Uma auditoria às contas da Junta de Freguesia de Cete está a tornar muito tenso o ambiente político em Paredes. Isto porque, ao início da noite da passada sexta-feira, o PSD/Paredes exigiu a demissão de Alexandre Almeida de todos os cargos que este ocupa no PS, justificando tal pedido com o facto de ter sido a empresa deste vereador socialista a escolhida para realizar a auditoria aprovada pelo próprio PS.

Já na tarde deste sábado, o mesmo Alexandre Almeida abandonou a Assembleia Municipal e foi seguido por toda a bancada socialista. O também líder da Comissão Política Concelhia reagiu assim ao facto de não ter sido autorizado a defender a honra depois de voltar a ser atacado por elementos do PSD.

 

Empresa do socialista Alexandre Almeida realiza auditoria exigida pelo PS

O caso tem origem numa Assembleia de Freguesia de Cete, na qual o PS, beneficiando da abstenção dos membros do PSD e da CDU, pediu e aprovou uma auditoria às contas da autarquia. Logo nessa altura ficou acordado que seriam os socialistas a indicar, e também a pagar, a empresa responsável pelo trabalho. E uma técnica chegou a estar na sede da Junta de Freguesia para começar o trabalho. “Mas quando eu analisei com mais cuidado o currículo da técnica, verifiquei que ela era funcionária da empresa do Alexandre Almeida. Já não permiti que ela voltasse a analisar os documentos”, explicou, durante uma conferência de imprensa realizada na sexta-feira, o autarca de Cete, Tomás Correia.

Na mesma altura, José Cruz leu um comunicado em nome de todos os presidentes de junta sociais-democratas que refere que “Alexandre Almeida neste processo não parece sério” tendo em conta “a ocorrência” ser um “inaceitável atentado à legalidade”. “[Alexandre Almeida] não pode é ser juiz em causa própria, porque isso viola os mais básicos princípios do direito, designadamente o da legalidade, o da imparcialidade, o da transparência e o da boa-fé”, acrescentou José Cruz.

Lembrando que uma auditoria só pode ser realizada pela Inspecção Geral de Finanças, Tribunal de Contas ou por uma empresa contrata pela Junta de Freguesia, o PSD/Paredes exigiu “a demissão de Alexandre Almeida dos cargos que ocupa no PS/Paredes pelo grosseiro desrespeito pelas leis da República Portuguesa”. O presidente da Comissão Política Concelhia do PSD/Paredes, Adriano Campos, falou mesmo em “terrorismo político” e em mais um ataque “ao bom nome dos presidentes de junta”.

 

Tema discutido na Assembleia Municipal

Um dia depois da conferência de imprensa, o mesmo assunto foi discutido na Assembleia Municipal. O tema foi levantado pelo social-democrata Luciano Gomes, que voltou a atacar Alexandre Almeida. Este, sentado na mesa dedicada ao executivo municipal, pediu autorização ao presidente da Assembleia Municipal para defender a honra e Granja da Fonseca perguntou ao presidente da Câmara Municipal se permitia que o vereador subisse ao púlpito. Celso Ferreira recusou a pretensão do líder da oposição e Alexandre Almeida saiu da sala. Acto contínuo, todos os membros da bancada do PS seguiram-lhe as pisadas e também abandonaram a Assembleia Municipal.

O PS já anunciou para esta segunda-feira uma conferência de imprensa para abordar o assunto.