Pandemia: nós e os outros

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Os últimos números sobre a pandemia são assustadores. Para o país e particularmente para a região.

Paredes, colocado nas estatísticas, não se sabe bem se na região do Tâmega e Sousa ou se na Área Metropolitana do Porto, está, como os outros concelhos da região, no topo das preocupações.

Se olhado, como aparece nas estatísticas, na Área Metropolitana do Porto (AMP), com o aumento registado de mais de 240 casos na última semana, estará na cauda da AMP, porque somos dos menos populosos e dos mais infetados quando comparados em número de habitantes. Se olhado como concelho do Vale do Sousa – é o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que serve Paredes- a coisa mantém-se perigosa. A melhor comparação só pode ser feita com os concelhos da região que têm a mesma população ou aproximada. Penafiel é o concelho onde o número de habitantes se aproxima mais de Paredes e tem quase metade de infetados.

Mas, para que interessam estas comparações? Para nós, como o vírus não olha a fonteiras ou às delimitações geográficas dos concelhos, só nos serve para uma constatação: estamos na região mais perigosa do país no que ao número de infetados diz respeito e, se assim é, também nós devemos ter alguma culpa nisso.

O Risco de Transmissão (RT), agora tão esquecido pelas entidades e autoridades oficiais, é talvez o elemento de análise que mais nos importa neste momento. Risco de Transmissão (RT), para os que já se esqueceram do que é, serve, entre outras coisas, para percebermos quais as possibilidades de transmissão do vírus, ou seja, em linguagem simples, qual a possibilidade de  cada um de nós tem de contaminar ou ser contaminado. Dizia-se, e presumimos que ainda seja assim, que o valor do RT deve ser inferior a 1(um). Quer isto dizer que se o valor for inferior é quase nula a possibilidade de contaminarmos outros. Acontece que, por exemplo, Paredes, com quase mil infetados numa população de cerca de 80.000 habitantes, tem um RT próximo de 1,2. Dito doutra forma: cada infetado, potencialmente, pode infetar 2.  Mau. Muito mau.

Seja como for, o que nos interessa agora, em primeiro lugar, é continuar a cumprir, por respeito aos outros a e mim, as regras simples a que estamos obrigados: usar sempre máscara ( nós usámo-la em todas as circunstâncias desde que fora de casa); manter a distância de mais de 2 metros, se possível (em contexto de sala de aula não dá); lavar/desinfetar frequentemente as mãos ao longo do dia.

O que mais nos irrita?

Entre outras coisas, constatar, como acontece em Paredes todos os dias, a balbúrdia nos transportes escolares com as camionetas ilegalmente sobrelotadas, os alunos continuarem a ir para as escolas em “carreiras” normais e a chegarem encharcados às aulas, quando chove. Enquanto isso, os nossos autarcas continuam a passear-se em luxuosos carros comprados com o nosso dinheiro, com carro e motorista a irem buscá-los a casa. Iam lá trabalhar, como nós, pelos seus meios próprios!

Pior do que isso, só ver essa gente a esbanjar o dinheiro renovando a frota das mordomias, carros que custam muitos milhares de euros e são só para eles, e nem um tostão gastam para melhorar o transporte dos milhares de crianças que diariamente têm de frequentar a escola. Não foi para isso que os elegemos nem eles a isso têm direito.