POLÍTICA PARA TOTÓS: Flores…em abril

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Hoje apetecia-me escrever sobre a diferença entre estar na oposição e ser poder, sobre passivo e dívida, sobre os “milagres financeiros” das gestões autárquicas, sobre fazer parques de estacionamento em cima dos rios, sobre as subtilezas da linguagem e as suas consequências quando deixas de dizer que vais fazer um multiusos e passas a dizer que vais requalificar o pavilhão gimnodesportivo de Paredes, sobre a prioridade da construção de uma piscina ao ar livre quando passas a dispor de um passe de 40 euros, sobre os enganos a que te tentam levar os que dizem que vão salvar o sul do concelho e “obram” sempre nas outras freguesias. De fora ficam ainda os emplastros da política que, em dia de Páscoa, se juntam ao compasso para aparecerem nas imagens que as redes sociais se encarregam de difundir sem explicar. E que figuras fazem à procura de grandes planos!

Enfim, extensa seria a lista dos assuntos de interesse coletivo que devem merecer a nossa reflexão e vão ficando para trás. Mas não ficam esquecidos. Aliás, permitem que os estudemos melhor e deles possamos falar noutras alturas sem termos de escrever o que os outros nos mandam ou gostariam que escrevêssemos mesmo quando concordamos com eles.

E assim, sem fim, cada um destes assuntos dava um texto opinativo. Também assim se pode ver como, por muito que se diga fica sempre muito por dizer, sobretudo quando se estudam os assuntos e se vivem com intensidade os deveres da cidadania ativa.

Apesar da importância dos “assuntos pendentes” não seriamos capazes de viver este tempo sem nos lembrarmos desta data. Por isso, esqueçamos tudo o que fica escrito e façamos este exercício fácil de olhar o que resta deste texto. Que cada um, para si, tente entender se percebeu o que o 25 de Abril lhe devia ter ensinado.

Flores….em Abril

Passam quarenta e cinco anos sobre aquele dia. Embora, sem verdades absolutas, ele consolidou algumas ideias.

Hoje, recorda a fábula da vaca, da cabra e da ovelha, que só se alimentando de erva, se aliaram ao leão que só come carne.

Hoje, pensa ele, que não será ajuizado, em tropel de carneirada desenfreada, ir atrás de qualquer chefia.

Hoje, relembra também a outra fábula do burro que, com a sabedoria que lhe é peculiar, disse: assim como assim, qualquer dono me serve. Assim falou o burro da fábula. Ao que se sabe, falou assim porque é burro.

Hoje, para ele, Camões se é modelo de alguma coisa, é só modelo de poesia e liberdade.

Hoje, é imprescindível que o destino dos mais fracos não continue a ser ditado pelos mais fortes.

Hoje, construímo-nos sendo o que somos.

Hoje, a utopia e o sonho continuarão a fazer parte do mundo. Se assim não for o mundo será um deserto.

Hoje, cada um de nós, tem os seus hábitos e…só tem os que quer.

Hoje, todas as crianças nascem livres e iguais em direitos. E depois?

Hoje, só é verdadeiramente homem livre aquele que se dá ou se recusa, mas que nunca e a nada se presta.

Hoje, recebam um enorme braçado de rosas, cravos e violetas. Que cada um escolha a flor de que mais gosta…hoje.

 

P.S. este texto foi escrita na íntegra por mim e a parte final foi inspirada por alguém que respeito imenso. Não se trata, portanto, de plágio.