Estamos praticamente a um ano das próximas eleições autárquicas e, não fosse o actual estado de pandemia, as disputas políticas já se fariam sentir com mais intensidade. Os únicos sinais que se vão sentindo dessa corrida são os das oposições a arrumarem as suas casas.

Em Paços de Ferreira, o PSD parece, finalmente, ter encontrado um rumo. Depois de as últimas eleições internas terem ficado assinaladas por falta de candidatos, Alexandre Costa, o empresário que é o presidente da Junta de Freguesia de Paços de Ferreira, decidiu assumir a candidatura à Comissão Política Concelhia e voltar a trazer para a militância activa alguns quadros do partido que se mantiveram à margem da anterior liderança.

Alexandre Costa aparece com vários factores que jogam a seu favor: não tem qualquer ligação com a gestão do PSD que esteve no poder durante mais de 30 anos (não quer dizer que não se identifique com o projecto político que vigorou, mas, ao não ter estado envolvido nele directamente, retira ao PS argumentos para vir a ser atacado) nem é visto como um fervoroso apoiante do anterior líder concelhio (foi até critico da posição que o seu partido tomou quando este se manifestou contra a atribuição de refeições escolares gratuitas a todos os alunos do concelho). Para além disso, tem reputação de pessoa honesta, empresário bem-sucedido e político local que soube sempre fazer oposição de forma construtiva, chamando a atenção para o que lhe parecia errado e não se coibindo de elogiar o que lhe parecia que estava a ser bem feito.

É provável que Alexandre Costa esteja a fazer projectos eleitorais com uma antevisão de cinco anos: melhorar o resultado do PSD no próximo ano (basta que não diga nada e isso está garantido) e, nas eleições seguintes, a que Humberto Brito já não se poderá candidatar, apresentar-se às urnas.

Para os socialistas, o aparecimento da candidatura de Alexandre Costa deverá ser um motivo de reflexão, já que, ao entrar na corrida um candidato a sério, o processo de “sucessão” do actual presidente da câmara terá de ser encarado com outro espírito e outro respeito pelos contendores. E se o PS local continuar com a guerra interna provocada pelo ex-número dois de Humberto Brito, o plano a cinco anos de Alexandre Costa pode muito bem concretizar-se mais cedo.