certame! As palavras que verbalizaram o “raspanete” são elucidativas: “Onde quer que estejam nunca se atrevam a desperdiçar a referência Capital do Móvel-Paços de Ferreira porque isto vale ouro!”

Vamos lá ver se é desta que as coisas mudam.