Paços de Ferreira: Subiu escadório com filho ao colo para mostrar que os bombeiros “não levam apenas quilos às costas, mas também a família”

Hélder Oliveira foi um dos mais de 800 bombeiros que, sábado, participou na prova dos Escadórios da Humanidade, no Bom Jesus, em Braga, com um menino ao colo

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“Levei o meu filho ao colo para mostrar que os bombeiros quando saem do quartel, não levam apenas equipamentos e quilos às costas”, “mas carregamos também a família”. Foi assim que Hélder Oliveira justificou ao Verdadeiro Olhar o facto de, no passado sábado, ser um dos mais de 800 soldados da paz que subiram 566 degraus do escadório do Bom Jesus de Braga. Só que o bombeiro da corporação de Paços de Ferreira, além de levar o equipamento às costas, carregou também o filho Luís, com nove meses.

A prova consistia em subir os escadórios do Bom Jesus, com o material de combate a incêndios, o que o torna um verdadeiro evento de resistência. Conhecida em todo o mundo, nesta edição, participaram bombeiros de Portugal, Espanha, Polónia, Roménia Ucrânia, Brasil, Cabo Verde, Alemanha e Inglaterra, numa organização da Associação Família de Elite e pela ADN Eventos Desportivos, contando com a colaboração da Confraria do Bom Jesus do Monte, a Câmara Municipal de Braga e no apoio institucional esteve a da Unesco, da Liga dos Bombeiros Portugueses e dos Sapadores de Braga.

Este é o terceiro ano que Hélder Oliveira participa na iniciativa, sendo que o facto de levar 30 quilos, mais o pequeno Luís ao colo, fez com que a prova “fosse um pouco mais difícil”, confessou ao Verdadeiro Olhar. Fez o percurso em “14 minutos” e além de querer mostrar o trabalho que os bombeiros fazem, o pacense contou ainda que esta ideia também derivou de uma promessa que havia feito, depois de a mulher ter sofrido duas interrupções involuntárias de gravidez. Prometeu que, quando tivesse um filho, iria subiria o escadório com o bebé ao colo.

Com 27 anos, é bombeiro há cerca de cinco. Foi um colega de trabalho, que fazia parte da corporação, que lhe aguçou a curiosidade. Um dia trouxe-lhe a ficha de inscrição e desde este momento, tem uma relação com a corporação e com aquilo que ali faz que “não se explica”. Faltam-lhe as palavras para conseguir descrever como é ter esta missão.

Lamenta apenas que os jovens não se interessem muito pela causa dos bombeiros e que “seja difícil conquistar voluntários”. Trabalhar “pelos outros” apenas por amor, “é muito complicado”. Por isso mesmo, resolveu participar nesta prova chamando a atenção de todos, “talvez assim as pessoas se comecem a interessar mais pelos bombeiros e pelo trabalho que ali fazemos”, disse.

Nesta verdadeira prova de resistência, participaram várias corporações da região como de Paços de Ferreira e Freamunde, Penafiel e Entre-os-Rios, Ermesinde, Valongo, e Lousada.

De entre as participantes subiram o escadório “131 bombeiras”, como enumera a Liga dos Bombeiros, sendo que disputa foi ganha por Paulo Santos, operacional do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, como refere a organização, na sua página.

Os participantes transportaram o equipamento completo de proteção individual de bombeiro, “como o casaco de fogo, botas, calças, cogula, luvas, capacete e aparelho respiratório circuito aberto” e tiveram que subir “566 degraus, com a distância de 615 metros e um desnível positivo de 116 metros, num espaço classificado de Património Mundial pela Unesco”.

“É a primeira prova, em Portugal, que tem como pano de fundo um monumento português, um símbolo nacional” e o “prestígio e a dimensão internacional que alcançou” contribui para a promoção e classificação do Bom Jesus de Braga como património Mundial da Unesco, refere a organização.