Um dos poucos jornais satíricos que Portugal tem no hodierno (pelo menos com maior circulação por ser um suplemento do Público), o Inimigo Público, publicou um cartoon na sua capa. Tal desenho tem subjacente um título de “André Ventura contra pena de morte porque depois de mortos é impossível haver castração”. Para o leitor que não viu a publicação, é um desenho com oito pessoas, em fila, com tochas nas mães e máscaras colocadas a fazer lembrar André Ventura (numa alusão à dita manifestação da extrema direita em frente à sede da SOS Racismo). As ditas pessoas no desenho estão vestidas das mais variadas formas e, um deles, está fardado de azul.

No mesmo dia, a PSP publicou nas redes sociais um comunicado a informar que iria exercer o direito de queixa por entender que o cartoon ofende a credibilidade, o prestígio e a confiança devidos à instituição. O mesmo é dizer que, a PSP entende que foi praticado o crime de ofensa a organismo, serviço ou pessoa coletiva, previsto e punido nos termos do artigo 187.º do Código Penal.

É importante referir que este comunicado vem no seguimento da posição assumida na manhã desse mesmo dia pelo “Movimento Zero”, aquele movimento sem rosto que costuma levar Ventura ao colo…

Isto leva-nos a algumas conclusões…

Desde logo, a sátira morreu e o lápis azul voltou por via daqueles que usam a dita farda azul! Só os imbecis que não sabem o que é e representa uma técnica literária e artística se dão ao desplante de emitir um comunicado como aquele que a PSP emitiu. Isto ao ponto de colocar em causa alguns dos mais basilares princípios constitucionais. Isto sim, é vergonhoso para esta Instituição; isto sim, afeta a credibilidade, o prestígio e a confiança na PSP… e muito!

Depois, é por demais evidente que Magina da Silva tem medo do movimento interno dos sem rosto. O facto de termos um movimento na PSP de polícias que não se identificam diz muito sobre a coragem, os princípios e a hombridade daqueles que fazem parte do dito movimento e que, certamente, refletem no seu trabalho quotidiano tais características.

Por último, é mister que se diga que era melhor que Magina da Silva se preocupasse mais com tantas outras coisas que afetam a PSP ao invés de estar a perder tempo a olhar para uma caricatura satírica… Continuamos a ter uma “PSPzinha”, comichosa e deambulante, em vez de uma PSP que afirme aquilo que deveria ser. E esta “borrada” de final de semana destrói mais que um milhão de boas ações!