O problema mantém-se nos últimos meses: cheiros nauseabundos, dejectos sólidos, água acastanhada e muitos insectos. O Rio Ferreira, em Lordelo, Paredes, tem estado transformado num autêntico “esgoto a céu aberto”, queixa-se a população. Em causa estão as obras de remodelação e ampliação da ETAR de Arreigada, em Paços de Ferreira. As descargas para o rio têm acontecido apenas com um tratamento primário de resíduos.

Para esta quarta-feira, Dia Mundial dos Rios, está agendada uma vigília pelo Rio Ferreira. Os participantes são convidados a trazer velas, roupa preta/escura e máscaras ou golas. O ponto de encontro é a Alameda de São Salvador, pelas 21h00. Seguir-se-á uma marcha pelo circuito junto ao rio.

Obra só deverá estar concluída no final de Outubro

A iniciativa é organizada pela plataforma “Mataram o Rio Ferreira”, um grupo de pessoas que se juntou na rede social Facebook para documentar e não deixar cair no esquecimento o problema vivido.

A página nasceu em Julho, quando a poluição se agudizou e tem-se mantido activa desde essa altura. “Temos partilhado imagens e vídeos de tudo o que está a acontecer com o Rio Ferreira. Um dia queremos responsabilizar alguém. Todo o saneamento de Paços de Ferreira está a ir para o rio passando apenas por um tratamento básico. Isto é um crime ambiental e põe em causa a saúde pública”, sustenta Nadine Gonçalves.

“As pessoas sentem-se impotentes e querem fazer alguma coisa. Daí nos termos lembrado de fazer algo simbólico neste Dia Mundial dos Rios para alertar para o problema que o nosso rio está a ser vítima. Esperam a participação de dezenas de pessoas, não só de Lordelo, mas dos concelhos vizinhos. Esta causa não é só de Lordelo, deve ser de todos”, defende.

“Ninguém faz nada e até ao arranque da nova ETAR tudo vai continuar na mesma. Lamentamos que ninguém tenha feito nada para travar isto”, acrescenta ainda Nadine Gonçalves.

Recorde-se que, nos últimos meses, a população queixa-se de descargas sucessivas, apenas com tratamento primário de resíduos. Há dejectos visíveis e cheiros que não permitem, por exemplo, abrir janelas, e estão a matar a fauna e flora do rio. O presidente da junta de freguesia já afirmou que “alguém vai ter de pagar por este crime ambiental”.

Recentemente, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) – Administração de Região Hidrográfica do Norte sustentou que só quando a nova ETAR entrar em funcionamento é que devem terminar os problemas no rio. “Para a execução da empreitada, houve necessidade de adequar o sistema de tratamento, encontrando-se apenas em funcionamento o tratamento primário”, explicava esta entidade.

Segundo a Câmara de Paços de Ferreira, responsável pelo investimento de 5,1 milhões de euros em curso, tudo decorre dentro da legalidade e normalidade e o prazo de conclusão da obra é final de Outubro.